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Para empresa, manutenção está em dia e mau tempo causou queda de helicóptero

Segundo empresa HCS, aeronave foi cedida para intermediadora; piloto era freelancer

Por G1 07/12/2016 13h35
Para empresa, manutenção está em dia e mau tempo causou queda de helicóptero
Reprodução - Foto: Assessoria

A empresa HCS Táxi Aéreo (Helicopter Charter Service do Brasil), proprietária do helicóptero Robinson 44 que caiu no domingo (4) com uma noiva a caminho do altar em São Lourenço da Serra, na Grande São Paulo, divulgou nota à imprensa nesta quarta-feira (7) afirmando que a manutenção da aeronave estava em dia creditando como uma das causas preliminares da queda a mudança de tempo após a decolagem em um hangar em Osasco.

"Até o momento não se pode ter as causas exatas deste terrível acidente, mas que tudo indica (ab initio) até o presente momento que houve uma mudança de tempo após o começo da viagem, a qual pode ter sido o fator determinante para a queda da aeronave", afirmou a empresa, proprietária do helicóptero prefixo PR-TUN.

Quando caiu, o helicóptero levava a noiva Rosemeire Nascimento Silva, o irmão dela, Silvano Nascimento da Silva, o piloto Jefferson Pinheiro e a fotógrafa Nayla Cristina Neves Lousada. O helicóptero Robinson 44 estava a caminho de uma chácara onde a festa de casamento seria realizada.

O piloto Peterson Pinheiro morreu no acidente de helicóptero em São Lourenço da Serra (Foto: TV Globo/Reprodução)

A empresa lamentou a queda da aeronave e afirmou que "a manutenção e documentação da aeronave encontram-se totalmente regular".

Só uso privado

Segundo a HCS, o helicóptero, que tinha autorização da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) apenas para atuar no transporte aéreo privado e uso particular, e não para transporte público de pessoas como o que foi realizado, foi apenas cedido à empresa "Voenext", que fechou o contrato de fretamento com a noiva para levá-la a cerimônia.

"Como a aeronave estava registrada para serviço aéreo privado, ela não poderia ser utilizada para taxi aéreo, nem para eventos ou qualquer transporte remunerado. Entretanto, a informação de que a aeronave tenha sido utilizada para esses fins está sob apuração da Agência", disse a Anac.

O helicóptero Robinson R44 Raven II que caiu em São Lourenço da Serra (Foto: TV Globo/Divulgação)

A Anac informou ao G1 que a Voenext não possui registro na agência. Como atuou apenas como intermediadora no aluguel e fretamento da aeronave, não é necessário a Voenext ter registro, disse agência. Já o representante comercial da empresa Voe Next, Rodrigo Braga, explicou que a empresa é uma agência de viagens que intermediou a venda do voo e não tem responsabilidade sobre o helicóptero que caiu.

"O piloto da aeronave era freelancer da presente empresa (HCS), mas, vale salientar que, a HCS (proprietária do helicóptero) não efetuou esse voo, apenas cedeu esta aeronave para a empresa "VOENEXT", a qual efetuou o contrato com os noivos, por isso não possui informações a respeito das pessoas abordo, salvo o piloto", informaram em nota os advogados da HCS. O piloto Peterson dos Santos Pinheiro Xavier, de 34 anos, foi enterrado em Suzano e possuía licença de piloto comercial de helicóptero desde 2013, e estava com as habilitações válidas e certificado médico também em dia.

Irregularidades

A Anac apura a possível situação irregular da aeronave em táxi aéreo no momento da tragédia e, caso sejam constatadas irregularidades, haverá a aplicação de medidas de punição.

O helicóptero já tinha feito outro serviço de transporte de passageiros na manhã do dia do acidente, participando de um evento com a chegada do Papai Noel à sede social do Esporte Clube Santo André, no ABC paulista.

Falha humana e mau tempo

O delegado Albano Fernandes, que coordena todas as delegacias da Polícia Civil na Grande São Paulo, acredita que as causas da queda foram falha humana e péssimas condições de visibilidade.

Segundo o delegado, algumas testemunhas relataram que a aeronave ficou "presa" nas nuvens baixas, sem conseguir sair do lugar. A Polícia Civil espera os laudos do Instituto Médico Legal (IML), da perícia da aeronave e da Aeronáutica para concluir a investigação.

Destroços do helicóptero foram recolhidos nesta segunda-feira com ajuda de um pequeno caminhão (Foto: Tahiane Stochero/G1)

Já o major Caio Batalha, investigador do Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa 4), que investiga o acidente, afirmou que as copas das árvores do local onde o helicóptero Robinson 44 caiu estão quebradas, o que indicaria que as hélices da aeronave colidiram com as árvores.

"Eu não posso afirmar que caiu por causa disso, todos os fatores contribuintes serão analisados, mas as copas das árvores estão quebradas. Pode ser que as copas se quebraram como causa ou consequência da queda. Ou as hélices se bateram e caiu ou se chocou por causa da queda. Tiramos fotos e vou analisar", afirmou o oficial.