Saúde

Trabalhadores do Veredas correm risco de prisão

Sem salários há pelo menos três meses, funcionários não pagam pensão alimentícia e podem ser detidos a qualquer momento

Por Valdete Calheiros - colaboradora / Tribuna Independente 08/11/2024 07h35
Trabalhadores do Veredas correm risco de prisão
Hospital Veredas não cumpre direitos trabalhistas e funcionários decretam greve a partir de segunda - Foto: Reprodução

Entre os dias trabalhados pelos funcionários do Hospital Veredas e o direito constitucional de receber os salários há um longo caminho imposto pela direção da unidade de saúde. Novamente, com três meses de salários atrasados, além do 13° de 2022 e o complemento do piso de Enfermagem, a categoria resolveu entrar em greve, a partir da próxima segunda-feira, dia 11.

Esta é a terceira paralisação por salários atrasados somente este ano. A mais recente foi em agosto. Os trabalhadores pedem a intervenção da unidade. O atendimento no Hospital Veredas será mantido, em regime de escala de plantão, por 30% dos servidores. Os atos de paralisação acontecerão em frente ao Hospital Veredas.

A situação é alarmante, visto que os muitos trabalhadores estão com suas vidas totalmente descompensadas, devido à falta do pagamento dos salários.
O presidente do Sindicato dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem (Sateal), Mário Jorge Filho, calcula que cerca de 1.500 servidores estão sem receber salários.

“Essa paralisação é um pedido de socorro. Estamos falando de dignidade, de salários atrasados. Temos servidores em estado extremo de necessidade financeira. Alguns são marido e mulher e trabalham apenas no Hospital Veredas. Alguns funcionários estão correndo o risco de serem presos, por não estarem honrando o pagamento de pensão alimentícia. Estamos falando de profissionais de todas as categorias, do nível médio até o nível superior”, desabafou Mário Jorge Filho.

A presidente do Sindicato dos Enfermeiros, Cinthia Carvalho, afirmou que muitos trabalhadores estão endividados, com ordem de despejo de suas casas, com mensalidades escolares dos filhos atrasadas, faltando comida à mesa para suprir as necessidades da família.

“Isso sem falar no adoecimento mental, principalmente levando-se em conta que a enfermagem é uma categoria majoritariamente feminina, sendo muitas vezes única provedora da casa. A situação é bastante delicada”, acrescentou.

Uma das formas contornar os problemas é uma intervenção administrativa, como já foi proposto pelo Ministério Público Estadual e Ministério Público do Trabalho.

No final de outubro, o Ministério Público Federal (MPF) e a Defensoria Pública da União (DPU) ajuizaram uma ação civil pública contra a União, o estado de Alagoas, o município de Maceió e a Fundação Hospital da Agroindústria do Açúcar e do Álcool de Alagoas (Hospital Veredas), com o objetivo de garantir o atendimento aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).

A situação atual está colocando em risco a vida desses pacientes.