Brasil
Funcionários de hospital denunciam reaproveitamento de seringas no RJ
Hospital Estadual Melquíades Calazans, em Nilópolis, sofre com a crise. Faltam insumos básicos para atendimento aos pacientes.
A crise na saúde do Rio de Janeiro tem se agravado a cada dia. Funcionários do Hospital Estadual Melquíades Calazans, em Nilópolis, na Baixada Fluminense, denunciam a falta de insumos básicos e dizem que até seringas estão sendo reaproveitadas.
A reportagem do Bom Dia Rio conseguiu entrar no hospital nesta quarta-feira (25) e fez imagens de papeleiras sem papel para secar as mãos, das saboneteiras sem sabonete, pacientes e médicos tão lavando a mão só com água, do porta papel higiênico sem papel e das gavetas onde deveriam estar materiais de trabalho para médicos e enfermeiros, vazias.Na UTI Neonatal, que fica no segundo andar do hospital, há uma ala que foi desativada há 15 dias e está com equipamentos parados, fora de uso. Ela deveria ser utilizada para o tratamento de bebês prematuros e de bebês que apresentam algum tipo de problema.“A gente chega lá para atender os pacientes e é uma sujeira. Não tem roupa de cama desde o dia 17 e às vezes a gente chega para trocar o paciente, o paciente está sujo porque não tem lençol, sujo mesmo, de fezes e urina. E estamos sem luva, a luva está sendo contada. A gente às vezes tem que usar a mesma luva para tratar os pacientes todos. As seringas estão sendo contadas também. A gente tem que fazer reaproveitamento de seringas, entendeu?”, denunciou uma funcionária que não quis se identificar.
“Existe também a falta de medicação. Estamos tendo de usar medicações similares, por falta de material. Falta de luvas, falta de gaze, falta de compressa estéril, falta de fios de sutura, falta de sabão para lavagem das mãos, falta de papel toalha, falta de papel higiênico, enfim, faltam insumos em geral”, relatou outra funcionária.
Outra funcionária afirmou que os pacientes são orientados a procurar por outros hospitais ou, até mesmo, levar de casa materiais para serem atendidos.
“Pacientes estão sendo orientados a procurarem outras unidades por falta de insumos, por falta de condição de serem atendidos nessa unidade. E as que aqui já existem estão sendo orientadas a trazerem materiais de suas próprias casas”, disse.Além disso, a alimentação de funcionários e pacientes está comprometida, conforme relatou um funcionário que também pediu para não ser identificado.
“A comida do Hospital Melquíades Calazans está sendo ovo. Um ovo cozido, um ovo verde, que aparentemente está há uns três dias já cozido e é o que está sendo servido para o funcionário, para o paciente, para o acompanhante”, reclamou.
Não bastassem os problemas, há também atraso no pagamento de salários. “Estou indo trabalhar sem receber os meus salários. Meu salário já era para ter sido recebido desde o dia 5. E isso não vem acontecendo só agora, não. Desde dezembro que está acontecendo esse atraso. E a gente chega até a direção para cobrar, e eles não dão um pingo de satisfação”, afirmou uma funcionária.Questionada sobre os problemas no hospital de Nilópolis, a Secretaria Estadual de Saúde disse que o Centro de Tratamento de Queimados, a maternidade e a UTI adulto estão funcionando sem desassistência dos pacientes. Além disso, afirmou que as cirurgias eletivas serão reagendadas. A secretaria justificou as dificuldades na gestão alegando que está trabalhando com 40% do orçamento total previsto para a pasta.
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