Saúde
Mulheres esperam até 45 dias por exame na rede pública
Associação se esforça para encurtar tempo entre achado de nódulos e laudo que ateste ou não existência da doença nas mamas
Em Maceió, as mulheres que precisam da rede pública municipal de saúde esperam, em média, de 30 a 45 dias, entre o dia em que marcaram os exames de imagem e a data em que conseguirão fazê-lo.
O longo caminho percorrido pelas mulheres desde a detecção, em um autoexame, de alguma alteração nas mamas até o consultório de um mastologista pode ser o maior obstáculo na luta contra o câncer de mama.
Com frequência, as vitoriosas histórias femininas de cura passam por relatos em que a descoberta precoce da doença foi o ponto fundamental na busca e – conquista – pela cura.
O curto período entre o dia em que a enfermeira Ruth Franca Cizino da Trindade, 62 anos, detectou um nódulo na mama e o dia em que iniciou o tratamento fez toda a diferença na luta pela cura da doença. As chances de cura giram em torno de 95%, quando doença é detectada de forma precoce.
“Percebi algo estranho pelo toque, no autoexame. Fiquei surpresa porque não tinha casos na família. Acreditei que era um nódulo. Ao procurar um médico e fazer os exames de ultrassonografia e mamografia, fechamos o diagnóstico de câncer da mama. Fiz a cirurgia. Tirei um quarto da mama esquerda. Depois fiz a quimioterapia. Na sequência, fiz a radioterapia. Isso foi em 2015. Atualmente faço uso da quimioterapia oral para seguir o protocolo”, relembrou Ruth Franca que é também professora aposentada da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Ela fez todo tratamento pelo plano de saúde.
Em Alagoas, uma associação se esforça para encurtar esse percurso, entre o achado de algum nódulo até o laudo que atesta ou não o câncer mamário.
As mulheres que procuram a Associação de Pessoas com Câncer (Apecan) são encaminhadas a clínicas onde farão a ultrassonografia das mamas, a mamografia e a biópsia, caso seja necessária. A Apecan existe desde 2012.
A instituição faz um alerta para o fato de que a campanha Outubro Rosa não ser apenas dedicada ao câncer de mama. “Nossa preocupação é também com os casos do câncer de colo do útero”.
Segundo a presidente da Apecan, Giullyane Floracy da Silva Cruz Matos, o tempo maior de espera enfrentado pelas mulheres é em relação aos exames de ultrassonografia das mamas. As ultrassonografias são feitas mais rapidamente.
A mamografia é o exame de rastreamento recomendado para mulheres a partir dos 40 anos, que ajuda a detectar tumores mamários antes que se tornem palpáveis.
“Na Apecan sempre batemos na tecla de que ninguém conhece melhor o corpo do que a própria dona. Por isso, sempre estimulamos que o autoexame seja feito. Esse é o primeiro passo. Caso seja encontrada qualquer alteração, essa mulher deve procurar o médico imediatamente e dar seguimento aos exames”, descrevendo, em detalhes, o passo a passo.
Secretaria busca redução de filas em Maceió
A Secretaria Municipal de Saúde garantiu, através da assessoria de comunicação, que as maceioenses conseguem realizar o exame clínico das mamas em qualquer Unidade Básica de Saúde. Na unidade é também solicitada a mamografia, que pode ser feita tanto em locais próprios, como é o caso do Pam Salgadinho quanto na rede contratualizada, em clínicas conveniadas ao Sistema Único de Saúde.
A Secretaria Municipal de Saúde reconhece a existência de fila de espera. No entanto, afirmou estar trabalhando em estratégias para a diminuição de filas, como o programa Fila Zero no Pam Salgadinho, com o objetivo de atender de forma mais célere as usuárias que precisam de exames de imagem, como mamografia e ultrassom de mama.
“A estratégia criada durante a campanha do Outubro Rosa é para que este prazo seja reduzido ao máximo, de modo que não haja mais fila de espera para este tipo de procedimento”, completou a assessoria de comunicação.
A Secretaria de Estado de Saúde foi procurada pela Tribuna, mas não respondeu sobre o protocolo seguido pela gestão estadual na assistência às mulheres vítimas de câncer de mama.
De acordo com o Inca, Alagoas ocupa a 20ª posição no ranking nacional das estatísticas sobre câncer de mama. Em todo o Brasil, de acordo com cálculos do Inca, a expectativa é de 73.610 novos casos da doença em 2023. O risco estimado é de 66,54 casos a cada 100 mil mulheres.
Os dados mais recentes do Inca sobre a quantidade de óbitos decorrentes do câncer de mama são de 2021 e dão conta que em Alagoas morreram 222 mulheres
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