Brasil
Polícia faz operação contra tráfico e Doria diz que Cracolândia "acabou"
Ação teve 38 presos; usuários também foram atingidos pela operação
Mais de 900 agentes das polícias Civil e Militar começaram por volta das 6h30 deste domingo (21) uma grande operação na região da Cracolândia, no Centro de São Paulo, final de semana da Virada Cultural. Ao menos 38 pessoas foram presas e um usuário ficou ferido.
Para o prefeito de São Paulo, João Doria, a Cracolândia "acabou". "A Cracolândia aqui acabou, não vai voltar mais. Nem a Prefeitura permitirá, nem o governo do Estado. Essa área será liberada de qualquer circunstância como essa. A partir de hoje, isso é passado. Vamos colocar câmeras de monitoramento", disse. Segundo ele, os hotéis do programa "Braços Abertos", que atendiam os usuários, da gestão de Fernando Haddad, serão destruídos.
Em outra coletiva, pouco depois, Doria relativizou e afirmou que o problema não será resolvido facilmente. "Não vamos conseguir acabar com um problema histórico, mas vamos reduzi-lo sensivelmente e acabar com o shopping center ao ar livre vendendo drogas 24 horas por dia para as pessoas. A polícia vai ficar permanentemente aqui, e haverá a interdição imediata de todas as pensões e hotéis [do Braços Abertos], serão bloqueados e na sequência, derrubados, demolidos, o mais rápido possível", afirmou.
Dos 69 mandados de prisão temporária determinados pela Justiça, 28 foram cumpridos, segundo o secretário da Segurança do Estado, Mágino Alves. Os demais foram presos em flagrante. Três fuzis foram apreendidos.
Também foram cumpridos mais de 70 mandados de busca e apreensão. Entre os presos está um traficante conhecido como FB, chamado de Fábio, que foi preso em Caraguatatuba e que, segundo Mágino Alves, é apontado como responsável por abastecer com drogas a Cracolândia.
O objetivo da ação foi identificar pontos de venda de drogas, apreender entorpecentes e localizar e prender traficantes. Segundo a Prefeitura e o governo estadual, a intenção é limpar e revitalizar a Cracolândia, inclusive com a instalação de habitações populares.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, afirmou que a operação é a primeira para acabar com o tráfico na região e que, agora, começam as ações sociais. "Demos o primeiro passo hoje para acabar com a Cracolândia na região da Nova Luz. Agora começa o trabalho social e de saúde, temos mais de 3 mil vagas para dependentes químicos", afirmou.
Policiais apreenderam um revólver, uma furadeira, muitas munições de revólver, uma balança para pesar drogas e também embalagens para colocar cocaína para a venda.
Durante a dispersão dos usuários, pessoas invadiram lojas na região, entre elas uma padaria, realizando saques. A reportagem presenciou um usuário ferido. Carros estacionados na região também tiveram vidros quebrados e depredados. Os policiais invadiram hotéis desocupados na região, em que a droga é vendida.
Os policiais fizeram varreduras no principal quadrilátero da Cracolândia, expulsando usuários, que tentam se esconder dentro de sacos de lixo. Tratores destruíram as barracas onde ficavam os usuários.
Operação da Polícia na Cracolândia faz prisões e revistas (Foto: Reprodução/GloboNews)
Com mandados de busca e apreensão, os policiais entraram em hotéis, pensões e vários estabelecimentos comerciais. Helicópteros da Polícia Civil e da Polícia Militar, agentes da tropa de Choque da PM e dos grupos de operações especiais da Polícia Civil, como o Goe e o Garra, participaram da ação.
Polícia cumpre mandados de busca e apreensão invadindo lojas e casas à procura de traficantes (Foto: Reprodução/GloboNews)
O prefeito da cidade, Joao Doria, afirmou que agora está decretado o fim do programa Braços Abertos, da gestão Fernando Haddad, e que não haverá mais pagamentos de ajuda de apoio e hotel para usuários de drogas na região, dando início a um novo projeto de reurbanização da área.
Após o término da operação, moradores de rua e usuários que haviam deixado a região retornaram para retirar material pessoal. A área foi cercada pela Tropa de Choque da PM.
Pessoas retiram pertences da região e tropa de Choque da PM permanece fechando a rua (Foto: Paula Paiva/G1)
Favela do Moinho
No início de maio, o socorrista Bruno de Oliveira Tavares, natural do Rio de Janeiro, foi encontrado morto na Cracolândia, após ter entrado na região para ajudar uma pessoa que seria usuária de drogas e estaria precisando de ajuda.
Segundo Mágino Alves, a Polícia Civil cumpriu mandados de prisão na Favela do Moinho, em que um traficante que deu a ordem para sequestrar e matar o socorrista, chamado pelo prenome de Leo, foi preso. Outros mandados de prisões também foram cumpridos na Favela do Moinho.
O caso de Tavares foi investigado pelo Departamento de Homicídios dentro da Cracolândia. O socorrista chegou à Rua Helvetia, em uma ambulância, com a missão de encontrar uma adolescente. Enquanto ele a procurava, o socorrista foi feito refém dos traficantes.
Uma testemunha contou que dez homens participaram do sequestro. A vítima foi torturada e o corpo deixado na rua dias depois, com mãos e pés amarrados.
Operação na Cracolândia revista usuários e invade locais de venda de drogas (Foto: Reprodução/GloboNews)
Promessa de desocupação
No dia 11 de maio, o prefeito de São Paulo, João Doria, afirmou que a Cracolândia iria desaparecer "muito em breve", "muito antes" de seu mandato, que vai até dezembro de 2020, chegar ao fim. A afirmação ocorreu após a TV Globo mostrar confrontos entre a Guarda Civil Metropolitana (GCU) e usuários de drogas durante uma entrada na região, além de livre comércio de drogas, ao ar livre, durante o dia.
O governador Geraldo Alckmin também já havia afirmado que a Cracolândia iria desaparecer em breve.
Polícia faz operação na Cracolândia (Foto: reprodução/Globo News)
"Importante registrar que Prefeitura, governo do estado e governo federal estão juntos nessa ação e a Cracolândia tem prazo determinado para acabar", disse Doria. Questionado sobre quando seria esse prazo, Doria disse que "muito em breve". O prefeito promete acabar com o problema da Cracolândia, que afeta a cidade há pelo menos doze anos, "muito antes do mandato acabar".
Choque fecha rua para que usuários de drogas não voltem para a região (Foto: Paula Paiva/G1)
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