Brasil
Cunha depõe na Polícia Federal de Curitiba e nega que "vendeu silêncio"
Deputado cassado foi questionado sobre conteúdo da delação da JBS
O deputado cassado e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) prestou depoimento por cerca de 1h30 na sede da Polícia Federal (PF), em Curitiba, nesta quarta-feira (14). Ele falou no inquérito que investiga o presidente da República Michel Temer (PMDB).
Ao deixar a PF, o advogado de Cunha, Rodrigo Rios, disse que ele reafirmou que "o silêncio dele nunca esteve à venda" e que nunca foi procurado por Temer ou interlocutores do presidente para comprar o seu silêncio. "Ele negou categoricamente", disse Rios.
Cunha chegou à PF por volta das 10h, mas o depoimento estava marcado para as 11h. Ele só entrou em uma das salas às 11h15. Segundo o advogado Rodrigo Rios, foram feitas 47 perguntas ao deputado cassado e ele respondeu as que eram relacionadas ao conteúdo da delação dos donos do frigorífico JBS, homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Na delação, o empresário Joesley Batista entregou a gravação de uma conversa com Temer na qual afirma que o presidente deu aval para que ele continuasse pagando Cunha, para que ficasse em silêncio e não fizesse um acordo de delação.
Segundo Rios, Cunha não respondeu aos questionamentos relacionados ao suposto recebimento de propina por parte de empresas interessadas em obter empréstimos do Fundo de Investimentos do FGTS, por ser um tema que não faz parte do inquérito que investiga Temer.
O advogado de Cunha afirmou que o ex-deputado prestou depoimento como declarante. O deputado cassado saiu do prédio da PF por volta das 13h55.
Condenado pela Operação Lava Jato a 15 anos de reclusão, Eduardo Cunha está detido no Complexo Médico-Penal em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. Ele foi preso em outubro de 2016.
Acesso aos depoimentos
Na terça (13), a defesa de Eduardo Cunha pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para ter acesso às gravações que integram a investigação sobre Michel Temer antes de depor à Polícia Federal sobre o caso.
Eduardo Cunha, porém, queria ter acesso ao material da investigação com 48 horas de antecedência para poder responder às perguntas com ampla defesa – o que poderia adiar o depoimento, caso o pedido fosse aceito pelo Supremo.
Em março deste ano, Michel Temer foi gravado pelo dono da JBS, Joesley Batista, numa conversa em que, segundo a Procuradoria Geral da República (PGR), deu aval para pagamentos a Cunha com o objetivo de convencer o ex-deputado a não fechar acordo de delação premiada.
O presidente nega as acusações, diz que não teme delações e afirma que jamais atuou para beneficiar a JBS no governo.
Em uma carta escrita da prisão, Cunha afirmou que não teve o silêncio comprado e que nunca pediu nada a Temer.
Nesta semana, o ministro Edson Fachin concedeu cinco dias para a PF concluir o inquérito sobre Temer, prazo que vence na segunda-feira (19).
Depois, se avaliar que há provas contra o presidente, caberá à PGR oferecer uma denúncia; caso contrário, poderá pedir o arquivamento do caso.
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