Saúde

Pacientes compartilham novas rotinas e aprendizados após vencer o câncer de mama

Apoiadora do Outubro Rosa, Santa Casa de Maceió ressalta a importância da prevenção e do autocuidado

Por Assessoria 28/10/2025 09h48
Pacientes compartilham novas rotinas e aprendizados após vencer o câncer de mama
Projeto Mama-Mulheres Vencedoras acontece toda ultima segunda-feira do mês - Foto: Assessoria

O diagnóstico de um câncer de mama costuma mudar completamente a vida de quem o recebe. Medo, incerteza e angústia se misturam aos desafios do tratamento, mas também podem dar lugar à coragem, à fé e à redescoberta de um novo modo de viver.

Neste Outubro Rosa, mês dedicado à conscientização e à prevenção do câncer de mama, a Santa Casa de Maceió compartilha histórias de mulheres que enfrentaram a doença com força e hoje celebram a vida com gratidão, novos hábitos e um olhar mais carinhoso sobre si mesmas.

Maria de Lourdes Melo: “Aprendi a valorizar mais a vida”

Aos 54 anos, Maria de Lourdes Melo recebeu o diagnóstico de câncer de mama. O susto foi grande, mas o apoio da família e o acompanhamento médico foram essenciais para que ela encarasse o tratamento com coragem. “Foi um momento muito difícil. Senti medo, tristeza e angústia. Mas comecei o tratamento assim que descobri e contei com o apoio da minha família o tempo todo”, relembra.

Durante o processo, Lourdes precisou adaptar sua rotina e adotar novos hábitos. Hoje, aos 71 anos, ela se considera uma mulher mais forte e consciente da importância de cuidar da saúde. “Você aprende a valorizar mais a vida e a priorizar os momentos que são realmente importantes”, afirma.

A atividade física e o convívio familiar foram fundamentais para atravessar o período mais delicado com leveza. “A família e a rotina de exercícios me ajudaram muito. O que eu deixo de mensagem é: tem que lutar mesmo diante da dificuldade, pois a vida continua.”

Edlane Laurentino: duas batalhas e uma vida repleta de conquistas


Edlane Laurentino da Silva teve o primeiro diagnóstico de câncer de mama aos 38 anos. Após o tratamento inicial, que incluiu cirurgia, radioterapia e quimioterapia, acreditou ter superado a doença, mas, cinco anos depois, o câncer voltou.

“A doença voltou com cinco anos, e a médica resolveu fazer a retirada total da mama. Foram oito sessões de quimioterapia, mas graças a Deus, desde então, estou bem”, conta.

Hoje, aos 56 anos, Edlane celebra quase três décadas de superação e uma rotina ativa, cheia de energia e gratidão. “Faço funcional, caminhadas e participo da Remada Rosa da Rede Feminina, que me faz muito bem. Levo minha vida normalmente. Quando a gente descobre, pensa que é uma sentença de morte, mas não é. Eu pensei nos meus filhos, netos e bisnetos e graças a Deus, estou aqui, vivendo e aproveitando cada momento”, afirma emocionada.

Formado por mulheres mastectomizadas, todas atendidas pela Santa Casa de Maceió, o grupo de remadoras Eu Mama Rosa, utiliza a canoa com formato da cabeça e da cauda do dragão, dentro do Projeto Dragon Boat da Rede Feminina de Combate ao Câncer. Na embarcação, as 22 atletas se dividem entre remadoras, timoneira e ritmista, que remam de forma sincronizada e praticam um exercício que as ajuda a não desenvolver linfodemas.

Acolhimento na Santa Casa de Maceió


Além dos cuidados médicos, o apoio emocional é uma parte fundamental na recuperação e no fortalecimento de quem enfrenta o câncer de mama. Na Santa Casa de Maceió, o Projeto Mama Mulheres Vencedoras atua justamente nesse acolhimento, reunindo mensalmente cerca de 40 mulheres em diferentes fases do tratamento oncológico.

De acordo com a psicóloga da instituição Kelly Costa, que acompanha o grupo, o maior desafio enfrentado pelas pacientes está relacionado à autoimagem. “A mastectomia e a perda do cabelo são os que têm maior impacto emocional. Essas mudanças trazem sentimentos como angústia e tristeza, exigindo um processo de reconstrução emocional constante”, explica.

Para ela, o suporte psicológico é essencial nesse processo de superação e na retomada da autoestima. “O acompanhamento psicológico oferece um espaço de escuta e fala para mulheres em tratamento oncológico, ajudando a enfrentar a doença e a lidar com as alterações na autoimagem. É um processo que mostra que existe uma pessoa além do adoecimento”, destaca.

A convivência com outras mulheres que vivem situações semelhantes também faz diferença no tratamento. “O grupo é um espaço acolhedor para partilhar experiências e mostrar que é possível passar por todo o processo com determinação, persistindo no bem-estar físico e emocional”, completa a psicóloga.

Segundo Kelly, a rotina dessas mulheres muda completamente após o diagnóstico, mas o olhar sobre a vida também se transforma: “A mulher exerce muitas funções no dia a dia, e o adoecimento muda tudo. O foco passa a ser o tratamento e a recuperação, o que traz repercussões emocionais importantes. Por isso, o suporte psicológico é imprescindível.”

Prevenção salva vidas


Assim como Maria e Edlane, milhares de mulheres superam o câncer de mama todos os anos graças ao diagnóstico precoce e à força que encontram no apoio familiar, médico e psicológico. A detecção antecipada da doença aumenta significativamente as chances de cura, reforçando a importância dos exames de rotina e do autoexame.

O Outubro Rosa é, acima de tudo, um convite à conscientização e ao autocuidado, um lembrete de que a prevenção salva vidas e que, com apoio e informação, é possível vencer o câncer de mama e renascer para uma nova vida.

Projeto Mama Mulheres Vencedoras – Idealizado pelo Serviço de Psicologia, com o apoio da Rede Feminina de Combate ao Câncer, acontece na última segunda-feira de cada mês. Trata-se de um grupo psicoeducativo para mulheres em tratamento de câncer de mama ou que já passaram por tratamento, mas também é aberto à comunidade.