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SP: fotos mostram destruição em penitenciária de Bauru após rebelião

Presos atearam fogo em colchões e destruíram três pavilhões do CPP 3

Por G1 26/01/2017 15h19
SP: fotos mostram destruição em penitenciária de Bauru após rebelião
Reprodução - Foto: Assessoria

Fotos cedidas para o G1 e para a TV TEM mostram a destruição no Centro de Progressão Penitenciária (CPP 3) Prof. Noé Azevedo, em Bauru (SP), após rebelião de terça-feira (24). Três pavilhões ficaram destruídos depois que presos atearam fogo em colchões durante uma confusão por causa da abordagem de um agente penitenciário que encontrou um celular com um preso, segundo a Polícia Militar.

Durante a rebelião, 152 detentos conseguiram fugir, mas 111 já foram recapturados, de acordo com a PM. Na quarta-feira (25), os 208 presos que trabalham fora da unidade não puderam sair. O regime do CPP 3 é semiaberto, e todos os detentos têm direito a trabalhar ou estudar fora da unidade.

Incêndio destruiu a penitenciária (Foto: Reprodução/TV TEM)

Equipe irá analisar estragos causados pelo incêndio (Foto: Reprodução/TV TEM)

Câmeras de segurança de empresas vizinhas registraram a fuga de parte dos presos. Nas imagens cedidas à TV TEM,é possível ver vários presos fugindo para uma área de matagal. Em seguida, começou o trabalho para localizar e prender os fugitivos.

Os policiais encontraram vários presos que aproveitaram a rebelião para fugir. Um fugitivo se rendeu ao ver que o carro da polícia se aproximava. Já outros suspeitos tentaram roubar um carro para sair da cidade. A polícia fez o cerco, e eles foram presos.

Ainda na noite de terça-feira, foram transferidos 600 presos para quatro penitenciárias de São Paulo. Eles foram levados para presídios em Balbinos, Álvaro de Carvalho, Getulina e Hortolândia. Os outros detentos ficarão no CPP 3 no único pavilhão que não foi destruído.

A SAP informou que todos os presos envolvidos na rebelião e os apreendidos regredirão ao regime fechado.

Ainda segundo a SAP, além dos 208 presos que trabalham fora da penitenciária, outros 65 atuam em empresas dentro da unidade e 358 trabalham em atividades de manutenção do próprio presídio. Os outros estão em férias escolares ou aguardam conseguir uma atividade.

O CPP 3 – antigo IPA (Instituto Penal Agrícola) – tem capacidade para 1.124 pessoas, mas abriga atualmente 1.427 presos, informou a secretaria. Já o sindicato dos agentes funcionários afirma que o CPP 3 tem capacidade para 742 presos e abriga 1.500.

Três pavilhões do presídio foram muito danificados na rebelião. A Secretaria da Administração Penitenciária informou que as reformas serão feitas após a vistoria do Núcleo de Engenharia da SAP para realizar o levantamento das partes afetadas e, iniciar as medidas para recuperação do prédio.

Imagens aéreas cedidas pela Polícia Militar mostram que saía muita fumaça de três pavilhões da penitenciária que os presos atearam fogo na rebelião. O capitão da PM Juliano Loureiro disse que a situação foi controlada ainda na manhã de terça-feira. No dia da rebelião, o Corpo de Bombeiros foi chamado para controlar as chamas, e o helicóptero Águia sobrevoou a cidade para localizar os fugitivos.

Durante uma coletiva na tarde de terça-feira, o coronel da PM Flávio Kitazume descartou relação do episódio em Bauru com outras rebeliões que estão acontecendo no país. “Em nenhum momento houve refém e por isso descartamos este caso em relação aos demais fatos que estão acontecendo em outras regiões do país e isso nos tranquiliza.”

Outro coronel da PM, Airton Martinez, afirma que este foi um caso isolado. “Não há qualquer relação com o crime organizado, mesmo porque os detentos são de regime semiaberto. Eles saem para trabalhar e têm benefícios com saídas temporárias. Pode haver um problema de relacionamento entre eles. Se houve um problema, foi algo pontual. O motivo da revolta está sendo apurado e também por que alguém portava celular lá dentro”.

Durante rebelião, detentos gritaram palavras de ordem (Foto: Reprodução/TV TEM)

Polícia Militar entrou na penitenciária de Bauru (Foto: César Evaristo/TV TEM)

Apreensão de celular

Segundo o presidente do Sindicado dos Agentes Penitenciários, Gilson Pimentel Barreto, a rebelião em Bauru começou por causa de uma apreensão de celular dentro da penitenciária. "Durante uma ação dos funcionários no alojamento e pegaram um preso com um celular e a revolta começou devido a isso. Os funcionários estavam retirando o preso e o resto da população não aceitou."

Ainda segundo Barreto, os detentos do CPP 3 em Bauru não estavam sendo monitorados com tornozeleira eletrônica porque o convênio entre o estado e a empresa não foi renovado. "Foi colocado fogo em papelões, tem alguns feridos, funcionários não ficou ninguém refém, mas não foram muitas fugas", afirma.

Presos atearam fogo em penitenciária (Foto: César Evaristo/TV TEM)

Nota divulgada pela SAP no dia da rebelião:

A Secretaria da Administração Penitenciária informa já foram recapturados 111 reeducandos dos 152 evadidos do Centro de Progressão Penitenciária (CPP) III, popularmente conhecido como Instituto Penal Agrícola  "Prof. Noé Azevedo" de Bauru.

O tumulto de hoje aconteceu durante revista de rotina. O incidente iniciou-se após um Agente de Segurança Penitenciária ter surpreendido um preso se comunicando através de celular.

A situação foi rapidamente controlada pelo  Grupo de Intervenção Rápida, enquanto que a Polícia Militar atua na recaptura dos evadidos. Não houve reféns. Todos os presos envolvidos no episódio e os apreendidos regredirão ao regime fechado.

Ressalvamos que as unidades de regime semiaberto, conforme determina a legislação brasileira, não dispõem de muralhas nem segurança armada, sendo cercada por alambrados. A permanência do preso nesse regime se dá mais pelo senso de autodisciplina do preso do que a mecanismos de contenção. Os presos que cumprem a pena em regime semiaberto podem obter permissão para trabalhar e estudar fora da unidade penal e pela Lei de Execução Penal poderão visitar os familiares em cinco ocasiões do ano.

O CPP III é o antigo Instituto Penal Agrícola de Bauru e está localizado numa área, do tipo fazenda, de 240 alqueires. Hoje, 208 presos trabalham fora da unidade, exercendo atividades externas, outros 65 em empresas dentro da unidade e  358 trabalham em atividades de manutenção do próprio presídio.

Pavilhões do CPP 3 ficaram destruídos (Foto: Arquivo Pessoal)

Fogo foi ateado em penitenciária (Foto: Reprodução/TV TEM)

Rebelião no Centro de Progressão Penitenciária de Bauru (Foto: Arquivo Pessoal)