Brasil
Advogado destaca atuação de dom Evaristo Arns em benefício dos oprimidos
Morte do cardeal foi considerada uma perda grande também do ponto de vista político
Em Alagoas, a morte do cardeal dom Evaristo Arns foi considerada uma perda grande não apenas sob o ponto vista religioso, mas também político por ter um papel importante na história brasileira, sobretudo, durante o período da ditadura militar.
O advogado José Costa pontou que dom Evaristo Arns se tornou uma lenda na história do país pela sua luta em favor dos oprimidos à época do regime militar, bem como pela defesa dos direitos humanos. “Como religioso ele era múltiplo. Lembro-me que na época do assassinato do [Valdmir] Herzog. Ele convocou lideranças religiosas de outros credos para juntos não apenas repudiar a violência praticada, mas também para dar uma dimensão humana ao fato”, comentou.
Na opinião de José Costa, foi uma grande perda para o Brasil até porque ele diz que os brasileiros são carentes de líderes. “Faltam pessoas que se notabilizam pela excelência de suas ações nos direitos humanos, na cidadania, na luta pela manutenção das liberdades públicas e em todos os campos. Eu acho que a história do Brasil reserva um lugar especial para essa figura tão singular”, acredita.
O advogado disse que dentro da Igreja Católica quem tem o perfil parecido com o cardeal é o arcebispo dom Orani Tempesta. “Ele parece ter uma linha de conduta sacerdotal próxima a vida de Arns”, analisou. Ele diz que o legado deixado são lições de vida.
Arns foi importante para redemocratização
Para Eduardo Bonfim, que foi presidente da Sociedade Alagoana de Direitos Humanos, Dom Paulo Evaristo Arns foi uma figura importante na luta pela redemocratização do país e da justiça social.
“Ele teve um papel preponderante. Na morte do Vladimir Herzog ele realizou uma missa, que ao mesmo tempo era uma denúncia, o que na época era muito difícil e se tornou um encontro ecumênico porque ele conseguiu reunir lideranças das mais diversas religiões”, relembrou.
Ele pontuou ainda que a luta do cardeal na justiça social também foi voltada para a defesa dos oprimidos, dos pobres.
“É uma perda imensa, mas ao mesmo tempo ele permanecerá na história do país”, revelou, lembrando que dom Evaristo também lutou pela anistia.
Segundo Bonfim, ele permanecerá sendo uma figura exemplar porque o que ele construiu não irá se perder. Na avaliação de Eduardo Bonfim, hoje as lutas são diferentes daquela época e talvez por isso não existam personagens com uma atuação de grandes dimensões. “Hoje a ditadura é do mercado, financeira, que acaba se tornando mais sútil”, analisou.
Quanto à liderança religiosa, Bomfim diz que o papa Francisco vem exercendo um papel importante e tem sido a voz no combate à onda avassaladora da globalização financeira.
Ele comentou que participou de diversas reuniões com a presença do cardeal e de outras lideranças católicas importantes, mas que não tinham a dimensão de dom Evaristo Arns. “A campanha da Anistia e dos Direitos Humanos em Alagoas só foi iniciada dentro das igrejas. Existem muitas figuras que não são da dimensão de Dom Evaristo, mas que foram importantes também na luta pelos direitos humanos, pela anistia naquela época”, revelou.
Eduardo Bonfim diz que o país precisa de gente como Dom Evaristo Arns que foi um grande personagem.
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