Saúde

Oropouche: após caso inédito, Hospital Helvio Auto alerta sobre proliferação de vetores

Ambientes ricos em matéria orgânica em decomposição e água suja parada são habitats preferidos dos mosquitos transmissores da Febre do Oropouche

Por Ascom HEHA 12/07/2024 15h20
Oropouche: após caso inédito, Hospital Helvio Auto alerta sobre proliferação de vetores
Hábitos dos vetores da Febre do Oropouche são diferentes do Aedes Aegypti. Nível de atenção com esgotos e córregos, além de lixo orgânico deve ser redobrado - Foto: Divulgação

Após o primeiro caso confirmado de Febre do Oropouche em Alagoas, o Hospital Escola Dr. Helvio Auto (HEHA), por meio de seus infectologistas, alerta para a identificação e controle da proliferação dos principais transmissores da doença (mosquito maruim e muriçoca) que são comuns dos ambientes urbanos e silvestres de Alagoas.

A Febre do Oropouche é uma doença causada por um arbovírus que foi isolado pela primeira vez no Brasil em 1960, a partir de amostra de sangue de uma bicho-preguiça capturada durante a construção da rodovia Belém-Brasília. Desde então, casos isolados e surtos foram relatados no Brasil, principalmente nos estados da região Amazônica. Ultimamente os casos estão se disseminando pela região Centro-Oeste, chegando ao Nordeste pela Bahia. Nos últimos meses de maio e junho, a doença atingiu os estados de Pernambuco e Paraíba, também atingindo Alagoas.

O diferencial de transmissão em relação às outras doenças causadas por arbovírus (doenças transmitidas por mosquito) é o vetor. Na Dengue, Zika e Chikungunya, o Aedes Aegypti é o responsável pela infecção, transmitida por meio da picada. Já na Febre do Oropouche, o mosquito maruim e o pernilongo (muriçoca) são os responsáveis por transmitir a doença. O que chama atenção são os diferentes hábitos de vida e reprodução desses mosquitos em relação ao já conhecido Aedes Aegypti.

O maruim vive onde há matéria orgânica em decomposição e costumam de reproduzir em lugares alagados ricos em organismos (madeiras apodrecidas, restos de frutas, fezes de animais, lixo proveniente de matéria orgânica, etc.). Já a muriçoca costuma picar com mais frequência a partir das 18h em ambientes domésticos. Depositam ovos juntos, em forma de jangada, em água suja e poluída. Esgotos, córregos e água suja empossada são criadouros naturais da muriçoca (pernilongo).

“Estamos acostumados com o mosquito transmissor da dengue que gosta de água limpa e parada. Com a chegada da Febre do Oropouche a Alagoas, devemos nos preocupar também com outros aspectos. O maruim gosta de matéria orgânica em decomposição, então ambiente com muito lixo orgânico, vão atrair o mosquito e consequentemente, a transmissão de doenças, se o inseto estiver infectado. Já a muriçoca é atraída pela água suja de esgotos a céu aberto, córregos e rios onde a água está poluída, então o segredo para evitarmos a transmissão é manter ambiente limpo com lixo descartado de forma correta, além de efetiva limpeza e manutenção, por parte do poder público, de rios e córregos ou áreas comuns onde haja depósito regular de lixo orgânico”, explicou o infectologista do Hospital Helvio Auto, Fernando Maia.

A Febre do Oropouche tem os mesmos sintomas da Dengue, mas com algumas diferenças em sua forma grave, que pode evoluir para complicações neurológicas, como meningite e encefalite.

Por enquanto não existem bioinseticidas oficialmente registrados para o combate destes mosquitos. Para afastá-los, atualmente recomenda-se óleos a base de citronela, cravo e folhas de neem aplicado no ambiente, além da utilização de telas de proteção tipo voal nas portas e janelas.

Ao menor sinal de febre, dores de cabeça, dor nas articulações, dores musculares, náuseas, diarreia, procure um Serviço de Saúde para investigação e tratamento.