Turismo

Retomada da economia não depende de pressões

Rafael Brito, titular da Sedetur e do Grupo de Trabalho, volta a destacar importância do cumprimento de protocolos

Por Carlos Victor Costa 20/06/2020 09h21
Retomada da economia não depende de pressões
Reprodução - Foto: Assessoria
Enquanto Alagoas caminha para 900 mortes por coronavírus, o setor empresarial do estado vem demonstrando, principalmente na última semana, que o tom de preocupação tende a ser a sobrevivência dos CNPJs (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica). A pressão em cima do Governo de Alagoas está cada vez mais evidente para que seja autorizada, a partir de segunda-feira (22), a imediata reabertura dos setores comerciários. À Tribuna Independente, o secretário de Turismo e membro do Grupo de Trabalho que vem estabelecendo protocolos de funcionamento dos setores econômicos, após o período de isolamento social, em Alagoas, Rafael Brito, disse que é evidente que as entidades econômicas estão defendendo as suas categorias e possuem uma visão mais resumida. “A visão do Governo do Estado é mais ampla e holística. Precisamos entender a visão das entidades, os aspectos epidemiológicos, de saúde, de segurança pública, dentre outros. Então, são diversos componentes em torno disso que precisamos trabalhar. Mas com relação às entidades, compreendo o posicionamento e não vejo como eles pensarem diferente do posicionamento que estão tendo atualmente”, ressaltou o secretário, lembrando ainda que o estado já está com os estabelecimentos fechados há 90 dias. “Tenho dito que a abertura está próxima, e precisamos buscar novas medidas de segurança - como a adesão de protocolos sanitários e de cuidados de higiene -, que serão essenciais para prevenção. Não conseguimos dizer se existe essa quebra ou não das empresas. Existem relatos de empresas fechadas, mas há também um grande número de empreendimentos que vão suportar essa crise e continuar crescendo aqui em Alagoas”. Questionado como o Estado lida com essa pressão justamente na semana em que o decreto de isolamento está prestes a ser finalizado, Rafael Brito explicou que a pressão é inerente ao serviço público. “Todo gestor público recebe pressão constantemente no processo de tomada de decisão. O que é mais importante é que o governo não toma nunca uma decisão, em hipótese alguma, baseada em pressão. Nem pressão de empresários, de qualquer outro ente público ou pressão de técnicos da saúde. O governo opta pelo melhor caminho sempre, observando o todo da sociedade e considerando os diversos fatores envolvidos”. Setor comerciário está pronto para reabrir imediatamente A pressão do setor comercial já era evidente há algumas semanas, mas cresceu ainda mais após as falas recentes do governador Renan Filho (MDB) ao tratar sobre as possibilidades de um “isolamento social controlado” que seria posto em prática junto a um protocolo sanitário formatado pelo Grupo de Trabalho do Governo em conjunto com as entidades que defendem o setor empresarial e comerciário. Na última semana, a Associação Comercial de Maceió, emitiu uma nota demonstrando insatisfação com “algumas manifestações inesperadas do Governo Estadual, pondo em incerteza a retomada gradual das atividades econômicas prevista para o próximo dia 22”, e ressaltou, sem apresentar fundamentos que atestem tais defesas, que os indicadores de contágio entraram em descenso, a taxa de letalidade de Alagoas é uma das menores do país e o a taxa de ocupação dos leitos também caiu expressivamente, especialmente na rede privada. “A Associação Comercial de Maceió sempre pregou a obediência civil às normas editadas pelos entes governamentais. Por isso mesmo, não pode aceitar qualquer ato que tenda ao descumprimento do programa estabelecido pelo próprio Governo ou que postergue a retomada para após o dia 22, o que somente agravará sobremaneira a crise por que passamos, tornará inevitável as demissões em massa, fechamento definitivo de diversas empresas, inviabilizará o recolhimento de tributos e, por conseguinte, gerará um rombo ainda maior nas contas públicas, tornando impossível o custeio basilar da própria saúde e dos vencimentos dos servidores”, diz um trecho da nota. Em um tom mais leve, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Alagoas (Fecomércio AL) acredita que o setor está pronto para retomar as atividades no estado. O presidente da entidade, Gilton Lima, defendeu que as empresas se empenharão na implementação das medidas. “Tudo o que o empresário deseja, neste momento, é reabrir as suas portas. Então, acredito que não haverá dificuldade em seguir os protocolos sanitários”, analisa. “Como havia uma expectativa do Comércio reabrir na semana passada, as empresas já se prepararam para a volta das atividades. O comércio está pronto para uma reabertura imediata”, avalia.