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Ministério Público vai recorrer da absolvição de PMs que mataram pichadores

Dois homens foram mortos em 2014, na Mooca, na zona leste de São Paulo

Por R7 23/11/2017 20h56
Ministério Público vai recorrer da absolvição de PMs que mataram pichadores
Reprodução - Foto: Assessoria
O MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo) afirmou, nesta quinta-feira (23), que vai recorrer da absolvição dos cinco policiais militares acusados de matar dois pichadores em 2014, na Mooca, zona leste de São Paulo, e que foram absolvidos na quarta-feira (22) pela Justiça de São Paulo. Tomás Ramadan, promotor de Justiça do 1º Tribunal do Júri, espera ser avisado da sentença que absolveu os PMs para pedir o recurso. A intenção é levar o caso para que um júri popular decida o caso. A decisão de ontem foi assinada pela juíza Débora Faitarone, do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo), e diz que os policiais militares Amilcezar Silva, André de Figueiredo Pereira, Danilo Keity Matsuoka e Adilson Perez Segalla “agiram totalmente acobertados pela legítima defesa”, enquanto o também PM Robson Oliva Costa “não teve nenhuma participação nos fatos”. Segundo a denúncia do MP-SP, Amilcezar Silva e André de Figueiredo Pereira teriam atirado contra o pichador Alex Dalla Vecchia Costa, 32 anos, e que Danilo Keity Matsuoka e Adilson Perez Segalla teriam feito disparos de arma de fogo contra o também pichador Ailton dos Santos, 33. Os ferimentos resultaram na morte dos dois homens. Ainda de acordo com a denúncia, Silva e Pereira teriam combinado a morte de Costa, e Matsuoka e Segalla fizeram o mesmo em relação à Santos. O PM Robson Oliva Costa teria ajudado os outros policiais fornecendo "apoio moral aos executores". O MP-SP disse que as vítimas já estavam rendidas quando foram executadas pelos policiais Silva, Pereira, Matsuoka e Segalla e que o PM Costa teria ficado vigiando as vítimas deitadas de barriga para baixo no 12º andar e depois no 18º, onde teriam sido executados. A denúncia também afirma que os policiais tentaram induzir a perícia criminal para que fosse entendido que no local havia acontecido uma troca de tiros. Segundo o MP, os PMs colocaram duas armas no local como se elas fossem das vítimas que estariam cometendo um roubo no local. Para isso, os militares teriam retirado a mochila dos pichadores do local para confundir os peritos. De acordo com a decisão do TJ-SP, foram ouvidas 21 testemunhas e os réus foram interrogados no fim para que a decisão fosse tomada. Na fase policial, os PMs ficaram em silêncio. Em juízo, eles negaram "de maneira contudente" as afirmações do MP. No documento, a Justiça diz que "ao contrário das vítimas, os policiais militares, réus neste processo, no dia dos fatos, estavam trabalhando em defesa da sociedade", que os PMs nunca tiveram problemas funcionais ou administrativos na corporação e que eram réus primários.