Saúde
Raiva humana: chance de cura é pequena e letalidade de 100%
Ao TH Entrevista, médico explica modos de transmissão, sintomas e tratamentos
A raiva humana se transmite pela saliva do animal mamífero infectado e não se trata apenas de cão e gato, o principal transmissor da doença infecciosa é o morcego. Mesmo com uma redução importante de casos da enfermidade no Brasil, o médico infectologista Fernando Maia alerta que o problema tem pouca chance de cura e a letalidade é praticamente de 100%.
Ao TH Entrevista, o especialista explicou quais são os sintomas da enfermidade, os modos de transmissão, a importância de a pessoa procurar urgente uma unidade de saúde, entre outros pontos relevantes que merecem destaque.
No país, o primeiro caso de raiva humana foi registrado este ano. No caso específico, um agricultor, de 60 anos, teve contato com um bovino em Minas Gerais. O animal estava engasgando, e o homem colocou a mão dentro da boca do boi para não engasgar. O animal também apresentava comportamento atípico associado à doença.
De acordo com Maia, a raiva humana tem um modo de transmissão e sua principal porta de entrada é a lambedura, arranhadura ou mordedura do animal. “O período de incubação da doença é prolongado e geralmente as pessoas contaminadas só começam a apresentar sintomas meses após o acidente, então inicialmente o indivíduo apresenta um quadro de tristeza, depressão, melancolia perdendo o interesse pelas coisas e medo de tudo”, ressaltou.
“É muito comum tanto no animal quanto na pessoa infectada a paralisia do esôfago, e daí vem os engasgos ao comer ou com líquido, e depois até com a própria saliva, tanto é, que é muito comum, a chamada hidrofobia, recusa de água no animal ou pessoa contaminada”, mencionou.
Ainda segundo o infectologista, aparecendo os sintomas é importante que a pessoa procure urgente uma unidade de saúde, porque não se pode demorar em buscar ajuda médica para iniciar o tratamento o mais rápido possível.
“A doença tem pouca chance de cura na maioria dos casos, praticamente 100%. Por isso, as orientações são que, em caso de mordida ou contato próximo com animal que não esteja vacinado contra a raiva, o indivíduo busque um posto de saúde para receber o imunizante, uma estratégia de profilaxia (prevenção) pós-exposição que ajuda a evitar que o vírus entre em contato com o Sistema Nervoso Central (SNC)”, orientou.
O infectologista lembrou que a profilaxia é efetiva quando iniciada em tempo correto de até no máximo dez dias da mordedura, lambedura ou arranhadura, depois desse período poderá não funcionar.
No Brasil, duas pessoas conseguiram se recuperar da raiva humana, porém com muitas sequelas. O animal vacinado reduz o risco de raiva, mas não evita 100% a doença, já que mesmo aqueles domésticos que não saem de casa podem ser mordidos pelo morcego. “Se tem morcego na região é fundamental vacinar seu animal”, frisou.
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