A expressão “Novembro Azul”, em alusão aos cuidados masculinos na prevenção ao câncer de próstata tem, há alguns anos, ganhou um significado de cura para o eletricista Fábio Jorge Melo do Nascimento, 55 anos.

Desde os 40 anos de idade, ele fazia exames rotineiros e preventivos na certeza de que estava cuidando da saúde. E, sim, ele estava. Tanto que aos 51 anos foi diagnosticado com a doença descoberta ainda no início o que aumentaram, significativamente, suas chances de cura.

O eletricista Fábio Jorge Melo entrou para as estatísticas do Instituto Nacional de Câncer (Inca) sobre câncer de próstata. O Inca publica a cada três anos as estimativas de câncer do triênio. A atual é de 2023 a 2025.

De acordo com as probabilidades, serão detectados, no Brasil, 71.730 novos casos de câncer de próstata em cada um dos três anos. Em Alagoas, a estimativa é que sejam diagnosticados 930 novos casos de câncer de próstata para cada um dos três anos.

Em relação ao número de óbitos, os dados mais recentes do Inca são de 2021. Naquele ano, foram contabilizados 16.300 óbitos por câncer de próstata no Brasil, dos quais 202 em Alagoas.

O cirurgião urológico Mário Ronalsa explicou que ao descobrir a doença ainda no estágio inicial as chances de cura giram em torno de 90% a 95%.

“Quando o câncer da próstata é diagnosticado em uma fase avançada, a taxa de cura é muito menor que 10%. E como a maioria dos pacientes não tem sintomas na fase inicial, os exames preventivos são a grande saída”.

Segundo o urologista, com base nos dados do Inca, são registrados de 15 a 16 mil óbitos ano no Brasil. Um novo caso é descoberto a cada sete minutos e um novo óbito relacionado ao câncer de próstata a cada 40 minutos.

O cirurgião Gustavo Mendonça foi um dos pioneiros a operar com o robô Da Vinci dentro do Programa de Cirurgia Robótica da Santa Casa de Misericórdia de Maceió. Desde fevereiro deste ano, a unidade conta com a tecnologia robótica.

“Exames devem ser realizados duas vezes por ano”, diz médico

“Em 2020, no mês de setembro, fiz o exame de toque como de costume e o PSA. O toque deu normal e o PSA deu 3. Na época meu médico achou melhor esperar mais três meses e nesse período o PSA subiu para quase 10. Foi aí que ele [doutor Gustavo Mendonça, a quem o paciente chama de anjo] disse que precisávamos nos aprofundar nos exames. Em fevereiro do ano seguinte, recebi o diagnóstico de câncer”, detalhou ao lembrar que a cirurgia aconteceu em São Paulo porque em Alagoas, não existia ainda a cirurgia robótica.

Fábio Jorge Melo afirmou que não precisou de outros tratamentos como radioterapia e quimioterapia. “Um mês depois meu irmão também foi diagnosticado com câncer. Foi operado e também está curado”, festejou.

O eletricista tem até hoje dúvidas do que teria causado a morte do seu pai que faleceu aos 59 anos e, talvez, a causa tenha sido também câncer de próstata. “Como naquela época não tinha os exames específicos não teremos essa certeza”.

Mário Ronalsa esclareceu que os homens devem realizar dois exames anuais. O PSA (exame de sangue) e o toque retal. “Esse último é um exame simples, barato, não é doloroso, nem tira a masculinidade de ninguém e tem um poder de acertabilidade muito grande. Para ser ter uma ideia, basta saber que 20% dos pacientes cujo resultado do PSA deu normal, descobrem que tem câncer graças ao exame de toque retal”, considerou.

Idade avançada, obesidade mórbida, tabaco, sedentarismo e histórico familiar de parentes de primeiro grau com câncer de próstata são os principais riscos de os homens desenvolverem a doença. Os exames devem ser feitos dos 50 aos 80 anos de idade. Pacientes com grupos de risco devem iniciar os exames aos 45 anos.

“São grupos de risco, pacientes com parentes de primeiro grau com a doença e pacientes negros. Estudos em todo o mundo mostram uma grande incidência da doença em homens negros.

Os homens que têm um parente com câncer de próstata aumentam suas chances de ter a doença em 20%. Se tiver dois, aumentam em seis vezes as chances.