Saúde

Associação dos Fibromiálgicos de Alagoas precisa de sede

Estudo revela que 2,5% da população brasileira sofre da doença; Alagoas não possui estatísticas quanto ao número de doentes

Por Valdete Calheiros - colaboradora / Tribuna Independente 26/02/2025 08h56
Associação dos Fibromiálgicos de Alagoas precisa de sede
A fibromialgia causa dores insuportáveis, mas só foi reconhecida como doença no ano de 2004 - Foto: Reprodução

A Associação dos Fibromiálgicos de Alagoas (Afibal) está precisando de ajuda para adquirir uma sede própria e conseguir prestar um melhor atendimento aos seus associados. A entidade representa as pessoas com fibromialgia no Conselho Estadual de Saúde de Alagoas (CES/AL).

Não há dados oficiais sobre a quantidade de pessoas com fibromialgia em Alagoas. Estudos mostram que cerca de 2,5% da população brasileira está acometida pela fibromialgia, mas não há registros oficiais com o número exato de pessoas com fibromialgia – nem no Brasil, nem no Nordeste.

A razão para essa imprecisão é multifatorial. Tanto a subnotificação, uma vez que muitas pessoas com fibromialgia não procuram diagnóstico médico ou não têm o diagnóstico confirmado, o que subestima o número real de casos, a dificuldade de diagnóstico já que a fibromialgia é uma doença complexa e muitas vezes subdiagnosticada, pois seus sintomas podem ser confundidos com outras condições e a falta de estudos epidemiológicos, embora existam alguns estudos, a pesquisa sobre a prevalência da fibromialgia ainda é limitada em muitas regiões.

A presidente e fundadora da Afibal, Arivane de Araújo Costa, explicou que a entidade precisa ser fortalecida para contribuir e ampliar o debate sobre a inclusão, o acesso a tratamentos e políticas públicas voltadas para essas pessoas.

A Afibal é uma entidade estadual sem fins lucrativos, fundada no dia 07 de agosto de 2014, com o objetivo de promover políticas públicas e acolher pessoas diagnosticadas com fibromialgia no estado de Alagoas. Com quase 10 anos de atuação tem trabalhado para conscientizar a população sobre essa condição de saúde e garantir qualidade de vida para os pacientes.

Quem quiser a puder ajudar a Afibal, o número de contato é (82) 98830-3025.

“A Afibal presta orientação, acolhimento e atua na defesa dos direitos das pessoas com fibromialgia em Alagoas. Entre nossas principais ações, destaque para orientação sobre direitos, informamos sobre os benefícios garantidos por lei para pessoas com fibromialgia, oferecemos apoio para quem precisa, ouvindo e ajudando cada associado com acolhimento e suporte e atuamos com representação política ao participarmos de reuniões com secretários de saúde e autoridades para exigir melhorias no atendimento e nas políticas públicas”, relacionou a presidente da Afibal, Arivane de Araújo Costa.
A entidade presta ainda poio no acesso a benefícios públicos a associados.

Advogada Kamaziana Severo: legislação oferece direito a portadores (Foto: Acervo Pessoal)

Dores intensas que incapacitam pacientes caracterizam a doença

A diretora da Afibal, Ana Lydia Vasco de Albuquerque Peixoto, explicou que a fibromialgia foi incluída no Catálogo Internacional de Doenças apenas em 2004 (CID 10 M 79.7). A fibromialgia é uma doença multifatorial de causa ainda desconhecida que acomete o funcionamento do sistema nervoso central e o mecanismo de supressão da dor.

“A doença é caracterizada pela manifestação de dor crônica generalizada e recidivante que manifesta especialmente nos tendões e nas articulações. Dentre os sintomas sindrômicos estão: sensibilidade ao toque, síndrome do intestino irritável, sensação de pernas inquietas, dores abdominais, queimações, formigamentos, dificuldades para urinar, cefaleia, cansaço, sono não reparador, variação de humor, insônia, falta de memória e concentração, transtorno de ansiedade e depressão dentre outros”, detalhou.

A advogada especialista em Direito Previdenciário e professora de Direito Constitucional, Kamaziana Severo, explanou sobre a fibromialgia e os direitos previdenciários e contou sobre o que a lei garante aos portadores da doença.

“A fibromialgia, também chamada de Fadiga Crônica, é uma síndrome caracterizada por dores musculoesqueléticas generalizadas, frequentemente acompanhadas de fadiga, distúrbios do sono, problemas de memória e alterações de humor. Ela está inserida no rol de doenças dita invisíveis ou ocultas, pois não traz consigo sinais visíveis ao olhar”, discorreu a advogada que é diretora da Amprev – Associação das Mulheres Previdenciaristas de Alagoas.
Segundo ela, a condição impacta significativamente a qualidade de vida dos pacientes.

Lei garante direitos para os portadores

Entre os direitos garantidos aos portadores de fibromialgia, as legislações asseguram o atendimento preferencial com prioridade em filas de bancos, repartições públicas e estabelecimentos comerciais; vagas de estacionamento com direito a utilizar vagas reservadas para pessoas com deficiência; transporte público, em algumas localidades, acesso ao passe livre intermunicipal e atendimento multidisciplinar, com acesso a acompanhamento médico especializado, fisioterapia e suporte psicológico.

“Para usufruir desses direitos, é fundamental que o paciente obtenha a Carteira de Identificação da Pessoa com Fibromialgia (CIPF). A emissão dessa carteira geralmente requer documento de identificação pessoal; foto 3x4; laudo médico emitido por especialista, contendo o diagnóstico de fibromialgia com o respectivo CID (M79.7)”, esmiuçou.

A servidora pública Karla Santos de Oliveira, tem 49 anos e recebeu a confirmação do diagnóstico aos 33. Com sintomas generalizados e muito singulares, ela diz que tem uma relação muito desafiadora com a fibromialgia.

O controle aos sintomas é possível através de terapia, atividades física e medicação. Mãe de uma menininha de 5 anos, explicou que já chegou a limitar a vida social, familiar e profissional por conta dos sintomas.

“A terapia tem ajudado e eu tenho conseguido entender os gatilhos”. Ela deixou um conselho a quem, como ela, se descobre com fibromialgia: “Não é uma sentença, é o início de um caminho de autoconhecimento”.