Brasil

Sérgio Cabral é denunciado por mais 184 crimes de lavagem de dinheiro

Ex-governador do Rio está preso e já é réu por outros crimes relacionados à Operação Lava Jato

Por G1 14/02/2017 13h23
Sérgio Cabral é denunciado por mais 184 crimes de lavagem de dinheiro
Reprodução - Foto: Assessoria

O Ministério Público Federal no Rio (MPF-RJ) denunciou à 7ª Vara Federal o ex-governador Sérgio Cabral por 184 crimes de lavagem de dinheiro. Os fatos apresentados ao juiz Marcelo Bretas na denúncia são resultantes da Operação Eficiência, desdobramento da Força-Tarefa da Lava Jato no Rio. Preso em Bangu, o ex-governador já é réu na mesma operação, por um crime de evasão de divisas, dois de lavagem de dinheiro e dois de corrupção.

As informações foram divulgadas nesta terça-feira (14) pela assessoria de imprensa do MPF. Além de Cabral, também foram denunciados por crimes de lavagem de dinheiro:

    Carlos Miranda: 147 crimes

    Carlos Bezerra: 97 crimes

    Sérgio Castro de Oliveira: 6 crimes

    Ary Ferreira da Costa Filho: 2 crimes

    Adriana Ancelmo: 7 crimes

    Thiago de Araga?o Gonc?alves: 7 crimes

    Francisco de Assis Neto: 29 crimes

    Álvaro José Galliez Novis: 32 crimes

    Marcelo Hasson Chebar

    Renato Hasson Chebar

Na denúncia, o MPF diz que os doleiros e irmãos Marcelo e Renato Chebar faziam parte da organização como operadores financeiros.

Ainda segundo a denúncia, a organização ocultou e lavou R$ 317.874.876, divididos da seguinte forma:

    R$ 39.757.947,69, guardados com os irmãos Chebar no Brasil

    US$ 100.160.304,90, depositados em dinheiro em contas em nome dos irmãos Chebar e outros, no exterior

    1.008.708,00 de euros, ocultados sob a forma de diamantes, guardados em cofre no exterior

    US$ 1.054.989,90, ocultados sob a forma de diamantes, guardados em cofre no exterior

    US$ 247.950,00, ocultados sob a forma de quatro quilos e meio de ouro, guardados em cofre no exterior

Parte do valor já foi recuperado, segundo o MPF.

Sérgio de Oliveira, Thiago de Aragão, Francisco de Assis e Álvaro Novis foram denunciados por integrarem a organização criminosa liderada pelo ex-governador. O G1 não conseguiu contato com as defesas dos denunciados.

Cabral está preso desde novembro, quando foi deflagrada a Operação Calicute, também desdobrada da Lava Jato. Na segunda-feira, ele passou mal no Complexo Penitenciário de Gericinó e foi levado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Dr. Hamilton Agostinho de Castro Vieira, localizada no complexo. Após realização de exames, foi liberado e voltou à cela. A Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap) informou que Cabral passa bem.

R$ 4 milhões por mês

Segundo a denúncia, os doleiros recebiam dos demais denunciados dinheiro em espécie oriundo dos crimes de corrupção praticados, "custodiavam tais recursos em seu escritório e os distribuíam posteriormente para pagamentos de despesas em favor dos membros do grupo criminoso".

Os colaboradores entregaram ao MPF uma planilha de controle de caixa, que detalhava onde o dinheiro era utilizado. De 1º de agosto de 2014 a 10 de junho de 2015, foram gastos R$ 39.757.947,69 – média de cerca R$ 4 milhões por mês.

De acordo com os procuradores, as provas reunidas nas operações Calicute e Eficiência comprovaram que a organização criminosa chefiada por Cabral promoveu a lavagem de ativos, no Brasil, por sete principais formas:

    pagamento de despesas pessoais de Cabral e familiares

    pagamento de despesas pessoais de Carlos Miranda e familiares

    movimentação de recursos ilícitos para Carlos Bezerra

    distribuição de recursos ilícitos para Sérgio de Oliveira

    envio de valores ilícitos para Thiago Aragão

    envio de valores ilícitos para Francisco de Assis Neto

    entrega de valores ilícitos por Álvaro Novis aos colaboradores

Segundo os procuradores da República Leonardo Cardoso de Freitas, José Augusto Vagos, Eduardo El Hage, Renato Silva de Oliveira, Rodrigo Timóteo, Rafael Barretto, Sérgio Pinel, Jessé Ambrósio Junior e Lauro Coelho Júnior, que assinam a denúncia, "o vultuoso volume de recursos obtidos em razão dos crimes praticados pelo grupo criminoso exigia uma forte estrutura destinada à movimentação e lavagem do dinheiro da propina".