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Médico é condenado por homicídio culposo pela morte de jornalista

Repórter morreu durante cirurgia de lipoescultura; cabe recurso à decisão

Por G1 14/10/2016 15h07
Médico é condenado por homicídio culposo pela morte de jornalista
Reprodução - Foto: Assessoria

A Justiça do Distrito Federal condenou o médico Haeckel Cabral Morae por homicídio culposo, por entender que ele não teve a intenção de matar a jornalista Lanusse Martins Barbosa em uma cirurgia de lipoescultura. A pena, fixada em dois anos de detenção, deve ser convertida em penas restritivas de direitos a ser determinada pela Vara de Execuções Penais. Cabe recurso. O G1 não conseguiu localizar a defesa do médico.

A morte ocorreu em 2010, quando a repórter tinha 27 anos. De acordo com o laudo do Instituto Médico Legal (IML), durante a cirurgia de Lanusse dois cortes provocaram uma hemorragia: um na região acima do quadril direito e outro, abaixo do umbigo. Ainda segundo a perícia, a cânula ultrapassou a parede abdominal e perfurou a veia do rim direito.

A hemorragia grave provocou a queda gradual da pressão, da frequência cardíaca e a parada do coração. A cirurgia foi feita sem a presença de um cirurgião auxiliar e sem a estrutura necessária (UTI, banco de sangue e ambulância).

Na decisão, o juiz da 6ª Vara Criminal de Brasília entendeu que “diante das provas contundentes reunidas e devidamente analisadas, não há qualquer dúvida quanto ao fato denunciado e imputado ao réu (homicídio culposo), pois, embora não quisesse o resultado, em razão de sua conduta negligente, imperita e imprudente, adveio o resultado morte”.

A jornalista Lanusse Martins em reportagem (Foto: TV Globo/Reprodução)

O Conselho Regional de Medicina, cirurgias de estética podem ser feitas em centros cirúrgicos sem UTI. Na época, a Vigilância Sanitária vistoriou o hospital e não encontrou irregularidades.

Alerta

A delegada que investigava o caso, Martha Vargas, disse em 2010 que o anestesista avisou ao cirurgião que havia algo errado durante o procedimento e pediu para que a cirurgia fosse suspensa. "Ao não abrir a paciente, ele assumiu o risco [de ela morrer]", disse.

De acordo com o perito Gilberto Alves, o processo de reanimação, que levou cerca de 1h15, diante de uma parada cardíaca, estava correto. No entanto, ele pode ter aumentado a vazão de sangue e piorado a situação.

Lanusse perdeu pelo menos 1,5 litros de sangue. De acordo com a polícia, esse total pode ser ainda maior. Para uma pessoa com o peso e altura da jornalista, o total de sangue do corpo é de cerca de 4,5 litros.