Turismo

Fábrica Carmen recebe visita técnica para discutir ideias para museu a céu aberto

Coordenadores e técnicos estiveram no local na terça-feira e têm 15 dias para apresentar propostas de ocupação e atividades

Por Deborah Freire com Secom Maceió 24/02/2022 16h43 - Atualizado em 24/02/2022 16h48
Fábrica Carmen recebe visita técnica para discutir ideias para museu a céu aberto
Coordenadores e técnicos fizeram visita à Fábrica Carmen para formatar ideias para o local - Foto: Itawi Albuquerque / Secom Maceió

Uma manhã de caminhada, debates, fotografias, anotações e muitas ideias. O espaço da antiga Fábrica Carmen, no bairro de Fernão Velho, onde a Prefeitura de Maceió pretende criar um museu ecológico a céu aberto, inspirou coordenadores e técnicos do Grupo de Trabalho que encabeça o projeto.

Eles estiveram no local esta semana para identificar oportunidades de intervenções, compartilhar experiências e trocar informações sobre o que é ou não permitido no espaço, inserido na Área de Proteção Ambiental (APA) do Catolé e Fernão Velho.

O resultado da visita será apresentado daqui a 15 dias, quando os coordenadores irão levar ideias, referências e laudos, como no caso da Defesa Civil, para direcionar como o Município poderá revitalizar uma área tão grande, hoje completamente ociosa.

“Nesse encontro, cada coordenador fez suas observações, e tanto a Coordenação de Meio Ambiente como a de Patrimônio se preocuparam em relação ao nível de abandono do local. É importantíssimo que o Município abrace esse lugar, pensando na questão da preservação, tanto patrimonial e histórica como ambiental, para que ele possa receber inúmeros trabalhos, projetos culturais, desportivos, ambientais e tantos outros”, ressalta o coordenador geral do GT, Fábio Palmeira.

De acordo com o coordenador de Meio Ambiente do grupo, Valdir Martiniano, o espaço da fábrica, que inclui uma área de Mata Atlântica com dois reservatórios naturais de água, ocupa pouco mais de 10 hectares em uma área de 5.400 hectares da APA de Fernão Velho, que abrange Maceió, Satuba, Coqueiro Seco e Santa Luzia.

A APA, diferente da Área de Proteção Permanente (APP), permite o uso sustentável dos recursos naturais e tem mais facilidade de desapropriação. Além disso, ele lembra que o local já possui plano de manejo desde 2019, elaborado por uma construtora como compensação ambiental após a construção de um loteamento.

(Foto: Itawi Albuquerque / Secom Maceió)

“Trata-se de uma área particular que não está sendo bem manejada, tem partes degradadas, espécies exóticas rachando a contenção do reservatório. Essa área pode ser mais racionalmente explorada, com a plantação de espécies nativas, mais atrativas à fauna. A água que excede o reservatório em período de cheia pode ter um fim melhor, como uma piscina artificial na parte mais baixa do terreno”, afirma Martiniano.

Atividades e sustentabilidade econômica


O coordenador de Planejamento e Desenvolvimento Econômico, Eduardo Monteiro, identificou na visita que o espaço tem capacidade para ser economicamente autossustentável e ainda gerar desenvolvimento ao bairro.

Dentre as ideias de atividades que podem ser praticadas no local, ele cita trilhas, passeios a cavalo, charrete, quadriciclo e arvorismo. Além disso, podem ser construídas quadras e pistas dos mais diferentes esportes (caminhada, ciclismo, beach tênis, futevôlei, vôlei de praia, patins, skate, patinete e esportes equestres).

“Com muito estudo participativo, cautela, responsabilidade e planejamento, o local pode ser transformado não só em um renomado ponto turístico, mas também em um complexo ambiental, educacional, poliesportivo, gastronômico, de lazer, e capaz de gerar empregos e renda para a população local. O Complexo Carmen deve atrair investimentos das mais diversas áreas, devolvendo ao bairro de Fernão Velho seu merecido valor”, destaca.

Na área de turismo, o coordenador de Informações Turísticas e Estruturação de Roteiros da Secretaria de Turismo, Alfredo Tenório, que participou da visita como convidado e agora integra o GT, o Complexo Carmen pode receber exposições de artes, como as obras de Pierre Chalita e outros artistas alagoanos, tendo como referência o Instituto Ricardo Brennand, em Recife.

O espaço também poderá receber exposições, congressos e outros eventos. E, para a parte natural, onde estão os reservatórios, ele visualizou o aproveitamento por meio de atividades de contemplação, como pedalinhos e barco a remo.

Somam-se a essas ideias as ações pensadas pela Coordenação de Arquitetura, dentre as quais estão um teatro a céu aberto e salas de cinema. Para a coordenadora, Adriana Codá, a revitalização da fábrica precisa inserir os moradores de Fernão Velho e reavivar a história dos trabalhadores e de suas famílias.

Fábrica Carmen ainda em funcionamento, no século passado (Foto: Autor desconhecido)

“A Fábrica Carmen tem uma representatividade muito grande para a comunidade de Fernão Velho, ela movimentava aquele bairro. Portanto, vamos resgatar isso, colocando os documentos que encontramos lá em exposição no museu. Na parte ecológica, teremos dentro de Maceió um lugar para respirar ar puro. Queremos retomar a vida ali, fazer ressurgir aquela fábrica, de forma que as pessoas que moram lá se reconheçam em cada ponto”, afirma.

“A Fábrica Carmen tem uma representatividade muito grande para a comunidade de Fernão Velho, ela movimentava aquele bairro. Portanto, vamos resgatar isso, colocando os documentos que encontramos lá em exposição no museu. Na parte ecológica, teremos dentro de Maceió um lugar para respirar ar puro. Queremos retomar a vida ali, fazer ressurgir aquela fábrica, de forma que as pessoas que moram lá se reconheçam em cada ponto”, afirma.

A mesma opinião tem a coordenadora de Patrimônio, Adeciany Souza. Ela já coletou documentos e levantamentos acerca do bairro para nortear a revitalização, e defende que todo o projeto permita a integração do museu a céu aberto com a comunidade.

Em um dos documentos, o Mapa das Potencialidades de Fernão Velho, são destacadas as atividades e os lugares que podem ser estimulados pelo poder público, como a apicultura, a pesca, as praças e a igreja, o mirante, o cais e os mananciais.

Ela ainda aponta a necessidade de o Município firmar parcerias com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), para a proteção patrimonial dos imóveis do bairro, e com a Universidade Federal de Alagoas, para a catalogação dos documentos antigos encontrados na fábrica.