Saúde

Dia Roxo: Campanha busca informar população sobre a Epilepsia

No Brasil, 2% da população foi diagnosticada com Epilepsia, doença tratável e que acomete cerca de 50 milhões de pessoas no mundo

Por Assessoria 25/03/2022 15h52
Dia Roxo: Campanha busca informar população sobre a Epilepsia
Beatrice Menezes - Foto: Acervo Pessoal

Neste sábado, 26, é celebrada e promovida a campanha “Dia Roxo”, também conhecida como o Dia Mundial de Conscientização sobre a Epilepsia. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a epilepsia acomete em torno de 50 milhões de pessoas no mundo. No Brasil, a doença está presente em 2% da população. Relacionada a alguns estigmas, como as crises convulsivas, após o diagnóstico a doença é controlável e o paciente pode viver uma vida saudável com o auxílio de medicações e outros cuidados.

A estudante Beatrice Menezes, 24, foi diagnosticada com epilepsia aos 14 anos, após apresentar um quadro de tremores nos membros superiores, denominado de mioclonias. Em 10 anos, a jovem conviveu com mais dois sintomas da doença: as crises de ausência, quando há uma perda momentânea de consciência, e duas crises generalizadas, também conhecidas como crises convulsivas. Nesse período, Beatrice teve acesso ao acompanhamento com uma neurologista e tratamento com medicações. Ela garante que tem uma vida tranquila e saudável, apesar de algumas restrições.

“Algumas coisas não posso fazer ou evito porque pode desencadear crise. Por exemplo, atividade física aeróbica não posso fazer. Eu evito ao máximo porque eu posso hiperventilar e isso pode desencadear uma crise. Ficar olhando para algumas luzes piscando também pode desencadear uma crise. Por conta da crise de ausência e até mesmo da crise generalizada, morro de medo de dirigir, nunca tirei carteira de motorista por causa disso”, conta.

Apesar desses temores, Beatrice disse que desde o começo não se assustou com o diagnóstico, pois teve o apoio da família e da sua neurologista. Atualmente, ela continua a lidar normalmente com a epilepsia, já que não possui mais tremores e as crises generalizadas estão controladas devido ao uso diário de medicamentos e por ter uma vida saudável, sem grandes cargas de estresse e de cansaço físico.

Há como controlar totalmente os sintomas da epilepsia?


Segundo a médica neurologista e professora do Centro Universitário Tiradentes (Unit/AL), Patrícia Nunes, a epilepsia é controlada com medicamentos específicos e que alguns deles estão disponíveis pelo SUS. Ela destaca que cada paciente com epilepsia tem suas particularidades e que há casos em que o paciente tem pouca ou nenhuma limitação.

“Na maioria dos casos, há controle das crises com o tratamento medicamentoso. O reconhecimento das crises e o diagnóstico correto permitem que o melhor tratamento seja iniciado e que o paciente possa retomar normalmente suas atividades. Há ainda casos em que é possível suspender as medicações. Podemos dizer que a epilepsia está resolvida quando o paciente fica livre de crises por pelo menos dez anos e sem medicações pelos últimos cinco anos”, informa.

A médica ressalta que há casos de pacientes, cerca de 25% deles, que precisam de outros tratamentos, além das medições, como cirurgia, prescrição de dieta específica e ou implantação de estimuladores elétricos de nervos cranianos.

E como se prevenir da doença?


Ainda segundo a neurologista, a epilepsia é uma doença que não é possível descobrir as causas que deram origem a ela, já que uma dessas causas é a predisposição genética. Além dessa, a epilepsia pode ser ocasionada por outras razões. São elas: complicações no momento do parto; doenças neurológicas como tumores, traumatismo craniano e AVC; infecções como meningite; neurocisticercose (“ovos de solitária” no cérebro); além do abuso de bebidas alcoólicas e de drogas.

Independente das causas, ao apresentar sintomas, o paciente deve buscar por uma avaliação com um médico especialista. Além das crises generalizadas, que envolvem espasmos e contrações musculares, há casos em que há manifestações sutis, como alterações discretas de comportamento, olhar parado e movimentos automáticos”, alerta.

Patrícia Nunes explica que, ao ter contato com uma pessoa com crise convulsiva, é importante não segurá-la, nem dar tapas ou jogar água sobre ela. “Ao ter contato com alguém com esse quadro, o paciente deve ficar deitado em um lugar confortável e os objetos como pulseiras, relógios e óculos devem ser retirados. A cabeça do paciente deve ser voltada para o lado, para que ele não se sufoque com a própria saliva e o queixo deve ser levantado a fim de facilitar a passagem de ar. As roupas também devem ser afrouxadas e quando a crise passar, deve-se deixar o paciente descansar”, esclarece.