Brasil
Laudo: morte de adolescente no Habib"s foi causada por lança-perfume
Exame necroscópico aponta que garoto de 13 anos teve parada cardiorrespiratória após usar droga
Laudo necroscópico do Instituto de Criminalística (IC) aponta que o que matou o adolescente João Victor Souza de Carvalho, no dia 26 de fevereiro, após confusão no Habib's da Zona Norte de São Paulo, foi uma parada cardiorrespiratória causada pelo uso de lança-perfume. A informação foi divulgada nesta terça-feira (7) pelo SPTV.
O resultado do exame isenta, em tese, a possibilidade de a morte do garoto de 13 anos ter sido causada após uma agressão. A Polícia Civil tinha aberto inquérito para investigar se o menor foi morto após apanhar ou se teve um mal súbito.
Segundo o laudo, foram encontrados tricloroetileno e clorofórmio, que compõem o lança-perfume, no corpo de João. De acordo com o exame, o uso dessas drogas pode causar arritmia cardíaca, ou seja, deixa os batimentos do coração descompassados.
Ainda de acordo com o exame, ele teve convulsão e falta de oxigenação decorrente de um infarto. O laudo também apontou que foram achados traços de cocaína no sangue do garoto. Também foram encontradas escoriações no cadáver. Apesar disso, as lesões não relacionam a morte a agressões.
O 28º Distrito Policial (DP), Freguesia do Ó, tinha registrado o caso como 'morte suspeita' a esclarecer. Testemunhas ouvidas pela investigação contaram ter visto João ser agredido por funcionários do Habib's.
Em entrevista ao G1, os empregados negaram a agressão e disseram que quem bateu no adolescente foi um cliente. Contaram ainda que o menino teve um mal súbito após correr e cair quando foi perseguido por pessoas que estavam na lanchonete. Elas tinham ido atrás de João porque o menino teria ameaçado jogar pedaços de pau nos vidros do Habib's e dos carros dos clientes.
Imagens de câmeras de segurança gravaram o momento em que João aparece segurando um pedaço de madeira. Depois ele corre. Outras pessoas vão atrás. As cenas mostram ainda dois homens de branco arrastando João pelos braços. A polícia analisa o vídeo para comprovar se o menino foi agredido, o que configuraria crime de lesão corporal.
Segundo uma catadora e um motorista de ônibus, essas duas pessoas de branco estão com uniforme do Habib's e seriam o gerente e o supervisor da lanchonete.
“Eu tava [sic] parado no semáforo, aí daqui a pouco eu vi um menino passando com pedaço de pau na mão, correu na rua, veio o rapaz do Habib's atrás dele, e veio um outro atrás dele também. Mas só vi ele dando porrada no moleque, mas semáforo abriu e não deu pra eu ver mais nada, né?", falou o motorista ao SPTV, sob a condição de que seu rosto e nome não fossem divulgados.
Ao ser questionado de como tem certeza que eram funcionários do habib's, o motorista falou: “porque tavam [sic] com camisa branca e com símbolo do Habib's e calça preta.”
“Gente, eu só espero justiça pelo meu filho. Porque... ele hoje não tá aqui com nóis [sic], mas ainda os que pegaram ele tá [sic] solto [sic] ainda... sabe? Eu, como mãe, eu sinto que tem alguma coisa de errado nesse negócio”, disse a mãe de João, a faxineira Fernanda Cassia de Sousa.
Por meio de nota, o Habib's informou neste mês que afastou os funcionários envolvidos no caso até o fim das conclusões da polícia para tomar outras medidas. A lanchonete ainda informou, por meio de sua assessoria, que repudia todo e qualquer ato de violência.
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