Saúde

Famílias cobram vacina para adolescentes com comorbidades em Alagoas

Anvisa autorizou no início do mês aplicação a partir de 12 anos, mas falta liberação do Ministério da Saúde

Por Tribuna Independente com Evellyn Pimentel 29/06/2021 10h52
Famílias cobram vacina para adolescentes com comorbidades em Alagoas
Reprodução - Foto: Assessoria
Familiares de adolescentes alagoanos com diabetes apelam para que o grupo seja incluído como prioritário na vacinação. No país, a vacinação só é autorizada pelo Ministério da Saúde a partir dos 18 anos, mesmo no público com comorbidades. Para as famílias, a espera tem sido angustiante e a saída é lutar pelos direitos. “Precisamos dessa resposta, porque apesar dela ser menor de 18 ela tem comorbidade, e se a comorbidade é um fator de risco, a Covid-19 afeta do mesmo jeito. Eu saio para trabalhar todos os dias e é um risco, minha filha não está coberta. Se já é arriscado para quem não tem comorbidade, imagine para quem tem. Eu já consegui tomar vacina, mas ela não”, relata Simone Alves de Lima Luna, 44 anos, mãe de uma menina de 14 anos com diabetes. Simone compõe a associação chamada Diabeticando, que reúne responsáveis por crianças com diabetes. Ela conta que a indefinição sobre o assunto tem deixado as famílias aflitas. “Eu fiquei numa tristeza muito grande, preferia que fosse ela, não tive alegria em me vacinar, porque a minha prioridade seria ela, eu poderia estar feliz hoje porque tomei, mas sei que ela e outras crianças com comorbidades também precisam. Eu fiquei mais angustiada ainda, foram três vezes mais. Porque na minha casa eu e meu esposo fomos vacinados, mas a nossa filha não, para mim, foi muito difícil, muita tristeza. Eu falo isso não só pela minha filha, mas pelos outros que também, precisam”, conta. Ainda segundo a mãe da menina Sanny de Alves Luna, de 14 anos, ter sido vacinada e a filha não gerou um mal em toda a família. “Eu notei que ela ficou triste por não ter conseguido, ficou feliz por mim e triste por ela. Precisamos lutar pelos nossos direitos, ir para rua sem incomodar a vida de ninguém, procurar secretário, os órgãos competentes, os responsáveis para que possa ser atendido o nosso pedido. Eu quero lutar pela minha filha, quero uma luta justa”, acrescenta a mãe. LUTA POR DIREITOS Rejane Lins tem uma filha com diabetes tipo 1 e conta que há uma expectativa muito grande das famílias para que a vacinação aconteça. “Tenho uma filha de 14 anos que foi diagnosticada com Diabete tipo 1 desde 1 ano e oito meses. E desde o início da pandemia nós vivemos sobressaltados porque mesmo com as evidências de que as crianças e adolescentes foram menos afetadas a comorbidade está aí. Toda vez que aprece uma nova vriante a gente fica mais sobressaltado. Desde o dia 11 de junho a Anvisa liberou a vacinação a partir de 12 anos e nós ficamos na expectativa de que as crianças, principalmente as com comorbidades, seriam convocadas para a vacinação, mas até agora nenhum órgão público se posicionou”, diz. Rejane questiona a indefinição. Para ela é preciso que os órgãos de saúde se posicionem e sigam os critérios estabelecidos nas primeiras definições de prioridade, isto é, incluam pessoas com comorbidades independente da idade no esquema de vacinação. “Ora, partindo do princípio que pessoas com comorbidades tiveram prioridade na vacinação e que agora houve a liberação para vacinar a partir dos 12 anos, porque não realizar a imunização?”, indaga a mãe. REGULAMENTAÇÃO No início de junho, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou a vacina da Pfizer a partir dos 12 anos. A partir dessa decisão a bula da vacina indica a faixa etária liberada para aplicação no país. No entanto, para chegar até os adolescentes é preciso que o Ministério da Saúde autorize a aplicação do imunizante. A decisão depende de análises internas das câmaras técnicas do órgão e não há prazo para que haja a definição. Em Minas Gerais, o governo chegou a iniciar a vacinação nessa faixa etária, mas a iniciativa foi suspensa após determinação por não atender os critérios do Programa Nacional de Imunização (PNI). Procurada, a Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas (Sesau) informou que a inclusão de novos grupos precisa seguir o preconizado no Plano Nacional de Imunização e que depende de uma sinalização do Ministério da Saúde para tal.