Saúde

Ortopedista do Hospital Geral do Estado alerta para perigo dos tênis de rodinhas

Calçado aumenta os riscos de tombos, entorses e fraturas em crianças

Por Agência Alagoas 24/06/2017 19h43
Ortopedista do Hospital Geral do Estado alerta para perigo dos tênis de rodinhas
Reprodução - Foto: Assessoria

Lançado nos Estados Unidos e muito difundido na Europa, o tênis com rodinhas vem fazendo o maior sucesso no Brasil, principalmente nós pés da criançada alagoana, na faixa etária inferior aos oito anos de idade.

No entanto, o calçado-brinquedo pode trazer riscos para a saúde dos pequenos e requer alguns cuidados para evitar lesões, a exemplo de tendinites ou machucados relacionados a quedas, segundo alerta o ortopedista do Hospital Geral do Estado (HGE), Fernando Bastos.

(Foto: Carla Cleto / Agência Alagoas)

Apesar de o calçado da moda não comprometer desenvolvimento da criança, é necessário que os pais tomem alguns cuidados, segundo orienta o médico. Ele faz questão de lembrar que o uso do tênis com rodinhas oferece os mesmos riscos que a bicicleta e o skate e, por este motivo, necessita, portanto, dos mesmos cuidados.

“O tênis de rodinha afeta o andar da criança e a forma dela se comportar. Isso porque, além das lesões, ela fica habituada com aquela posição do antepé elevada e o calcanhar sempre ao chão. No entanto, os pais precisam ficar atentos, pois mesmo sendo mais fácil frear do que os patins – bastando jogar o peso do corpo para as partes dianteiras dos pés – as entorses no tornozelo, os tombos e possíveis fraturas nos membros inferiores podem ocorrer”, alerta o especialista.

Troca

No caso de Ricardo Cleto, pai da pequena Manuela, de 6 anos, o uso do calçado foi vetado. Ele enfrentou uma árdua batalha, mas conseguiu persuadir a filha a trocar o tênis de rodinha pelo de led. No início, segundo ele, a filha ficou brava, mas, depois, aceitou o presente de uma maneira pacífica.

(Foto: Carla Cleto / Agência Alagoas)

Ricardo Cleto conta que descobriu os riscos que o calçado pode trazer ao assistir uma reportagem. “Foi difícil convencê-la; ela usou de todos os argumentos”, contou ele, ao enfatizar: “Acredito que todos os pais deviam entender que esse calçado não deve ser usado”, pontuou.

Brincadeira de criança

Deslizar com o tênis de rodinha no solado virou mania para Mariana Gomes, de 5 anos, que ganhou o calçado da tia, no Dia das Crianças, em outubro passado. A pequena conta que, no começo, foi difícil. “Eu não conseguia ficar em pé sozinha e hoje consigo andar melhor. É divertido e muito legal”, contou, timidamente.

Mas, antes que o presente fosse entregue, foi preciso verificar as principais marcas vendidas. “Fizemos uma pesquisa minuciosa das marcas que têm a fama de produzir calçados saudáveis e de qualidade”, disse Marina Dória, mãe da criança.

De acordo com ela, a filha só desliza o tênis de rodinha sob sua supervisão. “Limito a utilização em breves intervalos de tempo, em espaços lisos e não escorregadios, como parques, corredores dos shoppings e aqui no prédio, principalmente”, contou Marina, acrescentando que ao se cansar da brincadeira, a filha remove as rodinhas e caminha normalmente.

Cuidados

O médico Fernando Bastos defende que é preferível dar um par de patins à criança e ensiná-la a usar de forma adequada e segura do que embarcar na moda que pode vir a ser prejudicial à saúde. “Como todo brinquedo que exige equilíbrio e desenvolve velocidade, tal como o skate, o patinete e a bicicleta, o ideal seria o uso de proteção na cabeça, no cotovelo e no joelho”, aconselha.

Segundo o especialista, crianças abaixo de sete anos são as que mais gostam da novidade, o que é mais preocupante, porque elas têm a estrutura óssea mais frágil. “Períodos muito longos poderão sobrecarregar a musculatura da panturrilha”, orienta.

Outra preocupação é prestar atenção ao piso, pois, quanto mais liso e escorregadio, maior será a velocidade que o pequeno poderá alcançar. Por outro lado, rachaduras nas calçadas, pedras, objetos e desníveis significam grandes riscos de tombos. “E jamais permitam que seus filhos andem com eles no meio da rua”, recomendou o médico do HGE.