Saúde

Mesmo sem casos de febre amarela em AL, procura por vacina sobe 400% em Maceió

Possibilidade de doença chegar a Alagoas preocupa população; Sesau recomenda cautela

Por Tribuna Independente 09/02/2017 09h15
Mesmo sem casos de febre amarela em AL, procura por vacina sobe 400% em Maceió
Reprodução - Foto: Assessoria

Uma verdadeira corrida por vacinas tem sido registrada em Alagoas nestas primeiras semanas do ano.  No mês de janeiro, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) contabilizou 3.500 imunizações apenas nas unidades de saúde em Maceió. O número representa um aumento de 400% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foi registrada uma média de 700 casos.  

Em clínicas particulares especializadas em vacinas, a demanda também tem sido intensa. Duas unidades da parte baixa da capital informaram não ter vacinas em estoque. Mas na tabela de preços, uma dose pode custar até R$ 160,00.

“Anteriormente, a gente não estava comprando porque a procura era muito baixa. Vieram as mortes e os casos cresceram, aí muita gente começou a vir. A cada duas ligações, uma é procurando a vacina. Recebemos uma média de 15 pessoas por dia aqui”, explicou Ely Cristiana, enfermeira de uma clínica especializada no bairro de Mangabeiras.

Segundo a enfermeira, apesar de possuir autorização da Vigilância Sanitária, a clínica ainda não realizou imunizações por falta de reservas dos distribuidores.

“Ninguém tem essa vacina. Procuramos em todo o País, mas têm clínicas em outros estados comprando lotes com oito mil doses. A demanda foi muito alta e venderam tudo que tinham. Quando tem esse surto, a procura é muito grande. Queríamos umas 200 doses, mas até agora nada. Há três meses que esperamos”, afirmou.

A unidade pública de saúde João Paulo II, no Jacintinho, realizava a imunização até a semana passada, quando acabaram os estoques. Maria de Fátima da Silva, de 48 anos, procurou as vacinas para o cunhado e a irmã, que iam viajar para Curitiba-PR, mas não conseguiu por lá.

“Vim aqui, mas já não tinha mais. Meu cunhado tem 65 anos e minha irmã tem 60. Eles vão para Curitiba e precisavam da vacina, mas aí acabou e não estão mais aplicando aqui”.

Uma funcionária da unidade que preferiu não se identificar informou que a procura pela vacina era muito intensa nos primeiros dias do ano. Segundo ela, muitas pessoas foram vacinadas sem comprovação de viagem.

“As doses eram poucas para a procura que era alta. As pessoas estavam sendo vacinadas mesmo sem os critérios. Chegavam 100 doses e não davam para um dia. Tinha confusão. Depois que paramos de vacinar, alguns funcionários foram ameaçados”.

Registros da doença no Estado foram descartados

A Sesau descartou os dois possíveis casos de febre amarela em Alagoas. As notificações surgiram após dois pacientes, que vieram da Bahia, apresentarem sintomas correlatos. Casos de animais mortos também não tiveram comprovação da doença.

De acordo com a Sesau, com a adoção do protocolo padrão, o Ministério da Saúde foi informado e incluiu Alagoas na lista de casos em investigação. No entanto, os pacientes já passaram por avaliações clínicas que descartaram a doença. “Os testes laboratoriais irão confirmar que não há risco para os pacientes.”

Daniele Castanha, da gerência de vigilância e controle de doenças da Sesau, explicou que o órgão tem adotado todas as medidas de vigilância, mesmo não havendo circulação viral. Sobre os casos de primatas não humanos mortos no interior, ela afirmou que foi desconsiderada a hipótese de febre amarela.

“Moradores de uma região de seca, no interior, relataram que os macacos estavam debilitados. Em outra região, os animais beberam água de um poço contaminado. Houve a coleta da água que foi levada para análise. Como medidas de vigilância, isso é comum mediante casos suspeitos. Mas todos já foram avaliados e descartados”, informou Daniele Castanha.

Apesar de tranquilizar a população, o órgão continua em ritmo de vigilância e alerta contra a possibilidade de o vírus se instalar no estado.

“Precisamos de uma confirmação da doença, de que alguém contraiu aqui e que não houve circulação para nenhuma região endêmica. Caso isso aconteça, é que Alagoas passa a ser considerada atingida”, reforça Castanha.