Saúde

Hospitais particulares temem escassez de remédios

Distribuidoras estariam centralizando medicações ao MS; não há informações sobre quando novas remessas devem chegar

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 25/03/2021 08h41
Hospitais particulares temem escassez de remédios
Reprodução - Foto: Assessoria
Hospitais particulares de Maceió temem a falta de medicações para tratamentos intensivos de pacientes, como kits para intubação. A preocupação foi um dos motivos para o Hospital Veredas anunciar a suspensão de cirurgias eletivas. Segundo a Santa Casa de Misericórdia de Maceió tem havido dificuldade desde o início da semana em repor estoques. De acordo com nota oficial divulgada na terça-feira (23) pelo Hospital Veredas, há uma “crise de medicamentos” em curso. O hospital classificou a situação como uma “falta generalizada” entre as medicações necessárias ao tratamento dos pacientes com Covid-19. “Comunicamos que a partir das 7h de amanhã, dia 24/3, as cirurgias eletivas serão suspensas, por período indeterminado, para os pacientes SUS, convênios e particulares. Esta medida, tomada em caráter extraordinário, deve-se ao propósito de enfrentar o agravamento da indisponibilidade dos leitos de enfermaria e UTI para acolhimento de pacientes Covid-19, além de permitir que nossa equipe de profissionais da saúde, e demais colaboradores, possa se concentrar, de maneira mais eficaz, no gerenciamento relativo a crise dos medicamentos, especialmente àqueles voltados ao kit intubação como relaxantes e anestésicos que, neste momento, estão em falta praticamente generalizada.” O diretor médico da Santa Casa de Misericórdia de Maceió Arthur Gomes Neto explicou que os fornecedores não têm atendido aos pedidos de reposição de estoques, por haver uma centralização deste tipo de insumo ao Ministério da Saúde (MS). “Há um risco grande, palpável, em relação à escassez de medicamentos não somente relaxantes musculares, mas sedativos, material para intubação porque todo esse material, além da falta foi confiscado pelo governo Federal. O Governo tem o poder de confiscar, tem poder para isso, mas os hospitais privados têm pessoas também, brasileiros internados, que ficam esperando que haja uma decisão do presidente da República ou do Governo Federal de uma proposta de reabastecimento dos hospitais”, detalha. Ainda segundo o médico, não é possível precisar até quando durará os estoques atuais de medicamentos nos hospitais particulares do estado. “Cada hospital tem seu próprio estoque. Ninguém fala de estoque nesse momento, mas a gente está preocupado. Cada um tem sua quantidade e em algum momento, se não houver o reabastecimento, vai faltar para todos”, expõe. Desde o início da semana os hospitais vêm apresentando dificuldades com o estoques. A reportagem chegou a entrar em contato com outros hospitais da capital, mas não houve retorno sobre a situação. “Isso ocorreu esta semana, está faltando e quando vamos buscar nos fornecedores que normalmente fornecem tivemos a notícia de desabastecimento porque não tem mais condições de manter porque todo o estoque está a disposição do Governo Federal. Hoje [ontem] teve reunião em Brasília com os governadores e o Governo Federal sobre essa possibilidade de desabastecimento e acredito que teremos alguma novidade. A distribuição passou a ser do Governo, eles não vão impedir de receber, mas vão controlar a distribuição com certeza”. No ano passado, na primeira onda, as medicações chegaram a níveis críticos, inclusive a rede pública chegou a ofertar medicamentos à rede privada no estado. A preocupação desta vez é que a crise se estenda por tempo indeterminado e a escassez se prolongue. “Na primeira onda da Covid houve desabastecimento não só no setor privado, mas no público também. Recebemos algumas amostras do Governo do Estado, precisamos pedir em algum momento. Mas aí houve redução de casos e conseguimos estabilizar”, diz o médico.