Brasil
Sobe para 113 o número de mortes no Espírito Santo durante ausência da PM
Dado é do Sindicato da Polícia Civil; Governo não informa
O Espírito Santo registrou 113 mortes violentas até esta quinta-feira (9), 6º dia de caos na segurança por causa da falra da PM nas ruas. Uma onda de crimes, mortes e saques foi desencadeada e, como reflexo dessa violência, o comércio já acumulou um prejuízo de R$ 180 milhões. Para conter a crise, o Exército anunciou 3 mil militares nas ruas até o fim de semana. Para esta sexta, os ônibus devem ficar nas garagens.
O dia começou com a notícia da morte do presidente do Sindicato dos Rodoviários de Guarapari (Sintrovig), Walace Belmiro Fernaziari. Ele foi encontrado morto a tiros dentro do carro, próximo à garagem da Viação Sanremo, no bairro Alvorada, em Vila Velha.
Com isso, os ônibus da Grande Vitória, que chegaram a sair das garagens de manhã, voltaram para os terminais e a circulação foi interrompida.
De madrugada, a sede da Rede Gazeta, em Vitória, foi atingida por disparos.
Representantes das mulheres que protestam na porta dos Batalhões se reuniram com representantes do Governo para discutir e apresentar propostas. A reunião começou às 14h e ainda não acabou. Do lado de fora, comerciantes e moradores do Centro de Vitória fizeram um ato.
E enquanto o policiamento não volta, homens das Forças Armadas e da Força Nacional fazem a segurança dos capixabas. Tanques das Forças Armadas foram vistos nas ruas de Vitória e Vila Velha.
O Ministério Público Federal no Espírito Santo (MPF-ES) quer identificar os responsáveis pela paralisação da Polícia Militar, e, consequentemente, pelos gastos que a União está tendo ao enviar tropas para o Espírito Santo. Segundo o Código Civil, a União pode ser ressarcida caso se apure que o prejuízo foi causado por ato ilícito.
As Guardas Municipais também estão trabalhando para garantir a segurança. Nesta tarde, um homem foi preso após fugir de uma abordagem da Guarda Municipal com uma caminhonete S10 roubada e causar acidentes, na orla da Praia de Camburi, em Vitória. Outro motorista filmou parte da perseguição. O suspeito foi preso.
A pressão pela volta do policiamento também tem vindo de dentro dos quartéis. Um vídeo gravado em Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Espírito Santo, mostra o tenente-coronel Alexandre Quintino fazendo um apelo para que os PMs voltem às ruas. "Pelo amor de Deus, vamos trabalhar, vamos para a rua, esse movimento mostrou que nós somos capazes, esse movimento mostrou a força da PM", disse.
Um trabalhador, arrependido de ter aproveitado a falta de policiais militares nas ruas para saquear produtos de lojas de Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Espírito Santo, procurou a delegacia para devolvê-los. “No momento, eu vi aquele arrastão, tudo aquilo acontecendo e acabei me deixando levar, pegando uns pertences que estou devolvendo”, contou.
Um vídeo gravado por moradores do bairro Jardim Botânico, em Cariacica, no Espírito Santo, mostra a fuga dos suspeitos de efetuarem os disparos que atingiu Isabel Elias de Almeida, de 55 anos, e outros dois jovens nesta quarta-feira (8). A mulher estava na rua e foi atingida por uma bala perdida. Ninguém foi preso, e a família disse que levou o vídeo para a polícia.
Mas mesmo com toda essa insegurança, a comerciante Amel Abul, dona de uma loja no Polo de Confecção da Glória, em Vila Velha, Grande Vitória, disse que não deixou de abrir o estabelecimento nenhum dia sequer. Para ela, é importante mostrar aos criminosos que "eles não comandam a sociedade".
“Todos os dias, eu abri a loja. Mesmo sozinha aqui na Glória. Das 9h às 14h. A gente não está abrindo loja para ter venda, para ter números. Estamos mostrando a cara, aqui. Mesmo não tendo venda, é importante abrir a porta das lojas para eles não acharem que estão no comando de tudo”, explicou Amel.
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