Saúde
Sanatório cobra ação da Prefeitura para não fechar
Diretor diz que Braskem prometeu construir novo hospital, mas lembra que óbra deve durar 2 anos
Ansiedade, angústia e incertezas são os sentimentos descritos pela direção do Hospital Sanatório em relação ao destino da unidade de saúde.
O diretor do Sanatório, médico Júlio Bandeira, atribuiu à prefeitura de Maceió a responsabilidade pelo que pode vir a acontecer com o futuro do Hospital, dos funcionários e dos pacientes que, até semana passada, tinham o local como referência para tratamento de saúde.
“O Hospital recebeu a ligação da Defesa Civil municipal, afirmando que, por conta da alta possibilidade de colapso na mina 18 da Braskem, todos os pacientes precisavam ser transferidos com a máxima urgência e que o local deveria ser evacuado. De pronto, atendemos a ordem. Desde então, tentamos, em vão sermos ouvidos pelo prefeito JHC para saber como darmos continuidade aos serviços prestados à sociedade pelo Hospital”, frisou.
Júlio Bandeira afirmou ainda que a Braskem já acertou com a direção hospitalar sobre a construção do Sanatório em outro lugar e, que inclusive, o projeto já está pronto e o terreno disponível. Será na Avenida Josefa de Melo. Falta a construção ser iniciada”, contou o diretor.
No entanto, na avaliação dos responsáveis pelo Hospital, o acordo feito entre a unidade e a Braskem em nada tira a responsabilidade da prefeitura.
“Teremos em média, pelo menos dois anos de construção até termos o hospital em pleno funcionamento. Mas e até lá? Temos cerca de 500 funcionários, sem contar com o corpo clínico. E os equipamentos caríssimos que estão no Hospital? O próprio prédio? A estrutura construída? A segurança do bem patrimonial? Todas essas perguntas precisam ser respondidas pela prefeitura’ Quando saímos atendemos a uma ordem do poder público e agora não podem nos dar as costas”, detalhou, ao reclamar que várias tentativas foram feitas para que haja uma reunião para definir todos os detalhes. E que as tentativas foram infrutíferas, até o momento.
Desde o dia de 29 de novembro, quando o Hospital foi obrigado a transferir seus 80 pacientes internados e 357 pacientes de hemodiálise para outras unidades de saúde, a exemplo do Hospital Universitário, Hospital Veredas, Santa Casa de Misericórdia de Maceió, Hospital Médico Cirúrgico e Renal Center, o Sanatório segue com todos os atendimentos suspensos.
Há apenas, segundo Júlio Bandeira, um pequeno grupo de funcionários da parte administrativa, finalizando os trâmites burocráticos necessários.
O diretor de planejamento, controle e avaliação do Hospital Sanatório, Victor Dantas, disse que a unidade está no aguardo do poder público municipal quanto à manutenção ou não do decreto de emergência para poder definir os próximos passos.
O Hospital Sanatório fica no bairro Pinheiro, vizinho ao Mutange, um dos cinco bairros da capital afetados pela mineração que compromete ainda os bairros de Bebedouro, Bom Parto e Farol.
A diretoria teme também a ação de ladrões. Sistemas de segurança foram instalados, boa parte de última hora, porque não pode manter gente tomando conta em razão da decisão judicial para que todos sejam retirados das áreas consideradas de risco.
SINDICATO
O Sindicato dos Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Alagoas (Sindhospital) está preocupado com o tempo de paralisação das atividades de assistência médico-hospitalar prestadas pelo Hospital Geral Sanatório.
A entidade patronal compreende a decisão responsável da Defesa Civil Municipal de Maceió, em solicitar o esvaziamento da unidade hospitalar. No entanto, pede a sensibilização para uma decisão sobre a unidade hospitalar.
“Não estamos adentrando no mérito da decisão da Defesa Civil Municipal, que solicitou a desocupação imediata do prédio do Hospital Sanatório. Mas estamos preocupados com o tempo de paralisação das atividades, pois implica em uma série de dificuldades para o hospital”, afirmou o presidente do Sindhospital, Erivaldo Cavalcante Júnior.
Segundo Erivaldo, a maioria da clientela atendida pelo Sanatório é composta por usuários do SUS. “Sendo assim, um serviço importante e indispensável para os pacientes que precisam de atenção hospitalar e não possuem planos privados de saúde. Além disso, o Sanatório possui um quadro de cerca de 500 colaboradores diretos. Todos com qualificação reconhecida na área da saúde e que, agora, estão repletos de incertezas quanto à manutenção de seus empregos e ao sustento dessas centenas de famílias”, destacou ele.
Diante do cenário indefinido, justificou o presidente do Sindhospital, que envolvem os trabalhadores do hospital, pacientes e a comunidade alagoana em geral, a entidade apela ao prefeito João Henrique Caldas (JHC) para uma solução, a fim de que o Hospital Sanatório volte a prestar seus serviços à população de Alagoas e de Maceió no menor tempo possível.
O Hospital Sanatório é uma entidade filantrópica que há 78 anos realiza um reconhecido serviço de atenção médico-hospitalar à comunidade.
Prefeitura
De acordo com a assessoria de comunicação da prefeitura de Maceió, os acordos indenizatórios são acertados com a Braskem. “A indenização assinada pela prefeitura não invalida esses outros acordos. Os pacientes que se encontravam internados foram levados para outros hospitais. Cabia ao município a realocação dos pacientes. O que foi feito. Indenização não é com a Prefeitura”, concluiu.
Braskem
Em nota, a Braskem afirma que “desde 2020, a Braskem tem mantido diálogo permanente com o Hospital Sanatório com o objetivo de viabilizar a construção de um novo hospital. As tratativas são protegidas por cláusulas de confidencialidade. Além disso, a Braskem tem apoiado a administração do hospital nas ações decorrentes da desocupação”.
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