Saúde

Cresce consumo de álcool entre mulheres

Seguindo tendência nacional, Alagoas registra aumento de casos em torno de 19% entre 2017 e 2018 de dependentes femininos

Por Texto: Wellington Santos com Ministério da Saúde com Tribuna Independente 28/09/2019 08h29
Cresce consumo de álcool entre mulheres
Reprodução - Foto: Assessoria
Dados inéditos do Ministério da Saúde apontam que 17,9% da população adulta no Brasil fazem uso abusivo de bebida alcoólica. O percentual é 14,7% a mais do que o registrado no país em 2006 (15,6%). Mesmo com o percentual menor, as mulheres (11%) apresentaram maior crescimento em relação aos homens (26%), no período de 2006 a 2018. Em 2006, o percentual entre as mulheres era de 7,7% e entre os homens, 24,8%. Os dados são da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), de 2018, divulgados recentemente durante Reunião da Comissão Intergestores Tripartite (CIT), em Brasília (DF). A pesquisa apontou ainda que o uso abusivo entre os homens é mais frequente na faixa etária de 25 a 34 anos, 34,2% e entre as mulheres nas idades de 18 a 24 anos (18%). O menor percentual entre os homens e mulheres, foram observados em pessoas com 65 anos e mais, sendo, 7,2% entre homens e 2% em mulheres. O percentual de consumo abusivo entre os brasileiros tende a diminuir com o avanço da idade, em ambos os sexos. De acordo com a pesquisa ainda, o consumo abusivo de álcool entre as mulheres teve um aumento significativo, em decorrência da mudança de comportamento. Elas estão mais presentes no mercado de trabalho e com uma vida social mais ativa.  “A estratégia do Ministério da Saúde para reduzir esse aumento expressivo é melhorar a informação. Trabalhar a informação sobre os malefícios do álcool, explicar sobre o consumo regular e social mais sustentável. Entendemos que precisamos intensificar ainda mais a informação não só para esse grupo, mas para toda a população”, ressaltou o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson Oliveira. Já em Alagoas, segundo números fornecidos pela Secretaria de Estado de Prevenção à Violência (Seprev) - que tem convênio com comunidades  acolhedoras que recebem dependentes químicos - em 2017 foram internadas 153 mulheres adultas e 89 adolescentes femininos, perfazendo um total de 242 pacientes  femininos dependentes de álcool. Já em 2018, esse número saltou  para 254 mulheres internadas, sendo 183 adultas e 71 adolescentes. Isso representa um salto de 19,6% entre os anos de 2017 e 2018 de mulheres internadas nessas instituições por dependência de álcool. “O crescimento de internações de homens no mesmo período teve um crescimento menor, de apenas 4,6% em relação ao de mulheres”, informou a assessoria de Comunicação da Seprev. Efeito das bebidas é mais forte no sexo feminino, revela estudo A faixa etária que mais representa o aumento no consumo abusivo vai dos 18 aos 24 anos; corpo feminino metaboliza o álcool de forma diferente do masculino. Entre 2006 e 2018, o órgão registrou um aumento de 42,9% no consumo abusivo de bebidas alcoólicas entre as mulheres, conforme a pesquisa Vigitel 2018, passando de 7,7% (2006) para 11% (2018). Isso significa um crescimento significativo entre as mulheres que afirmam beber quatro doses ou mais a cada saída. Para fins de comparação, a dose máxima de bebida alcoólica para o organismo feminino estima o consumo de 30 g, número que representa uma lata de cerveja, 100 mL de vinho ou 30 mL de bebidas destiladas. O que poucas mulheres sabem, porém, é que o corpo delas metaboliza o álcool de forma diferente do corpo masculino, e a tolerância ao álcool chega a ser a metade da dos homens. Por isso que as mulheres tendem a ficar bêbadas mais rapidamente que os homens. Tentar acompanhar um colega na competição de bebidas com certeza será mais danoso ao corpo dela. “O organismo da mulher tolera muito menos álcool que o masculino. Para produzir danos, como a cirrose, a taxa de álcool necessária é de 50% em relação aos homens. A quantidade, em cerveja, para fazer cirrose, é de sete a 10 latas por semana, o que é pouco. É muito importante esse novo dado [do Ministério da Saúde] para alertar que a mulher não tolera muito álcool, e isso independe da tolerância psicológica. Não estamos falando de dependência, mas de abuso”, explica Daphne Benatti Morsoletto, médica gastroenterologista, com ênfase em hepatologia e transplante hepático e professora da Universidade Positivo, em Curitiba. Dos riscos à saúde que o consumo abusivo de álcool predispõe, a especialista lista: Pancreatite crônica; cirrose; Distúrbios psiquiátricos e até suicídio; Doenças cardiovasculares. “Quando há um período de abuso de bebidas alcoólicas e surge uma doença, é preciso que a paciente tenha uma abstinência absoluta e permanente. É muito difícil o retorno a um uso social da bebida alcoólica. Muitas vezes, a busca pela bebida alcoólica vem para bloquear um problema psicológico, como uma depressão. É preciso investigar por que há esse consumo abusivo”, reforça a médica.