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Justiça chegou a proibir autor de chacina de Campinas de ver filho

Ao final do processo, ordem foi revogada e visitas foram limitadas

Por G1 02/01/2017 16h39
Justiça chegou a proibir autor de chacina de Campinas de ver filho
Reprodução - Foto: Assessoria

O atirador da chacina que matou 12 pessoas e se suicidou em Campinas (SP) no réveillon chegou a ficar proibido pela Justiça de visitar o filho temporariamente, segundo Lúcia Helena de Castro Xavier, advogada da ex-mulher dele. A decisão ocorreu durante o andamento de um processo em 2013 que apurava uma denúncia de abusos do pai contra a criança.

A restrição total de contato entre pai e filho ocorreu por força de uma liminar que foi emitida até que o processo fosse concluído, de acordo com informações obtidas pela EPTV, afiliada TV Globo. A advogada, que está em férias e longe do processo, não afirmou quanto tempo ele ficou sem ver a criança.

Ainda em 2013, cerca de oito meses depois do abertura do processo, de acordo com a advogada, os psicólogos não atestaram o abuso, mas sim que o técnico de laboratório Sidnei Ramis de Araujo, de 46 anos, tinha "comportamento inadequado".

Com isso, a decisão final da Justiça foi de determinar visitas assistidas com a presença da mãe somente em domingos alternados das 9h às 12h. A defensora disse ainda que a cliente havia feito boletins de ocorrência contra o atirador por perseguição.

Investigação

 A Polícia Civil de Campinas (SP) informou nesta segunda-feira (2) o conteúdo do áudio deixado pelo atirador em um gravador ainda irá passar por perícia. O aparelho foi encontrado no carro dele, junto com o celular e a senha para desbloquear o dispositivo.

Segundo informações do boletim de ocorrência, no áudio o técnico de laboratório pedia desculpa por algo que ia acontecer, mas não falava dos planos e nem de desentendimentos com a ex-mulher.

Além disso, a Polícia Civil afirmou que não recebeu uma suposta carta escrita pelo atirador e divulgada pela imprensa.

Arma usada pelo atirador para matar família (Foto: EPTV)

Testemunhas

A polícia disse ainda que as testemunhas estão sendo ouvidas para auxiliar no trabalho de apuração, mas que o processo é demorado porque elas estão muito abaladas com a tragédia.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), o caso segue em investigação no inquérito policial instaurado no 3º Distrito Policial de Campinas, com apoio do Setor de Homicídios da cidade.

O material apreendido será periciado pelo Instituto de Criminalística (IC), no entanto, a instituição informou que não havia recebido nada até esta segunda.

O IC disse ainda que na terça-feira deve ser feita uma nova perícia no local para confrontar as informações sobre onde cada vítima foi encontrada.

Escola

A escola Vivendo e Aprendendo, onde o filho do atirador estudava, disse que a criança fazia acompanhamento com psicólogas, mas que no seu histórico escolar não constava nada de diferente.

Em nota, a instituição disse ainda que "todos estão extremamente chocados com o crime e compartilhamos da dor" e que a criança era '"um aluno maravilhoso, uma alma bondosa e muito estudioso e que todos estão sofrendo com esse ato tão cruel".

Assassinatos no réveillon

As 12 vítimas estavam comemorando a virada do ano em uma casa em Campinas quando o técnico de laboratório invadiu o local atirando.

Os disparos atingiram 15 pessoas, sendo que 11 morreram na hora, uma morreu a caminho do hospital e três ficaram feridas e estão fora de perigo.

Dois adolescentes e uma mulher com uma bebê de colo conseguiram escapar dos disparos.

O motivo da chacina tem relação com uma briga entre ele e a ex-mulher, Isamara Filier, de 41 anos, pela guarda do filho de 8 anos. Sidnei foi armado com dois carregadores e também tinha 10 artefatos - supostos explosivos - presos ao corpo. Após atirar na ex-mulher e no filho, Sidnei se matou.

Velório e enterro

Centenas de pessoas, entre amigos, familiares e gente que se comoveu com a tragédia, acompanharam o sepultamento das 12 vítimas da chacina de Campinas na manhã desta segunda. O enterro ocorreu no Cemitério da Saudade.

Um sobrevivente que estava hospitalizado teve alta nesta segunda do Hospital de Clínicas da Unicamp e, mesmo em uma cadeira de rodas, acompanhou o enterro. Ele tem 58 anos e foi baleado com dois tiros. Perdeu a filha, a mãe, três irmãs e cinco sobrinhos. Ele não quis falar com a imprensa.

Os corpos começaram a ser velados, todos juntos, no fim da tarde deste domingo (1º). Nessa manhã, as duas salas onde os corpos foram colocados ficaram lotadas.

Por conta da quantidade de vítimas, os sepultamentos ocorreram de dois em dois, em sequência, desde as 9h. Os parentes da ex-mulher e do filho do atirador foram os primeiros a serem enterrados.

Por último, ficaram os corpos da ex e do filho. O enterro das vítimas terminou às 11h50.