Saúde

Caso Faustão pode aumentar doações em Alagoas

Central de Transplantes no estado alerta que necessidade deste procedimento tem possibilidade de atingir qualquer pessoa

Por Luciana Beder - colaboradora com Tribuna Independente 01/09/2023 09h20 - Atualizado em 01/09/2023 10h27
Caso Faustão pode aumentar doações em Alagoas
Apresentador Fausto Silva, o Faustão, foi submetido a transplante de coração em hospital de São Paulo - Foto: Divulgação

Após o apresentador Fausto Silva precisar de um transplante de coração, o tema doação de órgãos veio à tona e a expectativa é de aumento de doações em Alagoas. “Esperamos que as pessoas percebam que a necessidade de entrar numa fila para transplante pode ser de qualquer um de nós. Não importa a classe social, se tem dinheiro ou não, se tem poder ou não, se tem conhecimento ou não, mas sim a necessidade. O tratamento terapêutico do transplante é algo que pode acontecer com qualquer um de nós”, afirmou a coordenadora da Central de Transplantes de Alagoas, Daniela Ramos.

Segundo a coordenadora, é importante que as pessoas que desejam doar conversem com os familiares, já que a autodeclaração como doador não é suficiente no Brasil. “Sempre falamos para que declarem ainda em vida para os seus familiares o desejo de continuar deixando um pedacinho, dando continuidade à vida de tantas pessoas que precisam, para que a família no momento da dor diga sim à doação”, disse.

De acordo com dados da Central de Transplantes, a negativa familiar para doação de órgãos foi de 45%, no primeiro semestre deste ano em Alagoas. Daniela Ramos explica que é um conjunto de fatores que podem levar a doação autorizada.

“O primeiro deles é ter um diagnóstico definido da morte encefálica e esse diagnóstico segue alguns critérios, precisa realizar alguns exames e após ter esse diagnóstico, que é independente da doação, porque é um direito que a família tem ao diagnóstico, é que é dado o direito de dizer sim ou não a doação. O diagnóstico é de caráter urgente e obrigatório, está em lei, os hospitais precisam notificar qualquer suspeita de morte encefálica para a Central de Transplantes e uma vez tendo a possibilidade de doação daquele paciente, uma equipe especializada entra em contato da família para dar o direito de dizer sim ou não a doação de órgãos”, afirmou.

O apresentador Fausto Silva realizou o transplante cardíaco no dia 27 de agosto, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, e permanece na UTI. Ontem (31), gravou um vídeo para agradecer quem torceu por sua recuperação, principalmente, à família do doador do seu novo coração.

“Quero fazer um agradecimento especial ao José Pereira da Silva, pai do Fábio, que teve uma grandiosidade incrível, uma generosidade absurda, que proporcionou que eu estivesse vivo. Eu fico emocionado, me deu a chance de viver de novo”, disse o apresentador.

Mais de 500 pessoas aguardam na fila para transplante em Alagoas

Mais de 500 pessoas estão na fila de transplante de órgãos em Alagoas, segundo dados da Central de Transplantes. São 453 aguardando por um transplante de córnea, 48 por um transplante de rim e seis por um de fígado e um por coração. Isso representa um aumento de quase 10% no número de pessoas na fila, quando comparado com o ano de 2022 que tinha 466 pessoas.

No dia 23 de agosto, o único paciente que estava na fila aguardando para realizar o transplante de coração foi transferido para realizar o procedimento em São Paulo. José Higino da Silva, de 40 anos, que sofre há nove anos de insuficiência cardíaca com fração de ejeção, teve a situação clínica agravada em janeiro deste ano e, devido à gravidade do quadro clínico, passou a integrar a fila de prioridades.

Segundo a coordenadora da Central de Transplantes de Alagoas, o número de pessoas na fila aumentou durante a pandemia, sendo, atualmente, o maior número da história em Alagoas. “O Covid positivo era contraindicação absoluta. Nossa fila cresceu, bem como a nossa recusa familiar e isso nos preocupa. Chamamos a atenção também de que a chance de entrar na fila de transplantes é maior do que de ser um doador de órgãos”, afirmou.

Durante este ano, foram realizados 51 transplantes em Alagoas, sendo 44 córneas, cinco fígados e dois rins. A coordenadora da Central de Transplantes destaca a necessidade de conscientização dos familiares sobre a doação de órgãos. “Estamos ainda aquém dos números necessários, lembrando sempre que para ter transplante é preciso que tenha doação autorizada. É uma grande mobilização que precisa acontecer”, ressaltou Daniela Ramos.

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