Saúde

Medo de envelhecer? Pesquisa revela como idosos encaram o avanço da idade

Levantamento realizado em 10 capitais, com homens e mulheres acima de 55 anos, mostra que 63% deles pensam no assunto e mais da metade não se sentem velhos

Por Assessoria 27/10/2017 08h50
Medo de envelhecer? Pesquisa revela como idosos encaram o avanço da idade
Reprodução - Foto: Assessoria

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expectativa média de vida do brasileiro é de 77 anos. De 1940 a 2020 a expectativa média de vida terá aumentado em 167%. Isso porque, seguindo a tendência mundial de redução das taxas de natalidade e número de óbitos, a idade média do brasileiro passou de 45,5 anos, em 1940, para 78 anos, em 2020 (IBGE).

Fomentada pelo desenvolvimento econômico e por avanços tecnológicos, tanto na medicina quanto no saneamento básico, essa transição demográfica aumentou a expectativa de vida da população e vem redefinindo o significado de “terceira idade”. Mais ativos do que nunca, homens e mulheres com mais de 55 anos não só vivem mais, como vivem melhor. É o que aponta a pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) – São Paulo, em parceria com a Bayer.

De acordo com o estudo, o envelhecimento está na pauta do público acima dos 55 anos – 63% deles pensa a respeito disso.  E, quando questionados sobre como se sentem em relação ao passar dos anos, 32% afirmam estar bem com a situação. A velhice assusta apenas 14% dos entrevistados. Outro dado interessante trata da percepção que esse público tem de si mesmo, mais da metade (54%) não se sente velho. Quando o assunto é expectativa para o futuro, curtir a família e os netos (27%) foi a resposta mais citada.

“Ainda é comum os olhos da sociedade se voltarem para a velhice com preconceitos e rótulos que não representam mais esta parcela de nossa população. Mesmo que o envelhecimento faça parte de um processo natural do ser humano, que tem início desde o nascimento, ele ainda é acompanhado por estigmas que precisam ser quebrados”, afirma a Dra.Maisa Kairalla, Presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia - São Paulo.

Economicamente ativos e socialmente engajados, esse público anseia por um envelhecimento mais saudável e melhor qualidade de vida. Para isso, visitam o médico (24%), se alimentam de maneira adequada (23%) e praticam exercícios regularmente (17%).As boas práticas não se limitam ao plano físico, a saúde mental também é observada: 76% dos entrevistados leem ou praticam alguma atividade que desafie o cérebro. Além disso, 64% frequentam eventos sociais semanalmente. Apesar de 62% ter alguma doença crônica e 65% fazer uso de medicamentos, 64% se consideram saudáveis.

Algumas questões, no entanto, afligem os mais maduros. A solidão (29%) é a principal delas, seguida da incapacidade de enxergar ou se locomover (21%) e do desenvolvimento de doenças graves (18%).“Levando em consideração que a população idosa brasileira triplicará até 2050, chegando a mais de 66 milhões de pessoas, segundo o IBGE, é fundamental ter atenção quando o assunto é o envelhecimento ativo e saudável. O idoso precisa ser autônomo, independente e praticar atividades que tragam propósito ao seu dia-a-dia”, finaliza a Dra. Maisa.

A pesquisa foi realizada em 10 capitais brasileiras (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Brasília, Goiânia, Salvador, Recife e Belém), com dois mil homens e mulheres, na faixa etária acima dos 55 anos.

Envelhecimento ativo e saudável

Tal mudança na estrutura populacional do país, além de ser causada pelos novos hábitos comportamentais, é proporcionada pela prevenção de doenças crônicas como a obesidade, hipertensão e diabetes. Além disso, avanços da medicina em relação ao controle da saúde por meio de drogas mais efetivas e procedimentos inovadores, possibilitam manter a qualidade de vida nesta faixa etária.

As atividades mais frequentemente citadas para alcançar o envelhecimento saudável foram:

·         Visita ao médico com frequência:

- 37% uma vez por ano e 51% mais de uma vez por ano.

·         Prática semanal de exercícios físicos:

- 38% uma a duas vezes, 22% três a quatro vezes e 12% mais que quatro vezes.

- 36% tem matrícula em academia.

·         Alimentação saudável:

- 68% dos entrevistados se alimenta de maneira saudável

“A pessoa que ao longo de seu curso de vida toma medidas para prevenir doenças crônicas terá sem dúvida um melhor envelhecer. Terá acumulado o capital de saúde tão importante para a qualidade de vida na medida em que envelhecemos. Quanto mais cedo começar a tomá-las, melhor - mas nunca é tarde demais. No entanto,  o processo de envelhecimento muitas vezes é acompanhado de enfermidades. Diferentemente do que acontecia há 20, 30 anos, métodos de diagnóstico precoce e tratamentos adequados fazem então toda diferença. Um diagnóstico de diabetes não é mais sinônimo de cegueira ou de insuficiência renal - desde que as intervenções sejam disponibilizadas a este paciente a tempo, com a segurança que o conhecimento médico hoje permite”, comenta o Presidente do Centro Internacional da Longevidade Brasil, Alexandre Kalache.

Em um passado não muito distante, chegar à terceira idade era motivo de preocupação para muitas pessoas, mas essa perspectiva tem mudado positivamente e, chegar à maturidade aos 50, 60, 70, 80 anos ou mais, tem sido uma prova de que a terceira idade tornou-se o começo de um novo ciclo cheio de descobertas e aprendizado.