Brasil
Eduardo Cunha se nega a fazer exame para comprovar aneurisma
Ex-presidente da Câmara dos Deputados relatou doença em audiência
O diretor do Departamento Penitenciário do Estado do Paraná (Depen), Luiz Alberto Cartaxo de Moura, informou, no fim da manhã desta quarta-feira (8), que o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) se negou a fazer exames médicos.
A avaliação médica em Curitiba, de acordo com o Depen, seria para comprovar a existência de um aneurisma que Cunha alegou ter no cérebro. O político falou sobre a doença ao juiz federal Sérgio Moro durante uma audiência da Operação da Lava Jato, na terça-feira (7).
Ainda conforme o diretor do Depen, é a segunda vez que o ex-presidente da Câmara dos Deputados se nega a ser examinado. Por conta da nova recusa de Cunha, Cartaxo afirma que "uma pena leve será colocada na sua ficha carcerária".
A defesa de Cunha afirma não ter sido informada sobre os exames médicos e nem sobre a recusa do deputado cassado.
Em coletiva na tarde desta quarta, Cartaxo que o aneurisma, se comprovado, não exclui a custóida do deputado cassado, já que o aneurisma pode ser romper em qualquer lugar, como na casa dele. "Mesma condição ele teria dirigindo um carro", pontuou.
O diretor do Depen garantiu que a pressão arterial do ex-presidente da Câmara é controlada com frequência e que ele toma a medicação necessária.
Veja abaixo o relato completo do diretor do Depen, Luiz Alberto Cartaxo de Moura:
"Ainda relativamente à questão que envolve Eduardo Cunha e o seu alegado aneurisma, revelado durante audiência na Justiça Federal no dia 7 de fevereiro, hoje, dia 8 de fevereiro de 2017, no início da manhã, o custeado Eduardo Cunha foi instado a realizar exame capaz de dizer se, efetivamente, ele é portador desta enfermidade.
O custeado negou-se terminantemente a fazer este exame e colhemos o depoimento dos médicos. E, na presença desses médicos, ele afirmou que não faria o exame.
Ressalto, ainda, que essa enfermidade foi revelada no dia 21 de dezembro ao corpo médico do CMP [Complexo Médico-Penal], que solicitou à família e aos advogados que fossem encaminhados os exames e os documentos comprobatórios de tal situação, o que até hoje não aconteceu.
Então, por duas vezes, já se tentou comprovar a existência deste aneurisma e, por duas vezes, isto não foi possível. Quero dizer que a negativa por parte de Eduardo Cunha em realizar exames determinados pelo corpo clínico do Complexo Médico-Penal, nos termos das leis de execuções penais, constitui infração leve. Ou seja, o Conselho de Disciplina será aplicado a Eduardo Cunha e uma pena leve será colocada em sua ficha carcerária.
Este é o relatório que temos a fazer e esta é a posição definitiva do Depen em relação a esta questão que envolve o aneurisma. Informo, também, que tudo isto está sendo regiamente comunicado ao juiz federal doutor Sérgio Moro, uma vez que se trata de preso provisório sob a égide daquele juiz."
Primeiro interrogatório
Cunha foi interrogado pela primeira vez por Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato na primeira instância, na terça-feira. Foram três horas de audiência relacionada ao processo em que o ex-presidente da Câmara dos Deputados é réu.
Em meio ao interrogatório, o político disse ao juiz federal que tem um aneurisma cerebral parecido com o que teve a ex-primeira-dama Marisa Letícia Lula da Silva. Dona Marisa morreu na sexta-feira (3).
Nesta quarta-feira, os advogados de Cunha informaram que pediram à família os exames que diagnosticaram o aneurisma dele e que a documentação deve ser juntada ao processo. Eles também haviam pedido, um dia antes, a liberdade do cliente.
Preso em 19 de outubro, em Brasília, o político é acusado de receber propina de contrato da Petrobras para exploração de petróleo no Benin, na África, e usar contas na Suíça para lavar o dinheiro.
Atualmente, Cunha está detido no Complexo Médico-Penal (CMP) em Pinhais, na Região Metropolitana da capital paranaense.
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