Turismo

Turismo: que futuro se espera para a hotelaria em Alagoas?

Pessoas só poderão viajar com segurança depois do isolamento social

Por Texto: Claudio Bulgarelli – Sucursal Região Norte 25/04/2020 10h04
Turismo: que futuro se espera para a hotelaria em Alagoas?
Reprodução - Foto: Assessoria
A pandemia de coronavírus trouxe centenas de perguntas e inúmeras dúvidas a quem tinha viagens marcadas, hotéis reservados, passeios comprados e sonhos desfeitos. Mas também trouxe a tona questões de como será viajar quando tudo isso passar. Na teoria, segundo especialistas, as pessoas só poderão viajar com segurança depois que órgãos nacionais e internacionais indicarem que é seguro fazê-lo. Na prática, superado o medo e o isolamento social deixar de ser obrigatório, as pessoas certamente vão voltar a viajar. Alagoas, com seus polos turísticos, bem como boa parte do Nordeste, vai sofrer pesadamente. Maceió, por exemplo, que conta com quase 100 por cento de suas reservas em hotéis oriundas de estados emissores como São Paulo, Mato Grosso, Goiás e Distrito Federal, vai levar muito mais tempo para iniciar a recuperação, pois as pessoas estarão com medo de viajar de avião, com o trauma de que foi esse meio de transporte que levou o coronavírus para todos os países do mundo. Mesmo com vários eventos, teoricamente agendados para o segundo semestre, pode não ser suficiente para uma recuperação na capital com seus milhares de leitos. Já os polos turísticos, sobretudo a Costa dos Corais, Litoral Sul e Vale do São Francisco, por estarem próximos as divisas com estados importantes, Pernambuco, Bahia e Sergipe, que sempre tiveram participação na emissão de turistas, e que contam com atrações turísticas conhecidas internacionalmente, podem dar início a uma retomada já a partir de junho ou julho. Nesse caso, o turismo regional com o transporte terrestre em primeiro lugar e depois o automóvel particular, podem garantir a retomada. Em segundo lugar, o chamado turismo primário, feito dentro do próprio estado pode garantir a essas cidades turísticas um pouco de folego. Mas o mercado de turismo, como não poderia deixar de ser, tem as suas próprias previsões. E algumas empresas lançaram mão de pesquisas com o intuito de entender como está o ânimo e o desejo do consumidor. Uma pesquisa feita pelo Panrotas com os profissionais da área de turismo traz um grande otimismo: 80% dos trabalhadores do chamado trade de viagens têm esperanças de que a retomada aconteça a partir de maio e junho. Já uma pesquisa realizada no final de março pelo buscador de passagens aéreas Skyscanner, revela que 53% dos entrevistados acredita que será seguro viajar para o exterior a partir de setembro. A verdade é que tudo dependerá da evolução da epidemia e, principalmente, da retomada dos voos. Azul quer normalizar operações a partir de julho A companhia área Azul, por exemplo, disse em suas redes sociais, que realmente gostaria de normalizar suas operações em julho, aumentando gradativamente a quantidade de voos a partir de maio. Já a Latam e a Gol preferiram não fazer previsões. Mesmo com o cenário incerto, agências de viagem já estão vendendo produtos para o segundo semestre. A Submarino Viagens afirmou que está estimulando seus clientes a iniciar “seu planejamento para viagens no segundo semestre, a partir de agosto”. E a CVC retomou o contato com seus fornecedores, como hotéis, empresas de passeios e de transporte locais, para começar a avaliar tarifas e disponibilidade para o final do ano. O presidente da CVC, Guilherme Paulus, disse durante a semana num debate promovido pelo Costa dos Corais Convention que Alagoas deverá se beneficiar, inicialmente, com o turismo regional e terrestre, tanto é que a empresa já começou a estudar essa possibilidade. O hoteleiro Márcio Coelho, diretor de 5 hotéis em Maceió, que tem sua clientela basicamente oriunda de polos emissores como São Paulo e Mato Grosso, acredita que pode levar muito mais tempo para as pessoas iniciarem a viajar de avião. Já o pousadeiro Nilo Bulgarelli, dono da principal pousada da Rota Ecológica, a Pousada do Toque, acredita que o turismo regional vai beneficiar bem pouco as dezenas de pousadas de charme espalhadas por Alagoas. Hoteleiros criam estratégias comerciais para superar crise Na tentativa de minimizar os prejuízos com a pandemia e criar novas oportunidades de negócios, hoteleiros alagoanos estão investindo em novas propostas comerciais, com política de descontos, ofertas, remarcações e pacotes com atrativos. O foco é proporcionar vantagens ao cliente que comprar visando uma viagem pós-pandemia, como conta Adriana Vasconcelos, diretora comercial da MME Hotéis, grupo responsável pelos hotéis Maceió Mar e Acqua Suítes, ambos na capital alagoana. “Nós criamos algumas estratégias, repaginamos o site dos hotéis, focando na venda online, que já representava cerca de 20% das vendas e a tendência é crescer. Criamos vale viagem com desconto, onde o turista compra agora, viaja quando quiser e puder. Ainda estamos trabalhando com a remarcação de pacotes já vendidos até 2021”, explica. Diretor comercial do grupo Ritz, também proprietário de dois hotéis em Maceió, Pietro Coelho conta que o objetivo é focar no turismo regional neste primeiro momento. “Estamos focando as estratégias de vendas no público regional, com foco para a partir de agosto. Criamos pacotes que incluem vantagens, como todas refeições servidas no quarto, e produzimos conteúdo para que fique muito transparente para os consumidores as preocupações e a conduta que estamos adotando com relação as medidas sanitárias e higiênicas”, pontuou.