Turismo

'Litoral Norte sem lixões é uma vitória para o turismo'

Segundo prefeitos e empresários, fechamento fortalece setor na região

Por Claudio Bulgarelli com Tribuna Independente 23/05/2018 08h27
'Litoral Norte sem lixões é uma vitória para o turismo'
Reprodução - Foto: Assessoria
Para uma região que não possui parque industrial, onde a rede de comércio e de serviços é usada somente por seus habitantes e onde as prefeituras municipais respondem pela contratação, em alguns casos, de pelo menos 10% da massa trabalhadora, o turismo se tornou, especialmente nos últimos 10 anos, na principal atividade econômica da maioria dos municípios do Litoral Norte, sobretudo aqueles ao longo do litoral. E um município sem lixões, segundo os gestores municipais e o trade turístico, é uma grande vitória para o turismo da região. A análise é correta, segundo o presidente do Conorte, o consórcio que reúne todos os municípios do Litoral Norte para a questão dos resíduos sólidos, David Pedrosa, que é também prefeito de Porto Calvo, por sinal o município que vai abrigar a estação de transbordo, que vai receber o lixo de todos os consorciados antes de ser encaminhado para a Central de Tratamento na cidade de Pilar. Menos Paripueira e Barra de Santo Antônio, que fazem parte do Consórcio Metropolitano, os municípios da região Norte estão desativando todos os seus lixões. “As pessoas vão perceber a importância desse ato de fechar os lixões na região Norte. O Fechamento dos lixões é essencial para a saúde pública e o meio ambiente e 100% benéfica para o turismo, que é a principal indústria para o litoral. As pessoas vão ver como isso é bom para todos. A união dos gestores foi muito importante para encerrarmos as atividades dos lixões da região”, afirmou o presidente do Conorte. Mesmo pensamento tem o vice-presidente do Conorte, Bureco Ataíde, prefeito de São Miguel dos Milagres, município que apresentou nos últimos anos o maior crescimento turístico de Alagoas, tendo sua imagem projetada nacionalmente por suas belas praias. “Agora vamos poder realmente afirmar que nosso município recolhe seu lixo e que tem ele destino certo. Para os cidadãos isso é fundamental. Para o turismo é uma grande vitória”. O empresário Nilo Bulgarelli, da Pousada do Toque, uma das poucas pousadas do litoral norte que adota uma política quase que total de sustentabilidade em suas atividades, tem acompanhado as ações de fechamento dos lixões desde que participou em 2010 da elaboração do Plano Diretor de São Miguel dos Milagres. “Já naquela época discutíamos como encerrar as atividades dos lixões. Demorou, mas estarmos livres dos lixões a céu aberto é a mais bela notícia para o turismo da região”. Mais sete vazadouros são encerrados   O anúncio feito semana passada pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh) sobre o encerramento de mais sete lixões na região Norte retrata a importância que os gestores deram ao assunto, sobretudo pressionados pelo prazo final de encerramentos dos lixões dado pelo Ministério Público Estadual (MPE), em base a lei federal. Foram encerrados os lixões de Matriz de Camaragibe, Porto Calvo, Japaratinga, Porto de Pedras, São Miguel dos Milagres, Passo de Camaragibe e São Luís do Quitunde. Sendo assim, o Estado de Alagoas está próximo de um grande feito inserido na política de resíduos sólidos. Em menos de quatro anos, todos os lixões a céu aberto localizados nos municípios estarão fechados. Os últimos vazadouros públicos que irão encerrar as atividades estão situados nas cidades de Feliz Deserto, Piaçabuçu, Penedo e Igreja Nova. O próximo passo para as prefeituras é a realização do Plano de Recuperação das Áreas Degradadas que deve ser apresentado ao IMA dentro de um ano, para que em até quatro anos todas essas áreas estejam completamente recuperadas. Nos lixões, os resíduos são depositados em aterros a céu aberto sem nenhum controle ambiental ou tratamento. Além de produzir o gás natural metano (CH4), um dos agravadores do efeito estufa, a decomposição da matéria orgânica gera o caldo chorume, altamente poluente. Como o terreno dos lixões não é impermeabilizado, o chorume se infiltra no solo e contamina o lençol freático, com efeitos nocivos sobre a água, flora e a fauna e comprometimento da saúde pública. Segundo os dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública (Abrelpe), por ano, 30 milhões de toneladas de rejeitos vão parar nos lixões sem qualquer tratamento. O problema também ganha contornos econômicos e sociais, pois muitas pessoas tiram seu sustento desses locais insalubres, recolhendo o lixo para reaproveitar os materiais, sujeitando-se a contaminação e doenças.