Saúde

Alagoas registra 832 novos casos de HIV

Números foram contabilizados em 2019 pela Sesau, que também notificou mais 311 portadores de Aids no Estado

Por Lucas França com Tribuna Independente 04/03/2020 09h09
Alagoas registra 832 novos casos de HIV
Reprodução - Foto: Assessoria
De acordo com dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), em Alagoas foram diagnosticados 832 novos casos de HIV e 311 de Aids em 2019. Naquele ano, a taxa de detecção de Aids foi de 13,4%  a cada 100.000 habitantes. Ainda de acordo com o órgão, nos últimos três anos o estado registra aumento percentual nos casos de HIV. Do total de 4.004 casos notificados no período de 2014 a 2019, de HIV, o ano de 2016 corresponde a um percentual de 16,1%. Já os anos seguintes registraram aumento no percentual de casos. Em 2017, eram 815 (20,4%), 2018, 849 (21,2%) e 2019, 832 (20,8%). A Sesau esclarece que os casos de infecção pelo HIV estão sendo notificados a partir da Portaria 1.271 de 6 de Junho de 2014 do Ministério da Saúde (MS). Antes dessa portaria só eram notificados os casos de Aids.  No estado, de 1986 até o final do ano passado, são 7.269 registros da Aids. De 2014 até 2019 foi contabilizado um total de 4.887 indivíduos com Aids. A Sesau explica que os primeiros cinco anos da implementação da notificação compulsória da infecção pelo HIV serão utilizadas para monitoramento da vigilância da infecção, razão pela qual não são possíveis taxas de incidência para o HIV, sendo realizadas no momento taxas para os casos de Aids. De acordo com a secretaria estadual, a área técnica do Programa Estadual IST/Aids realiza  ações para evitar que novos casos sujam. Entre eles estão à distribuição de preservativos masculino e feminino para os 102 municípios de forma regular; distribuição de Testes Rápidos de HIV, Sífilis e Hepatites B/C; confecções e distribuição de materiais educativos (folders, cartazes, dispenser, campanha de mídia); Profilaxia Pós Exposição (PEP); Profilaxia Pré Exposição (PrEP); Profilaxia da Transmissão vertical do HIV (mãe e filho). A coordenadora do Programa de Combate às IST’s, Sheila dos Anjos, ressalta que em Maceió possui três serviços especializados para atendimento e acompanhamento dos pacientes infectados. “Tem um serviço em Arapiraca que atende os seus munícipes e outro em Palmeira dos Índios que atende pacientes da região de saúde. Os municípios da região trabalham em parceria com as referências ajudando com os transportes, ações de promoção e acompanhamento de outras patologias que estes pacientes possam ter (por exemplo: hipertensão arterial, diabetes, entre outras)’’. BRASIL De acordo com o último Boletim Epidemiológico do MS, publicado no fim de 2019, o país tinha registrado 43.941 novos casos de HIV e 37.161 casos de Aids. Desde 2013, o Brasil universalizou o tratamento de HIV para todos os portadores do vírus. A partir daí, houve uma diminuição nos casos de desenvolvimento da doença em pessoas infectadas. Entre 2012 e 2018, os casos de Aids apresentaram uma queda de 16,8%. Dos casos de infecção pelo HIV registrados em 2018, ano do último levantamento, a região Sudeste do país aparece em primeiro lugar, com 37,7% das notificações. Em último, está o Centro-Oeste, com apenas 8,2% dos casos. Nordeste, Sul e Norte representam 24%, 17% e 11% dos registros do ano, respectivamente. Em relação às faixas etárias, a maior parte dos casos de HIV se concentra nas pessoas com idade de 20 a 34 anos, que representam 52,7% dos registros. DIFERENÇA HIV é o vírus que pode ser contraído durante uma relação sexual sem proteção. A Aids, por sua vez, é causada pelo vírus HIV, que ataca as células responsáveis pela defesa do organismo. Dados apontam que homens são maioria dos infectados no ano passado [caption id="attachment_352818" align="alignleft" width="487"] Prefeitura de Maceió destaca que distribui 350 mil preservativos por mês nas unidades de saúde (Foto: Adailson Calheiros)[/caption] Só na capital alagoana, segundo levantamento da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), no ano passado foram registrados 124 novos casos de Aids em homens e 38 em mulheres, totalizando 162. Já com relação ao HIV, os homens apresentaram 308 novos casos e as mulheres 132, totalizando 440. A Vigilância Epidemiológica da SMS informa que trabalha com os dados da série histórica que vão de 2007 a 2019. Neste período, 2.860 pessoas foram diagnosticadas com Aids em Maceió, 1.895 homens e 965 mulheres. Com relação ao HIV, foram diagnosticados 2.506, sendo 1.633 homens e 873 mulheres. AÇÕES A SMS ressalta que realiza diversas ações ao longo do ano, visando a promoção, prevenção e diagnóstico precoce das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST’S), seja nas unidades de saúde, escolas, associações, empresas, eventos e outras situações, distribuídos por toda a cidade. Além da distribuição dos preservativos nas unidades de saúde, ainda são realizados testes rápidos, orientação, aconselhamento, palestras e seminários voltados para usuários e capacitação dos profissionais, segundo o órgão. “O município conta ainda com o bloco I, localizado no PAM Salgadinho, que tem o serviço de referência para as IST’s, com uma equipe multiprofissional voltada para o atendimento e tratamento dos usuários’’. Ainda de acordo com informações passadas pela secretaria, são distribuídos 350 mil preservativos por mês nas unidades de saúde de Maceió. INFECTOLOGISTA

Para o infectologista Fernando Andrade, apesar da redução nos casos de Aids, ele acredita que as pessoas estão perdendo o medo de contrair a doença. “Infelizmente, as pessoas estão perdendo o medo. O sucesso do tratamento, que permite uma expectativa de vida dos pacientes com AIDS igual à de quem não tem HIV, está fazendo muitas pessoas acreditarem que já existe cura, mas não há. O tratamento é supressivo, quer dizer, controla a doença, mas não a cura. Muitas pessoas estão deixando a prevenção de lado, estão usando menos preservativo, trocando mais frequentemente de parceiro sexual, tendo mais parceiros”, ressalta o infectologista.

Andrade diz que a doença praticamente sumiu da mídia, o que para ele leva muita gente a pensar que a AIDS não existe mais ou que há cura. "Precisamos ainda falar muito sobre isso. Temos muitos casos novos em todas as faixas etárias, desde adolescentes até idosos''.

Ainda segundo Andrade, algumas pessoas acreditam também que a Profilaxia Pós-Exposição (PEP) resolve tudo. “A PEP é para ser usada em casos excepcionais, não para ser usada rotineiramente”, explica.

De acordo com o infectologista, com o tratamento atual, os pacientes não desenvolvem a doença, mas, quem não toma os medicamentos começa a manifestar a doença entre cinco e 10 anos.