Saúde

Presidente do CRF fala sobre avanços no tratamento de HIV/Aids em Alagoas

Daniel Fortes cita dificuldades que o preconceito ainda traz para o tratamento da doença

Por Thayanne Magalhães, com assessoria com Tribuna Independente 06/12/2022 06h46 - Atualizado em 06/12/2022 15h13
Presidente do CRF fala sobre avanços no tratamento de HIV/Aids em Alagoas
Daniel Fortes - Foto: Edilson Omena

Primeiro de dezembro é o Dia Mundial de Luta contra a Aids e, para falar sobre os avanços no tratamento de HIV/Aids, o TH Entrevista convidou o presidente do Conselho Regional de Farmácia (CRF), Daniel Fortes. Ele lembra que há 35 anos foi lançando o primeiro antirretroviral: a zidovudina, em 1987, sob o nome comercial de Retrovir®, pelo laboratório GlaxoSmithKline. Em seguida vieram a didanosina (Videx®) em 1991, e a zalcitabina (Hivid®) em 1992. De acordo com Fortes, os antirretrovirais surgiram para impedir a multiplicação do vírus no organismo. “Eles não destroem o HIV (vírus causador da Aids), mas ajudam a evitar o enfraquecimento do sistema imunológico”, disse.

Ao longo do tempo, diferentes estratégias terapêuticas foram criadas através do uso de combinações entre as classes de drogas, permitindo que os pacientes portadores do vírus tenham melhor qualidade de vida. “Estamos em constantes avanços no tratamento para HIV. A diminuição da mortalidade pela Aids e a melhoria da qualidade de vida das pessoas vivendo com HIV (PVHIV) são provas desse avanço”, continuou.

Daniel Fortes recomenda que, quem teve relações sexuais sem proteção, busque o teste rápido em uma unidade de saúde para que, caso o resultado seja positivo, comece imediatamente o tratamento. “O preconceito ainda é o grande problema para que as pessoas busquem o tratamento. Mas é possível ter uma vida normal mesmo com HIV”, reforça o presidente.

Ele pontua que o zidovudina, popularmente conhecida como AZT, causava diversos efeitos colaterais que dificultavam a adesão do paciente. Atualmente, o tratamento é feito por uma terapia combinada de vários fármacos de classes terapêuticas diferentes, com diversas opções de associações, utilizadas de acordo com os Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT), disponibilizado pelo Ministério da Saúde (MS).

“Esse tipo de terapia combinada, dificulta o surgimento de mecanismos de resistência do vírus, levando a uma maior eficácia do tratamento e diminuição de falhas terapêuticas, além disso eles apresentam menos efeitos adversos e toxicidade”, afirmou.

GRATUITA

Em 1987, o MS criou o Programa Nacional de DST e Aids e em 1991 dá início à distribuição gratuita de antirretrovirais. A ampliação do acesso tanto ao diagnóstico, com o aumento das testagens, como aos medicamentos, disponibilizados gratuitamente nos serviços de saúde do SUS, possibilitam diagnóstico e tratamento precoces, com impacto positivo na qualidade de vida de PVHIV.

Outra grande conquista é a introdução da PreP (Profilaxia Pré-Exposição ao HIV), que significa tomar medicamento anti-HIV de forma programada. Alba revela que esse é um novo método de prevenção ao HIV que está sendo disponibilizado no SUS e que ajuda a evitar uma infecção do HIV, caso este paciente tenha exposição ao vírus. Este tratamento têm tido acesso ampliado em nosso Estado.

A Profilaxia Pós-Exposição ao HIV (Prep), é disponibilizada em serviços de urgência e emergência, UPAs e Hospital Dia. “Ainda há muito a se desmistificar sobre o HIV e pessoas vivendo com HIV, a qualidade de vida, a interrupção da transmissão são fatos totalmente possíveis, a equipe multidisciplinar envolvida na rede de atendimento a esses pacientes, tem contribuído demais nos avanços dos resultados alcançados e o farmacêutico ocupa sem dúvidas um papel de destaque nesse cenário”, garantiu.