Saúde
Devido à carga genética, estudos indicam que 41% dos adultos brasileiros terão obesidade em 2035
Devido à carga genética, estudos indicam que 41% dos adultos brasileiros terão obesidade em 2035
A obesidade é uma questão muito polêmica e que está em constante pauta nas discussões que envolvem hábitos saudáveis. Comprovadamente, ela não está relacionada apenas a um comportamento, tendo outros fatores que influenciam nos casos. Além disso, a obesidade é classificada como uma doença e um distúrbio metabólico genético relacionado à disfunção no tecido adiposo.
Conforme dados da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, a genética é responsável em 70% no desenvolvimento da obesidade. Isso ocorre porque no código genético humano há mais de 400 genes que estão relacionados ao processo de alimentação e saciedade.
No Brasil, um em cada quatro indivíduos maiores de 18 anos tem obesidade. Esse número é equivalente há mais de 41 milhões de pessoas. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde de 2020, mais da metade dos adultos brasileiros apresentam excesso de peso, com uma maior prevalência no público feminino.
A médica endocrinologista, Celina Albuquerque, alerta que essa é uma condição genética que é carregada há décadas, principalmente com as mudanças de hábitos decorrentes da chegada dos alimentos industrializados. Sendo assim, esses seriam fatores de risco para o desenvolvimento da obesidade.
Para evitar que isso se propague, a médica explica que existem fatores modificáveis que podem auxiliar na tentativa de não desenvolver a doença. “Quando o paciente já sabe que tem um risco genético maior, decorrente dos pais, é possível cuidar muito mais dos hábitos que auxiliam no tratamento da prevenção dessa condição. E isso inclui uma alimentação mais saudável e atividades físicas regulares”, conta.
Ainda nessa temática, a expectativa do Atlas Mundial da Obesidade é de um aumento da prevalência da doença em todo o mundo. Para o Brasil, a estimativa é de que 41% dos adultos terão obesidade em 2035. Com o crescimento de casos, há também uma preocupação com o aumento de doenças decorrentes da obesidade, como a diabetes, doença hepática, apneia do sono e risco de câncer.
“A obesidade é um fator de risco e propulsor para outras doenças. Por isso quando se pensa em cuidar da obesidade, mesmo que o paciente não esteja sentindo nada, é pensar em qualidade de vida e no futuro”, salienta a endocrinologista.
Para tratar essa condição, é necessária uma mudança no estilo de vida do paciente, com alimentação saudável e inclusão de exercícios físicos. Essas atividades, inclusive, são mais eficazes para prevenir o ganho de peso e consequentemente a obesidade. Além disso, o
tratamento precisa ser humanizado e individualizado, entendendo as limitações de cada paciente.
“É importante a procura pelo profissional. Muitas pessoas acham que obesidade simplesmente surge por conta desses hábitos desregulados, mas o fator genético tem um peso muito grande nesse desenvolvimento. É preciso fazer os ajustes na rotina, incluir coisas que são boas para a saúde, mas ao mesmo tempo é preciso do apoio do médico, porque muitas vezes é necessário o uso de medicação para controlar, do mesmo jeito que uma pressão alta ou diabetes, já que a obesidade é uma doença crônica também”, ressalta Celina.
Outro ponto discutido é justamente sobre as limitações da alimentação, focando no que se pode ou não comer. A médica destaca que essa cultura deveria migrar para a preocupação do conhecimento do alimento. “No nordeste temos uma gama de alimentação saudável e de fácil acesso como as raízes, tubérculos, saladas e legumes. É preciso educar o paladar de volta para essas coisas que são naturais. Tendo isso como base de pelo menos 70 a 80% da alimentação, ter uma exceção não vai gerar problema. Assim dá para comer o que se gosta e não se sentir aprisionado com a dieta, que em longo prazo só levará à frustração”, enfatiza.
Por fim, a endocrinologista aponta que para iniciar um acompanhamento e descobrir se o paciente tem uma propensão a desenvolver a doença, o melhor é colher a história clínica e familiar daquela pessoa, já que o estudo genético sobre obesidade costuma ser um exame caro, tendo casos mais raros sendo identificados por esse artefato.
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