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Revista publica fotos da prisão de Crivella há 26 anos no Rio de Janeiro

Imagens mostram candidato em duas fotos tiradas na 9ª DP (Catete)

Por G1 22/10/2016 17h11
Revista publica fotos da prisão de Crivella há 26 anos no Rio de Janeiro
Reprodução - Foto: Assessoria

A revista Veja publicou neste sábado (22) uma reportagem sobre a prisão, na década de 90, do candidato à prefeitura do Rio, Marcelo Crivella, do PRB. Segundo o inquérito, ele, com homens armados, tentou desalojar, com ameaças, um homem e a família dele de um terreno da Igreja Universal. Crivella confirma a ação, mas nega que tenha feito ameaças. E diz que não houve prisão, mas ida à delegacia para identificação, um ato, segundo ele, para constrangê-lo e que, por isso, na época processou o delegado por abuso de poder. Segundo a revista, o inquérito ficou desaparecido por 25 anos.

Nas imagens divulgadas pela revista, o candidato aparece de frente e de perfil, em duas fotos tiradas na 9ªDP (Catete) no dia 18 de janeiro de 1990. Segundo a reportagem, Crivella passou o dia na prisão e só saiu com o compromisso de voltar no dia seguinte. O inquérito policial estava guardado há 25 anos, mas não estava em um arquivo público, e sim na casa do senador.  A revista diz que ele só decidiu mostrar o inquérito depois de ser confrontado com as fotos. A investigação policial tem 117 páginas.

Capa da revista (Foto: Divulgação)

Os fatos narrados no inquérito aconteceram em uma rua do bairro de Laranjeiras, onde existia um terreno comprado pela Igreja Universal do Reino de Deus para a construção de um templo. Na época, Crivella era um engenheiro que construía os templos da Universal. Ele teria ido até o local e a confusão começou.

A revista Veja traz as diferentes versões contadas à polícia. O vigia Nilton Linhares, que morreu em 2001, reivindicava a posse do terreno. No inquérito, o advogado dele diz que Crivella foi até o local com seus comandados, chegou arrombando o portão com um pé de cabra  e seguranças armados de revólveres, ameaçando toda a família do segurança, esposa e duas filhas. Segundo a revista, foi então que a polícia teria sido chamada.

Na reportagem, o candidato confirma que foi até o local. "Estava revoltado, acordei de manhã, peguei os caminhões que a gente tinha e fui pra lá. Arrebentei aquela cerca, entrei lá dentro, comecei a tirar as coisas dos caras e botei em cima do caminhão. Mas não toquei nas pessoas. Tinha uns 10 homens comigo", afirmou.

Até a última atualização desta reportagem, Marcelo Crivella não havia dado entrevista para esclarecer o episódio e optou por gravar um vídeo nas redes sociais dando sua versão  e negando a prisão.

“Alô meus amigos. Vocês devem estar se perguntando sobre a capa da revista Veja. Vou esclarecer. Nunca fui preso. O que ocorreu é que há 26 anos atrás, como engenheiro, fui chamado para fazer inspeção na estrutura de um muro que tinha risco de cair e machucar as pessoas. O terreno era da Igreja Universal, mas estava invadido e os invasores não deixaram eu entrar. Deu uma confusão danada e foi todo mundo pra delegacia. Lá, o delegado resolveu identificar a todos, por isso, essa foto que você viu na capa. Mas não deu processo, nada, absolutamente nada. Pelo contrário, eu é que iniciei um processo contra ele por abuso de autoridade. Eu repito, nunca fui preso, nunca respondi nenhum processo. E posso provar com todas as certidões que apresentei no momento que me inscrevi para ser candidato a prefeito do Rio de Janeiro. Fiquem tranquilos, eu sou Ficha Limpa. Um grande abraço.”, disse Crivella no vídeo.

Ainda de acordo com a revista, o senador contou que o inquérito foi arquivado um ano mais tarde e que nesta ocasião teria ido à delegacia e recebido o material das mãos do delegado João Kepler Fontenelle, já falecido. Segundo a reportagem, a Igreja Universal ameaçava processar o delegado pela forma como conduzira o caso. Daí, o agrado a Crivella. "Ele me disse: 'Vou te dar as fotos. Vou tirar isso daqui. Fiz para te constranger, mas estou arrependido".

Segundo a reportagem, a ficha policial de Crivella só voltou aos arquivos oficiais há seis meses, na forma de uma discreta anotação em um cadastro estadual de acesso restrito.

O G1 entrou em contato com a Polícia Civil para esclarecer o possível desaparecimento do inquérito e, de acordo com a Delegacia de Acervo Cartorário da Polícia Civil, uma pesquisa está sendo realizada para apurar as informações veiculadas pela imprensa sobre o procedimento instaurado em 1990.