Saúde

Tripulantes de navios ancorados na Barra de Santos são desembarcados e internados com malária

Trabalhadores apresentaram sintomas como fraqueza muscular, febre e dor no corpo. A Anvisa determinou a desinsetização das duas embarcações e a testagem dos demais tripulantes

Por G1 09/07/2024 15h19
Tripulantes de navios ancorados na Barra de Santos são desembarcados e internados com malária
As pessoas infectadas pelo parasita causador da malária são mais atraentes que os indivíduos saudáveis para os mosquitos vetores da doença - Foto: WIKIMEDIA COMMONS/CDC/JAMES GATHANY

Dois tripulantes, de navios com bandeira das Ilhas Marshall, foram internados com malária em Santos, no litoral de São Paulo. As embarcações graneleiras vindas da Nigéria e Costa do Marfim ficaram ancoradas na Barra de Santos, afastadas da costa e área de atracação, passarão por desinsetização - ação que visa eliminar mosquitos infectados com a doença.

O primeiro caso de malária foi confirmado na última quinta-feira (4). Segundo a Autoridade Portuária de Santos (APS), o paciente filipino, de 27 anos, estava na embarcação Genco Picardy, que saiu do continente africano em 20 de junho.

Além de febre e dor no corpo, o paciente teve fraqueza muscular. De acordo com o médico Gilberto Martins Maria, que o atendeu no Hospital Beneficência Portuguesa de Santos, ele estava muito debilitado.

“Nós desembarcamos o paciente, levamos para o hospital, fizemos os devidos exames. E, no momento que foi confirmado o caso de malária, ele foi internado”, disse o profissional em entrevista à TV Tribuna, afiliada da Globo.

Outro caso


De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), outro caso foi identificado na embarcação Common Galaxy, que veio a Santos após passar pela Costa do Marfim.

Com febre, dor no corpo, dificuldade de respirar e dormência nas mãos, o tripulante foi desembarcado no último domingo (7) para atendimento médico e também permanece internado.

"A Anvisa determinou a desinsetização das duas embarcações e a testagem dos demais tripulantes, o que ainda não ocorreu devido ao mau tempo, impossibilitando a ida a bordo da equipe laboratorial", disse a Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

Os dois casos foram notificados para a APS e vigilância epidemiológica municipal e estadual para as demais providências pertinentes.

O que é Malária?


Essa doença infecciosa é transmitida a partir da picada de mosquitos da família Anopheles, que são muito comuns em regiões tropicais e úmidas. Em algumas partes do Brasil, eles são conhecidos como mosquito prego.

O agente causador é protozoário Plasmodium e há cinco tipos diferentes dele. Os mais comuns são o falciparum, o vivax e o malariae.

O parasita causador da malária tem uma capacidade de mutação muito grande. E isso faz com que seja quase impossível desenvolver imunidade após a infecção.

Após entrar no organismo humano, esse parasita viaja pela corrente sanguínea e se instala nas células do fígado. Após um tempo de maturação, ele volta ao sangue e invade as células vermelhas (também conhecidas como hemácias).

Ao longo desse processo, as células hepáticas e sanguíneas são destruídas, o que provoca sintomas como febre alta, dor de cabeça, calafrios, dor no corpo e perda de apetite.

Na sequência, o mosquito Anopheles pica a pessoa com malária e suga o sangue infectado, criando novas cadeias de transmissão na comunidade.

O Relatório Mundial sobre Malária, da Organização Mundial de Saúde (OMS), estima que 241 milhões de pessoas foram diagnosticadas em 2020 e, aproximadamente, 627 mil perderam a suas vidas devido à doença. Já a Agência de Saúde Global (Unitaid) afirma que 70% dessas são crianças com menos de 5 anos.

Os principais sintomas incluem:


Febre alta
Calafrios
Tremores
Sudorese
Dor de cabeça