Brasil
Pedreiro é condenado e fica preso por mais de um ano no lugar do irmão
Johny Marcos Carvalho Lopes foi reconhecido pela vítima como o autor do crime, mas defesa conseguiu provar que quem estava no local do estupro era o irmão dele.
O pedreiro Johny Marcos Carvalho Lopes foi condenado e preso no lugar do irmão, suspeito de um estupro em Ponta Grossa, na região dos Campos Gerais do Paraná.
Ele foi reconhecido pela vítima, julgado e condenado pelo crime. A semelhança física com o irmão, diz ele, foi o que fez com que a Justiça entendesse que ele era um dos culpados, junto com outros dois homens.
"Na delegacia, ela não me reconheceu. Mandaram eu sair, fui contente. Depois, mandaram eu voltar. De repente, ela falou que era eu, ela se confundiu", argumenta o pedreiro.
Lopes conta que, no dia do crime, estava na casa da droga, num bairro distante do local do crime. Segundo ele, várias testemunhas confirmaram essa informação durante o julgamento.
O próprio irmão registrou um documento dizendo queo pedreiro não havia participado da festa e, portanto, não havia hipótese de ele ter cometido um crime. Mesmo assim, ele foi condenado a dez anos de prisão.
Após cumprir um ano e dois meses de pena, em regime fechado, o advogado de Lopes pediu uma revisão criminal. Novas testemunhas foram ouvidas repetindo que, no dia do crime, ele estava mesmo longe do local, na casa de parentes.
Ouvida de novo pela Justiça, a vítima corrigiu-se e reconheceu o irmão do pedreiro como o autor do crime. Com isso, ele foi absolvido e teve a soltura determinada imediatamente, no sábado (31).
Agora, Lopes diz que só pensa em seguir a vida e voltar a trabalhar. "Espero ter um pouco de paz na minha vida e esquecer um pouco o que aconteceu. É difícil. Cada passo dá um estalo na cabeça, dá impressão que você ainda tá preso na cabeça. Preso de coisa ruim. Não quero que ninguém passe por isso".
O advogado do pedreiro afirma que vai entrar com uma ação de indenização contra o estado.
Outro lado
O juíza responsável pelo caso explicou que a decisão foi tomada de acordo com as provas e disse que, na época, a defesa não incluiu o irmão de Lopes no processo, apenas outros familiares. Além disso, a vítima reconheceu três pessoas como autores do estupro. A juíz disse, ainda, que a condenação foi confirmada por outros três desembargadores.
O Supremo Tribunal de Justiça (STJ) disse que não pode passar informações sobre o processo, que corre em segredo de justiça.
O irmão de Lopes, suspeito de ter cometido o estupro, ainda não foi acusado por nenhum crime. A reportagem não conseguiu encontrá-lo.
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