Saúde

AL terá por ano 3 mil novos casos de câncer a cada 100 mil habitantes

Estimativa é do Inca; diagnóstico precoce ainda é a melhor maneira de combater o câncer e aumentar as chances de cura

Por Tribuna Independente 04/02/2022 08h31
AL terá por ano 3 mil novos casos de câncer a cada 100 mil habitantes
Reprodução - Foto: Assessoria
Hoje (4) é o Dia Mundial de Combate ao Câncer. A data chama a atenção para os cuidados em relação a doença que atinge uma média de 625 mil brasileiros ao ano. Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) apontam que em Alagoas a estimativa anual é de 3 mil novos casos para cada 100 mil habitantes. A prevenção e o diagnóstico precoce ainda são as melhores “armas”. Segundo a cirurgiã oncológica da Santa Casa de Maceió, Amanda Leite, o autocuidado é primordial para que a doença possa ser controlada. “De forma geral, os pacientes oncológicos foram muito prejudicados com a pandemia. Se antes já tinham o estigma de ‘não vou ao médico, porque pode ser câncer’, com a pandemia o medo de pegar Covid-19 diminuiu ainda mais a busca por atendimento. Em relação às mulheres, elas precisam se conhecer. Ter consultas periódicas com o ginecologista e realizar o exame preventivo (Papanicolau), pois com ele é possível sinalizar a presença de lesões e tratá-las antes que evoluam. O diagnóstico precoce é a chave do tratamento. Precisamos evitar ao máximo que a paciente chegue aos consultórios com sintomas, pois, na maioria das vezes, quando ela os apresenta, a doença já está mais avançada”, alerta a especialista. A busca por diagnóstico tem sido severamente afetada pelo prolongamento da pandemia. Conforme levantamento realizado pela Revista de Saúde Pública, entre 2019 e 2020, um dos exames mais importantes para a detecção de um dos tipos de câncer mais comum, o de mama, apresentou redução drástica. O número de mamografias teve queda em torno de 42%, indicando que uma importante parcela da população pode ter deixado de diagnosticar a doença neste período. A mastologista e presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia - regional Alagoas, Lígia Teixeira, explica que a preocupação dos especialistas é de que a situação se repercuta no número de casos em estágio avançado nos próximos anos. De acordo com a médica, a orientação neste momento é intensificar o rastreio da doença. “Infelizmente na pandemia tivemos uma queda absurda na realização dos exames que foi justificada pelo temor que todos tivemos de sair de casa, de contrair a Covid-19, por ser um vírus altamente letal. Mas a recomendação atual é de que a pandemia caminhando para um controle, as mulheres voltem a fazer seus exames, se protejam, usem máscaras, álcool gel, tomem as vacinas necessárias e vão fazer seus exames”, pontua. Lígia Teixeira reforça a importância de realizar os exames de rotina para em caso positivo a descoberta vir o mais cedo possível. “A estratégia utilizada pela Sociedade Brasileira de Mastologia tem sido a de encorajar as mulheres a realizarem seus exames, obviamente tomando todas as precauções, orientando que as mulheres devem se vacinar, observada a realidade de cada paciente, e que não deixem mais de fazer seus exames e ir ao médico para que o especialista possa avaliar o exame e a paciente. A Sociedade recomenda que as mulheres realizem o rastreamento a partir dos 40 anos e que ele seja realizado anualmente”, ressalta. PREVENÇÃO Uma rotina de exercícios físicos e alimentação balanceada são fundamentais tanto como prevenção quanto durante o tratamento. “Eu costumo falar que os cuidados com a saúde da mama devem se iniciar o mais precoce possível. Não é só na vida adulta, desde a infância se tivermos a consciência que os nossos hábitos vão interferir no futuro das nossas mamas, é importante que a gente cuide das nossas crianças, estimulando desde cedo a ter uma alimentação mais saudável, uma vida mais ativa, praticando esportes, fazer atividade física, a gente sabe que a longo prazo isso vai ter impacto na vida das mulheres que tiveram uma vida mais saudável, vão ter menos chances de ter câncer de mama”, detalha a médica. De acordo com a Union for International Cancer Control (UICC), 70% das mortes por câncer ocorrem em países de baixa e média rendas. Condição social, nível educacional e fatores culturais, étnicos, de gênero e idade estão entre os aspectos que podem influenciar a conscientização sobre a prevenção do câncer, a realização de exames periódicos, bem como a dificuldade para se obter diagnóstico e tratamento. “A equidade diz respeito à distribuição eficiente dos recursos de saúde considerando as necessidades do indivíduo. Esse objetivo será alcançado quando cada um tiver a oportunidade de atingir seu potencial pleno de saúde sem barreiras ou limitações criadas pela situação socioeconômica ou outras circunstâncias”, sintetiza Ana Cristina Pinho, diretora-geral do Inca e integrante do conselho de diretores da UICC.