Brasil
"Tenho amor", diz homem que vendeu casa para cuidar de cães abandonados na PB
Edimárcio cuida de 28 cães em um sítio de Monteiro, no Cariri da Paraíba; "Já morei na rua. Sei a necessidade de ter um endereço, ter um teto", afirma
Edimárcio sempre gostou de animais, desde criança. Mas foi quando chegou à idade adulta que seu amor pelos bichos levou a uma decisão: ele vendeu a casa onde morava com a família, no município de Monteiro, no Cariri da Paraíba, e se mudou para a zona rural para conseguir cuidar com melhor condições de animais abandonados, que moravam nas ruas da cidade.
Conhecido como Neguinho dos Cachorros, Edimárcio Pereira, de 33 anos, hoje cuida de 28 cães em sua propriedade. Segundo ele, eram mais animais, mas, por falta de remédios, alguns acabaram morrendo.
“Não tenho dó, não tenho pena, tenho amor. Também já sofri muito, já morei na rua. Sei a necessidade de ter um endereço, ter um teto. Os bichinhos não falam. Não sabem dizer o que estão passando. Quando vejo um animal na rua, lembro como era ruim pra mim e me sinto obrigado a tirar da rua”, garantiu.
Edimárcio já cuidava dos animais abandonados quando morava na cidade. Porém, sem um lugar adequado para abrigar todos, resolveu se mudar. “Tinha a casinha da gente, que conseguimos com muito sacrifício, mas o espaço era pouco. Eu queria ter espaço e condições para abrigar todos os animais, cachorro, gato, jumento...”, brincou.
Quando na cidade, Edimárcio trabalhava vendendo churrasco e trufas de chocolate, além de ser beneficiário de um auxílio-doença. Depois que foi para o campo, ele começou a fazer várias atividades. Além de cuidar dos cães, ele trabalha como agricultor, pescador, pintor, entre outros.
Outra forma de completar a renda é criando cães de raça para vender, como pinscher, poodle e labrador. Com o dinheiro que ele consegue com a comercialização de filhotes, ele consegue cuidar de cães vira-lata que moravam na rua, tratar das doenças deles e conseguir um novo lar para eles por meio da adoção.
“Tem uns que a gente se apega, os primeiros, de muito tempo, que não consegue mais doar. Tem deles que morreram de velhos na nossa mão. Veio machucado, ferido, e a gente cuidou até ficar velhinho. E tem a Mini, que é uma pinscher. Ela dorme comigo e com minha esposa, só falta falar, é a dona de tudo, um xodó”, comentou Edimárcio.
Alguns veterinários da região fazem consultas gratuitas, mas Edimárcio ainda tem que arcar com os custos de medicação e alimentação dos cães. “Por serem muitos cachorros, se torna uma quantia significante de remédios”, comentou.
Para ajudar no cuidado dos animais, foi criada uma campanha de financiamento coletivo na internet. O objetivo é chegar aos R$ 5 mil em doações.
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