Saúde

A ansiedade pode começar na infância 

OMS estima que 50% de todos os transtornos mentais são iniciados até os 14 anos e, em sua maioria, não são detectados ou tratados corretamente

Por Ascom GT 06/01/2022 10h20
A ansiedade pode começar na infância 
Reprodução - Foto: Assessoria

Agitação, agressividade e alteração no sono são alguns sinais que podem motivar os pais a buscarem ajuda psicológica para seus filhos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), metade dos transtornos mentais surge até os 14 anos de idade, mas apesar disso, a maioria não é detectada ou é tratada de forma incorreta. O impacto psicológico relacionado à saúde mental de crianças e adolescentes é, muitas vezes, negligenciado.

Por isso, estar atento à saúde mental de crianças e adolescentes, assim como promover o bem-estar para os jovens pacientes psiquiátricos, é de suma importância para que eles estejam saudáveis em sua fase adulta. A escola também pode auxiliar nessa questão, observando e relatando aos pais possíveis mudanças de comportamento que comprometam o rendimento escolar e o relacionamento com outras crianças.

Situações como duração prolongada de estresse, medo, frustração, tédio, falta de contato pessoal com colegas de classe, falta de espaço em casa e perdas financeiras na família, além do luto por vítimas próximas da Covid, podem ter ainda efeitos mais duradouros nessa população. Existem evidências de que crianças fora da escola são fisicamente menos ativas, têm mais tempo de tela, padrões irregulares de sono e dietas menos saudáveis, resultando em ganho de peso e perda de capacidade cardiorrespiratória.

“A ajuda dos profissionais tanto da Psicologia como da Psicopedagogia é muito importante para as crianças e adolescentes. Isso não quer dizer que todos precisarão, daí a importância dos profissionais da escola e os pais terem um olhar atento”, defende Verônica Wolff, coordenadora do Núcleo de Apoio Pedagógico e Psicossocial (Napps) do Centro Universitário Tiradentes (Unit/AL) .

Voltar ao normal

Após o longo período de distanciamento social por conta da pandemia, com aulas remotas, o retorno presencial às escolas pode não ser tranquilo para muitas crianças. Verônica Wolff alerta que a saúde mental das crianças precisa ser um foco tanto das escolas como das famílias.

“As crianças que nasceram na pandemia e estiveram na escolinha de forma remota estarão de forma presencial com as pessoas e com os coleguinhas que, até então, não tiveram contato.  Tanto a escola como os familiares precisarão estar atentos a todas as reações das crianças,  sem muita cobrança nas reações e atitudes dos filhos nesse primeiro contato. Tudo será novo e é preciso que todos entendam  que a cautela é necessária. Todos estão há muito tempo esperando este contato com as pessoas, mas nem sempre os filhos correspondem à expectativa dos pais e é com estas reações que precisamos ter paciência e entendimento”, alerta.

A ajuda de um profissional da Psicologia para a família e para a criança ou adolescente pode ser muito benéfica, assim como voltar a ter uma rotina nas atividades da família como um todo, completa a coordenadora.

“Rotina de horário nas atividades da escola, da própria casa, nos horários de estudo. Montar um cronograma de estudo e a orientação de um psicopedagogo seria de grande valia. Tudo com muita leveza e de forma a voltar à rotina. Entender que estivemos muito tempo sem sair de casa, sem a correria dos horários e que agora tudo isso estará voltando”, completa.

Ela destaca que é preciso cuidar com atenção também dos adolescentes, que nesta fase da vida já passam naturalmente por maiores desafios de desenvolvimento. Além disso, é nesta fase que surge a maior parte dos transtornos mentais, segundo a estimativa da OMS.

Por isso, Verônica Wolff orienta que buscar ajuda psicológica pode beneficiar toda a família. “Um psicólogo pode ser o auxílio a partir de uma terapia, que às vezes pode ser estendida aos pais, quando estes também estão ansiosos. Uma conversa com um profissional especializado vai indicar o caminho a seguir na melhoria do quadro da criança ou do adolescente”, aconselha.