Saúde

Campanha Abril Marrom faz alerta de prevenção e combate à cegueira

Segundo oftalmologista, doenças como glaucoma e catarata podem resultar na perda da visão

Por Assessoria 18/04/2022 16h03
Campanha Abril Marrom faz alerta de prevenção e combate à cegueira
Ainda de acordo com Marina Viegas, as pessoas devem ficar alertas sobre a saúde dos olhos - Foto: Divulgação

No mês de abril é realizada a campanha de prevenção e combate à cegueira, denominada de “Abril Marrom”. O alerta é uma iniciativa das Sociedades Brasileiras de Retina e Vítreo (SBRV) e de Diabetes (SBD). Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 6,5 milhões de brasileiros possuem deficiência visual. E de acordo com dados de 2020 do Atlas Vision, 28,6 milhões de brasileiros corriam o risco de perder a visão. Apesar dessas estatísticas, 80% dos casos de deficiência visual são reversíveis, afirma a Organização Mundial da Saúde (OMS), e, por isso, o diagnóstico precoce é estimulado.

Entre as patologias que podem causar a cegueira está o glaucoma, uma doença ocular causada pela elevação da pressão intraocular e alteração irregular no fluxo de sangue dentro do órgão. O Ministério da Saúde estima que o glaucoma acomete mais de 900 mil brasileiros.

Há mais de 40 anos a dona de casa Maria Lúcia de Moura Silva, 80, convive com esse diagnóstico. Ao longo desses anos, ela passou por diversos tratamentos para controlar o avanço da doença, como cirurgias, raspagens, injeções e uso de colírios. Atualmente, dona Maria Lúcia sente mais dificuldades para enxergar do que na época em que seu diagnóstico foi dado, mas garante que se não tivesse começado o tratamento há mais de 40 anos, teria perdido a visão naquele período.

“Na época, uma cobra apareceu perto de mim, no sítio em que eu morava e eu não a vi. Por causa disso, procurei por um médico, vários exames foram realizados e, em seguida, recebi o diagnóstico de glaucoma. No começo do tratamento fiz duas cirurgias, uma em cada olho e o médico me disse que eu escapei por pouco de perder a visão”, relata.

Dificuldades apresentadas devido ao glaucoma


No decorrer dos anos, a patologia de dona Maria Lúcia ficou controlada. Porém, há cerca de três anos, ela sofreu um derrame em um dos olhos e a visão, que já estava prejudicada, obteve uma piora.

“Eu passei por um tratamento com injeções, faço uso de quatro colírios e monitoro a pressão dos olhos. Eu notei que após o derrame, minha visão piorou muito. Hoje em dia, não consigo fazer atividades que antes fazia normalmente, como cozinhar, cuidar do meu quintal e costurar. Às vezes fico angustiada, mas tento manter a fé em não perder a visão completamente”, disse.

Assim como dona Maria Lúcia, sua mãe, avó e uma das filhas foram acometidas pelo glaucoma. Como atualmente ela mora com três filhos e o marido, consegue ter o apoio deles para atividades que não consegue realizar devido à baixa capacidade da visão.

Outras patologias que podem causar cegueira


Segundo a oftalmologista e professora do Centro Universitário Tiradentes (Unit/AL) Marina Viegas, outras patologias, além do glaucoma, podem resultar na cegueira, como a catarata, as ametropias (como a miopia, hipermetropia, astigmatismo e presbiopia), a retinopatia diabética, a degeneração macular relacionada à idade (DMRI), entre outras e que, para conseguir detectar qualquer risco de cegueira, é necessário realizar consultas anuais com um oftalmologista.

“A cegueira pode ser revertida ao depender da etiologia. Por exemplo, o glaucoma não tem cura, só controle, e se descoberto precocemente e o tratamento for instituído, há menos chance de o paciente ter perda visual grave. A catarata deve ser operada, em geral, quando não está tão madura, pois evita-se os riscos de complicações cirúrgicas. E as ametropias, principalmente em crianças, devem ser corrigidas cedo, pois podem evoluir com ambliopia, que é um tipo de baixa acuidade visual que pode ser irreversível no futuro”, explica.

Importância do diagnóstico precoce


Ainda de acordo com Marina Viegas, as pessoas devem ficar alertas sobre a saúde dos olhos, sobretudo quem tenha alguma patologia ou histórico familiar de glaucoma. Ela frisa que ao menor sinal de alteração, como a dor ocular ou outro incômodo, uma consulta com um oftalmologista se faz necessária.

“Existem doenças silenciosas como o glaucoma, que quando vem causar sintomas, o paciente já tem um prognóstico pobre. Por isso, a melhor forma de prevenção é ir ao oftalmologista pelo menos uma vez ao ano ou antes, caso perceba algum sintoma ocular que lhe incomode”, reforça.