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Travesti foi apedrejada e morta a tiros no Ceará, diz secretário

Polícia prendeu dois homens e apreendeu três jovens; um segue foragido

Por G1 07/03/2017 23h35
Travesti foi apedrejada e morta a tiros no Ceará, diz secretário
Reprodução - Foto: Assessoria

Após agressões com chutes e golpes de pau, a travesti Dandara dos Santos foi assassinada a tiros, segundo o secretário da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará, delegado André Costa. Os dois suspeitos de atirar em Dandara foram presos, segundo secretário. Também foram apreendidos três adolescentes que aparecem no vídeo agredindo a vítima, e um sexto suspeito está foragido.

"Depois das agressões, levaram [Dandara] até outro local, próximo de onde foram feitas aquelas imagens, como é visto nas imagens, ela foi brutalmente, covardemente assassinada através de um disparo de arma de fogo", detalhou o delegado em entrevista nesta terça-feira (7).

As prisões ocorreram na noite desta segunda-feira (6) e no início da tarde desta terça-feira, no Bairro Bom Jardim, em Fortaleza, e no município de Trairi.

Um dos presos é apontado como o homem que filmou o crime. Segundo o titular da SSPDS, o homem é acusado de tráfico de drogas, e já era conhecido da polícia.

"A investigação apurou que essa pessoa [traficante] que está presa foi quem filmou. As provas demonstram que é a voz dele  que aparece no vídeo", comentou o secretário.

Ainda segundo o secretário, a polícia vai ouvir os suspeitos para investigar a motivação do crime. "Dependendo do que for apurado, pode haver alguma qualificação do crime", afirma. Um dos presos já tinha passagem na polícia por tráfico de drogas.

Lamento da mãe de Dandara

A mãe de Dandara, Francisca Ferreira, diz que o momento é de desespero e choro. “Fiquei muito desesperada. Chorando e perguntado para Deus o que tinha acontecido. O que foi que esse menino fez meu Deus? Fiquei assim feito uma maluca sem saber acreditar. Se houve briga ou não”, disse emocionada.

Uma testemunha que presenciou as agressões e que prefere não se identificar afirmou que foi um grave crime de linchamento. Ele relatou que Dandara foi agredida com murros, pedradas e pauladas. “Eram vários rapazes. Um dava um chute e outro uma pedrada. Outro dava murros e outro bateu com um pau na cabeça dela”.

A testemunha contou que ligou dus vezes para a polícia. E alertou os policiais que, caso eles não fossem ia acontecer o pior. “Foi um linchamento muito cruel”, lamentou.

A irmã de Dandara, Sônia Maria, relatou que a irmã era muito querida por todos e não deixava de fazer um favor sequer para as pessoas. Sônia afirmou que Dandara sempre era vítima de preconceito. “Ela nunca dizia um não. Ela podia estar cansada, mas era sempre prestativa. Para onde a gente pedia para ela ir, ela ia. Ela nunca dizia um não. Sobre os preconceitos, ela foi para o Bairro Jurema e uns cara bateram nela. Ela foi até para o hospital”, disse.

Quanto à denúncia sobre a demora no atendimento da polícia, a secretaria da Segurança informou que, sem o número do telefone, não é possível fazer o rastreamento das ligações pra saber se a informação da testemunha é verídica.

Caso Dandara

O crime aconteceu no dia 15 de fevereiro, no Bairro Bom Jardim, e ganhou repercussão nas redes sociais após o compartilhamento do vídeo que mostra a travesti sendo agredida por um grupo no meio da rua.

O vídeo, gravado por uma pessoa que está com o grupo de agressores, mostra parte da violência. A gravação tem 1 minuto e 20 segundos e termina quando os suspeitos colocam a vítima no carrinho de mão, após agressões com chutes, chinelo, pedaços de madeira, e descem a rua. O governo do Ceará emitiu uma nota de repúdio em relação aos "atos de violência e intolerância como o que praticado contra Dandara dos Santos", morta por brutal espancamento".

Dandara foi vítima de agressões, apedrejamento e tiros, afirma secretário (Foto: Reprodução)