Saúde

Sofrimento mental afeta 70% dos universitários

Musicoterapia foi implantada na Uncisal como forma de tratamento para situações envolvendo a saúde dos estudantes

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 12/11/2021 07h55
Sofrimento mental afeta 70% dos universitários
Reprodução - Foto: Assessoria
Mais de 70% dos estudantes universitários brasileiros afirmam ter sofrido impactos na saúde mental com a pandemia. Os dados são de uma pesquisa realizada no mundo todo pela Chegg, empresa de tecnologia educacional norte-americana. Apesar desse agravante, o sofrimento psíquico é algo comum para boa parte dos estudantes, é o que revela o docente e pesquisador Rodrigo Teixeira, da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal) que implantou sessões de musicoterapia como apoio nestes casos. De acordo com Rodrigo Teixeira, demandas inerentes à graduação como carga horária, estágios, mudanças na rotina e até distanciamento da família impactam diretamente na saúde mental dos estudantes. A proposta da musicoterapia surgiu justamente para dar suporte aos casos. “A ideia surgiu durante as minhas investigações no Doutorado em Saúde Pública na USP que estou fazendo. Verifiquei que existe um número enorme de estudantes universitários que apresentam sofrimento psíquico e esse sofrimento em sua grande maioria se dá por demandas da própria Universidade. Quantidade de atividades, distância da família para os estudantes que vêm morar muitas vezes próximo a Universidade, saindo de suas cidades, principalmente estudantes da área de saúde com a cobrança social porque lidam com vidas. Considerando esse estudo estou propondo uma abordagem, um método musicoterapêutico dentro da saúde mental”, revela o docente. Rodrigo que é terapeuta e certificado em musicoterapia conta que os benefícios são diversos e variam de acordo com a situação enfrentada pelo paciente. “Os benefícios são diversos porque dependem de cada caso. Vão desde diminuir a ansiedade, a possibilidade de ressignificar acontecimentos que geraram traumas. Às vezes a pessoa passa por momentos muitos difíceis e aquilo marca muito, como uma situação de bullying, abuso sofrido na infância, convivência ruim na faculdade, insônia, crise de pânico. Temos visto com o acompanhamento a melhora nesses quadros”, detalha. Rodrigo afirma que não há contraindicações para o tratamento. Pode ser oferecido para pacientes com comorbidades ou que estejam passando por sofrimento temporário. Além de atender estudantes da universidade, Rodrigo também realiza este tipo de terapia de forma individualizada, em consultório. “Nesse momento a musicoterapia tem sido destinada a estudantes da Uncisal. Sou docente de lá e da equipe de saúde mental do Núcleo de Apoio Psicopedagógico e Social (Naps). A demanda é muito grande e, embora muita gente diz que faz, a musicoterapia só pode ser feita com um profissional habilitado e exige um curso de graduação ou pós na área, precisa ter o aval da União Brasileira de Musicoterapia. É indicada para qualquer tipo de pessoa, tanto para os que estão com alguma doença ou os que estão num momento de sofrimento, desde que não tenha dificuldade com som, em caso de hipersensibilidade”, aponta. Na Uncisal o tratamento está sendo ofertado apenas para estudantes, cada sessão dura 40 minutos e ocorre de forma virtual. “Por conta da pandemia o atendimento tem sido de modo virtual e em grupo, mas há atendimentos feitos de forma individual também. Mas cessando a pandemia nós voltamos ao atendimento presencial”, finaliza.