Saúde
Fisioterapia especializada em saúde da mulher ajuda a reduzir cesáreas desnecessárias
Atendimento visa garantir que os desconfortos causados pela gestação sejam minimizados
O Brasil apresenta a segunda maior taxa de partos por cesariana no mundo. Mais da metade dos bebês nasce apenas após uma intervenção cirúrgica em suas mães. O percentual de partos por cesariana é de 56%, sendo que mais de 80% desse total ocorre na rede privada.
Um percentual considerado extremamente elevado, já que a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomendou que a proporção de cesarianas não ultrapasse os limites de 10% a 15% do total de nascimentos. No ranking mundial, o país fica atrás apenas da República Dominicana.
No Brasil das cesáreas, a falta de autonomia da mulher sobre o parto é histórica. Ao engravidar, a mulher passa não apenas pela gestação, mas pelo chamado ciclo gravídico-puerperal, que inclui a gestação, o parto e o puerpério, momentos de intensas mudanças físicas, emocionais e sociais.
Durante todas essas etapas, o fisioterapeuta, em especial, os especializados em saúde da mulher ajudam a futura mamãe a minimizar as mudanças ocorridas no seu corpo.
A fisioterapeuta Leila Manuela Soares dos Santos, 32 anos, é especialista em Saúde da Mulher. Ela explicou que durante todo o período gestacional, as gestantes procuram atendimento especializado com a fisioterapia uroginecológica para prevenir e tratar disfunções pélvicas, visando a preparação para o parto com educação perinatal, além de consultoria em aleitamento materno.
Segundo ela, cabe também ao fisioterapeuta a assistência completa ao parto – independente da via de parto escolhida; o atendimento no pós-parto imediato e tardio e também o método Pilates que pode estar presente durante toda a gestação e também no puerpério.
Leila Manuela Santos é formada pela Universidade Estadual de Ciências e Saúde de Alagoas (Uncisal) e pós-graduada em Fisioterapia em Uroginecologia e Obstetrícia pela Faculdade Redentor, Pernambuco. Em sua rotina clínica, atende mulheres em geral, mas principalmente as gestantes.
“A fisioterapia, o cuidado com o corpo e o movimento em si trazem uma consciência corporal muito boa. A prática da fisioterapia nos mostra os pontos de maior cuidado durante o processo e percepção da evolução e melhora com o tempo, trazendo mais confiança para a mulher”, pontuou.
A publicitária e empreendedora Glória Karoline de Souza Oliveira, 28 anos, foi acompanhada pela Leila Manuela Santos e só tem boas lembranças da sua gestação indolor. Antes da gestação, ela sofreu uma queda e machucou o cóccix. Quando engravidou, ficou preocupada achando que ia voltar a sentir as fortes dores por causa do peso da barriga, se antecipou e procurou ajuda.
A fisioterapeuta chama a atenção para o fato de que cada gestação é única! Assim como cada complicação tem um manejo padrão, porém o profissional precisa sempre estar atento à individualidade de cada paciente.
Segundo Leila Manuela Santos, a gestante pode ter apenas um incômodo na lombar, como pode também apresentar comorbidades como hipertensão ou diabetes gestacional, por exemplo. Situações que podem precisar de um olhar mais atento e uma equipe multidisciplinar assistindo essa gestante.
O atendimento fisioterapêutico voltado à saúde da mulher gestante pode ser iniciado, assim que a gravidez for confirmada. A depender das condições físicas prévias, são iniciadas as sessões de Pilates, associadas à atividade física praticada antes da gestação, caso a paciente tenha esse perfil.
Preocupada com o receio de sentir dor, Gloria Karoline chegou até a fisioterapeuta logo no início. “Minha gestação foi a mais tranquila das gestações que já ouvi falar. Não senti dor alguma ao longo da gestação. Até nas últimas semanas que normalmente gestantes sentem incômodo até para dormir, para mim foi tranquilo”, lembrou a publicitária.
Hoje, Glória recomenda a fisioterapia para toda e qualquer gestante que conhece e garante que foi o melhor caminho para deixar a gestação mais leve. “Recomendo muito. É algo maravilhoso. Foi o melhor caminho para deixar minha gestação o mais leve possível”.
Ao contrário do que possa parecer inicialmente, o trabalho de uma fisioterapeuta especializada em saúde da mulher não se encerra imediatamente após o parto.
“O cuidado com o corpo no pós-parto é tão importante quanto as fases inicias da gestação. Assim que o bebê nasce o corpo da mulher sofre alterações muito bruscas tanto físicas como hormonais, é interessante acompanhar o retorno desse corpo às condições fisiológicas normais. Sabemos que um corpo após gerar uma criança jamais será o mesmo, mas podemos cuidar da diástase abdominal que é um problema caracterizado pelo afastamento dos músculos do abdômen, em especial, o músculo reto abdominal), da postura, da amamentação, do assoalho pélvico e tudo isso pode ser visto com uma avaliação específica da fisioterapeuta”, ensinou Leila Manuela Santos tem ainda o título de especialista profissional em Fisioterapia na Saúde da Mulher pelo COFFITO (Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional) e é doula pelo Despertar do Parto, Ribeirão Preto, São Paulo.
“Ser doula me trouxe o aprendizado do suporte emocional durante o atendimento ao trabalho de parto. Dessa forma, somo o conhecimento técnico acadêmico da fisioterapia, trabalhando a biomecânica da mulher, ajudando o bebê a descer mais rápido e dando mais conforto físico e emocional”, discorreu.
Parto normal x cesárea
A profissional faz um alerta ao dizer que a cesárea carrega os riscos de uma cirurgia de grande porte. É, segundo ela, um procedimento muito bem-vindo quando necessário, no entanto, pode trazer complicações como aderências, caso não tenha o devido cuidado, como também dificuldade com o bebê após o nascimento. Isso sem falar que podem ocorrer complicações no momento da cirurgia ou no pós-operatório.
“São situações imprevisíveis. Por isso estar bem-informada sobre os riscos e benefícios de todas as escolhas é tão importante. Um parto consciente deixa o processo mais tranquilo”, adiantou.
A empresária Kamilla Estrela de Lima Ribeiro também procurou atendimento com fisioterapeuta assim que confirmou a suspeita da gestação. O foco era se preparar para o parto.
“Foram inúmeros os benefícios para minha respiração, equilíbrio e postura, assim como a flexibilidade e a diminuição acentuada das dores lombares”, enumerou.
São inúmeras as vantagens de parto normal. Tanto para a mãe quanto para o bebê. Segundo a fisioterapeuta especializada em saúde da mulher, durante o parto natural, a mãe libera hormônios que ajuda a descida do bebê, e também favorecem a amamentação. O bebê estará pronto para o nascimento, com pulmão maduro, prevenindo os problemas respiratórios. Os riscos de infecção são menores para os dois, se comparado a um parto cirúrgico.
“Entender que o processo natural e fisiológico do corpo da mulher é parir naturalmente, que o seu corpo foi feito para isso, tem gerado um movimento de mulheres em busca de conhecimento e trazendo mais discussões sobre as decisões a serem tomadas junto com seus obstetras. Sempre me identifiquei muito com o processo de gestação, parto e puerpério. Vendo a necessidade das mulheres de se conhecerem mais, cuidarem do próprio corpo, prevenirem complicações e terem acesso a mais informações, sempre estou em busca de formações e cursos pra conseguir acompanhar todo o processo e conseguir ajudar e apoiar a mulher no seu momento mais importante: a gestação”, detalhou Leila Manuela Santos que atua no mercado há 10 anos.
Ao longo de uma década de atendimento à saúde da mulher, a fisioterapeuta define-se muito grata ao ter somado importantes aprendizados e grandes experiências. Sem contar nos vínculos criados, já que ela acredita que prestar assistência a mulher e sua família nesse momento tão marcante é uma relação de muita entrega e confiança de ambas as partes.
Foi o que aconteceu entre a fisioterapeuta e a empresária Kamila Estrela que de paciente virou fã e grande entusiasta. Kamila recomenda a todas as mulheres a experiência de ter uma fisioterapeuta, especialmente, as que pretendem ter parto normal, por ajudar bastante no controle da respiração e fortalecimento do períneo.
“O parto normal não é a solução para todas as gestantes”, frisou Leila Manuela Santos. Existem sim contraindicações para o parto natural, casos como bebê transverso na barriga, placenta prévia (que seria quando a placenta sairia antes que o bebê, trazendo riscos para ambos), prolapso de cordão umbilical, descolamento de placenta, são alguns casos de indicação de parto cirúrgico.
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