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Corpos esquartejados encontrados em Novo Hamburgo são de crianças, indica perícia

Corpos foram colocados dentro de caixas de uma marca de sabão em pó produzida em Pernambuco, e que não é vendida no RS. Polícia divulga número para ajudar nas investigações

Por G1 07/09/2017 20h07
Corpos esquartejados encontrados em Novo Hamburgo são de crianças, indica perícia
Reprodução - Foto: Assessoria

A perícia adiantou para a Delegacia de Homicídios de Novo Hamburgo que os corpos encontrados esquartejados dentro de sacolas na segunda-feira (4) seriam de um menino e uma menina com idades entre 8 e 12 anos. As sacolas com os corpos estavam dentro de caixas de uma marca de sabão em pó que não é vendida no Rio Grande do Sul. Eles foram localizados em um ponto afastado da Rua Porto das Tranqueiras, no bairro Lomba Grande, na Região Metropolitana de Porto Alegre.

Apesar de faltarem partes dos corpos, a polícia conseguiu coletar as digitais deles. No entanto, por se tratarem de crianças, não significa que necessariamente possuem registro no banco de dados.

"Inicialmente se acreditava que se tratavam de uma mulher e um menino, mas informalmente o Instituto-Geral de Perícias (IGP) nos adiantou que se tratam de um menino de aproximadamente 8 anos, e uma menina de 10 a 12 anos", afirmou o delegado Rogério Baggio.

Dificuldade para identificação

A polícia já enviou as digitais para outros estados em busca de uma identificação. Foi divulgado ainda um número de Whatsapp (51 98416 8902) por meio do qual a população pode mandar informações que possam contribuir com a investigação.

"As impressões digitais que foram coletadas são de boa qualidade, mas não correspondem a nenhum padrão existente no IGP. Isso nos leva a crer que eles não fizeram RG ou não são do estado. Por isso, oficiamos os departamentos de identificação de outros estados", explica o delegado.

Conforme o delegado, escolas foram notificadas a repassarem informações sobre crianças que tenham faltado aula. No entanto, por conta da greve dos professores, ainda não se sabe quando a polícia terá acesso a esses dados.

Foram feitas ainda buscas no local para identificar câmeras de segurança que tenham registrado alguma movimentação. Mas o equipamento mais próximo fica a cerca de 3 km de distância, e apenas reproduz as imagens, sem gravação.

Os vizinhos mais próximos do local onde foram encontrados os corpos vivem a cerca de 700 metros de onde os dois foram encontrados, mas relataram à polícia que não viram qualquer movimentação.

É feita também uma varredura nos registros de crianças desaparecidas em todo o estado, uma vez que o crime pode não ter acontecido em Novo Hamburgo. "Pode ter acontecido em Canela, Esteio, Porto Alegre, pode ter acontecido em qualquer lugar", afirma o delegado ao exemplificar a dificuldade que a investigação tem enfrentado.

O menino e a menina estavam sem cabeça, e ele ainda não tinha um dos braços. Durante a semana, a polícia voltou ao local e percorreu uma área de 1,5 km na tentativa de encontrar as partes que faltavam. "Encontramos sacolas, mas todas com bichos mortos, porque, aparentemente, as pessoas jogam animais mortos ali", relatou Baggio.

A falta de identificação prejudica o avanço das investigações e, por isso, o delegado não descarta nenhuma hipótese por enquanto.

"Pode ser o sacrifício por parte de uma seita, um crime de vingança de uma facção contra outra, tendo em vista a violência e barbárie com a qual as quadrilhas têm atuado, obrigando as pessoas a cavarem a própria cova antes de serem mortas, pode ser um crime passional…. trabalhamos com todas as hipóteses", afirma Baggio.

Sabão em pó produzido fora do RS

Os corpos foram encontrados esquartejados e incompletos, dentro de sacos plásticos azuis que estavam dentro de caixas de sabão em pó. A marca é produzida em Pernambuco e, segundo a fábrica, não é vendida no Sul do país. Além disso, os corpos não estavam vestidos, e não foram encontrados sinais característicos.

"Essas caixas são de uma marca que não é comercializada no Rio Grande do Sul. Entramos em contato com a fábrica. Fomos também em tudo que é mercado, e não encontramos essa marca", afirmou Baggio. Segundo ele, o lote que consta na caixa não identifica onde o produto teria sido vendido.

Por conta dos indícios levantados até o momento, a polícia especula que os corpos sequer sejam do Rio Grande do Sul.

No entanto, o mais importante para a investigação neste momento é a identificação das vítimas, que poderá dar um ponto de partida para a elucidação do mistério.