Brasil
Filha de Garotinho diz que transferência do pai em maca foi "desumana"
Juiz determinou transferência para Gericinó alegando que ele recebeu "diversas regalias"
A filha do ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, Clarissa Garotinho, disse que é desumano que seu pai seja transferido do Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro, para o Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, Zona Oeste do Rio, onde ele não poderá receber o tratamento médico que foi indicado para seu quadro cardíaco. A saída de Garotinho do hospital foi marcada pela resistência do ex-governador e choro da filha. O ex-governador foi preso sob a acusação de usar programas sociais para comprar votos.
Na noite de quinta-feira (17), o Juiz Glaucenir Silva do Oliveira, de Campos de Goytacazes, decidiu pela transferência, por conta de suspeitas de que o ex-governador tenha recebido tratamento privilegiado na unidade pública. Glaucenir afirmou ter chegado ao seu conhecimento que “Anthony Garotinho estava recebendo diversas regalias no Hospital Souza Aguiar” e que “nenhum preso por ordem judicial pode ter direito a qualquer regalia ou tratamento diferenciado, seja em unidade prisional ou hospitalar”. A família desmentiu os favorecimentos.
O ex-governador ficou sozinho em um quarto no hospital desde a última quarta-feira (16), quando chegou ao local após ter sido preso pela Polícia Federal e ter passado mal. Ele foi submetido a exames que mostraram alterações cardíacas e a equipe médica indicou que ele passasse por um cateterismo e continuasse internado até ser transferido para o Instituto de Cardiologia Aloysio de Castro, no Humaitá, na próxima segunda-feira, quando haveria vaga no local.
A família rebateu a decisão do juiz e afirmou que a UPA do Complexo de Bangu não tem unidade coronariana e que, assim, não tem condições de receber um paciente com problemas cardíacos.
“Quer dizer que você tem um paciente médico com um laudo do hospital Souza Aguiar, dizendo que precisa de uma transferência pra um lugar em que ele não pode ser atendido pra ter uma ambulância pra sair correndo caso ele precise, não queremos privilégio nenhum, nós queremos que ele tenha toda a assistência médica que ele tem direito. Inclusive telefonei agora há pouco para o deputado Marcelo Freixo, presidente de direitos humanos da Alerj, que também considerou essa decisão absurda. Não é questão de descumprir uma ordem judicial, todas as ordens judiciais estão sendo cumpridas, é uma questão de que a justiça não pode ser desproporcional. Transferir um paciente pra um lugar onde ele não tem condições de ser atendido, isso é uma desumanidade”, afirmou a deputada Clarissa Garotinho, filha do ex-governador, que protagonizou uma cena de desespero ao ver o pai deixando o Hospital, enquanto chorava, afirmando que ele “não é bandido”.
A também ex-governadora Rosinha Garotinho, esposa de Garotinho, alegou que não houve nenhum benefício no tratamento dispensado a ele.“A regalia que disseram que eu estava tendo no hospital é dizer que eu estava dormindo dentro do CTI. As minhas testemunhas têm que ser os agentes federais que estavam lá dentro do CTI com ele. Eu passei a noite numa sala, quem estava dentro do CTI com ele eram os agentes federais. Então pergunte pra eles. Eu não dormi no CTI, eu só fiquei lá no hospital como todo mundo. Até mesmo porque ele é uma pessoa pública, ele estava em um quarto mais reservado pruma pessoa que precisa de mais privacidade”, disse ela.
A Secretaria Municipal de Saúde negou que tenha concedido privilégios a Garotinho durante seu tempo de internação e afirmou que a sala que ficou destinada à família dele foi designada dessa forma para não atrapalhar o funcionamento do hospital.Imagens veiculadas pelo "Jornal das Dez", da GloboNews, mostram o momento em que Garotinho é levado de maca para uma ambulância e se debate, parecendo estar bastante alterado.
Exame marcado para segunda-feira
Garotinho foi levado para Gericinó apenas algumas horas depois de a Secretaria Municipal de Saúde do Rio informar que ele permaneceria internado no Souza Aguiar até segunda-feira (21), para fazer exame de cateterismo que investigaria se há obstrução em alguma artéria coronariana.
Após ser preso, o ex-governador se queixou de dores no peito e alteração na pressão arterial e em batimentos cardíacos. Ao ser submetido a um ecocardiograma de esforço, realizado na manhã desta quinta, ele se queixou de dor intensa, que sugere um quadro de angina, levando os médicos a recomendar o cateterismo, agendado para o Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro (IECAC).
Garotinho chegou a pedir transferência para o Hospital da Unimed, na Barra da Tijuca, onde recebe tratamento cardíaco, mas não conseguiu. Segundo a SMS, a prefeitura deu autorização para a transferência, mas a Polícia Federal negou o pedido.
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