Saúde
Pacientes renais denunciam falta de medicamentos desde outubro
Sesau afirma que aguarda o envio de medicações pelo Ministério da Saúde para regularizar a situação
Pacientes renais afirmam estar sem as medicações fornecidas pelo poder público desde outubro do ano passado. Segundo um deles, Leonardo Melo, os remédios vão desde uso diário a mensal e influenciam diretamente na qualidade de vida dos pacientes.
“Outubro foi o último mês que conseguimos pegar os remédios completos. De lá para cá tem havido essa falta, ou faltam todos, ou falta e chega um, mas o outro não e ficamos nessa situação. Há casos e casos, têm pacientes que precisam tomar uma a cada diálise, outros duas vezes na semana e outros apenas uma vez”, diz.
Leonardo detalha ainda que algumas medicações, caso não tomadas, podem agravar os quadros de anemia e obrigar a realizar transfusão.
“A Eritropoetina, essa medicação é conhecida por Tinax e Geladinha. Ela serve para combater a anemia. A falta dela junto a uma taxa alta de anemia, o paciente pode chegar a necessitar tomar bolsa de sangue. Tem também o Renagel que é o Cloridrato de Sevelamer, ele serve para controle do fósforo no sangue. Tomamos essa medicação diariamente a cada refeição para controlar nossa taxa de fósforo. Um fósforo alto pode levar à doença óssea, que provoca dores, enfraquecimento e quebra dos ossos, coceiras em todo o corpo e calcificação (endurecimento) dos tecidos moles, como vasos sanguíneos, coração e pulmões, aumentando o risco de morte”, pontua.
Segundo o paciente, em torno de 50 pessoas que fazem o tratamento junto com ele estão em situação semelhante. “Somente na Santa Casa, onde faço diálise, somamos um número de mais de 50 pessoas. Isso ainda têm pacientes em Palmeira dos Índios, Arapiraca, São Miguel dos Campos e até nos outros hospitais aqui em Maceió, como Veredas, Renal Center, Sanatório, Hospital Vida, Ortopédico, HU”, conta.
Dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia indicam que o número de doentes renais no Brasil dobrou na última década. Estima-se que 10 milhões de brasileiros sofram de alguma disfunção renal. Atualmente, entre 90 mil e 100 mil pessoas passam por diálise no país.
Procurada pela reportagem, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) explicou que compete ao Governo Federal realizar a aquisição dos medicamentos e o posterior envio aos estados. Ao chegar em âmbito estadual os medicamentos são repassados pela gestão estadual aos pacientes cadastrados.
Em nota, a Sesau afirmou ainda que aguarda o recebimento dos remédios para regularizar a situação.
“A Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) esclarece que a responsabilidade sobre a aquisição do medicamento Eritropoetina é do Governo Federal, que informou já ter iniciado a entrega para os Estados na última segunda-feira (21). Com isso, assim que o Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (Ceaf) receber a medicação do Ministério da Saúde (MS), irá retomar a dispensação aos usuários cadastrados”, esclarece.
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