Saúde
Catarata atrapalha o sono, afirma pesquisa
Estudo revela que cirurgia de catarata melhora qualidade do sono e auxilia no combate de comorbidades associadas à dificuldade para dormir
A falta de sono conforme envelhecemos não é um mito, é verdade. Um estudo dinamarquês publicado na revista Ophthalmology da AAO (Academia Americana de Oftalmologia) mostra que a cirurgia de catarata melhora a qualidade do sono, além de combater a sonolência diurna que aumenta o risco de acidentes e quedas comuns em quem tem a doença.
O oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier em Campinas afirma que a melhora do humor e autoestima é visível em pacientes que já passaram pela cirurgia. Para ele, a pesquisa explica a ascensão dos distúrbios do sono no mundo estimados em 40% pela OMS (Organização Mundial da Saúde). Isso porque, a maior causa da catarata, doença que torna o cristalino do olho opaco, é o envelhecimento. No Brasil, comenta, 23% das pessoas diagnosticadas com catarata não passaram pela cirurgia, única forma de tratamento, por acreditarem ser desnecessário, segundo a mais recente pesquisa sobre o assunto, divulgada no ano passado pelo IBGE. O especialista adverte que adiar a cirurgia torna o procedimento menos seguro e aumenta o risco de outros problemas de saúde relacionados à dificuldade para dormir: hipertensão, diabetes, sobrepeso e colesterol alto.
Efeitos da luz após a cirurgia
O estudo foi realizado com 73 participantes, sendo 41 mulheres e 35 homens com idade de 50 a 94 anos, todos portadores de catarata senil. Aponta um aumento de até 3 vezes na absorção de luz azul pelas células ganglionares da retina após a cirurgia.
Queiroz Neto, explica que por contraditório que possa parecer a luz azul é responsável por nosso estado de vigília, mas é ela também que melhora a qualidade do sono após a cirurgia de catarata. Isso porque, a substituição do cristalino opaco por uma lente transparente permite às células ganglionares da retina aumentarem a produção de melanopsina, um pigmento que regula e o nosso "relógio biológico", naturalmente controlado pela exposição à luz.
Perigo dos eletrônicos
O oftalmologista adverte que este relógio biológico pode sofrer um pane nos viciados em redes sociais que permanecem conectados durante a noite. Isso porque, a melatonina, hormônio indutor do sono só é produzida em ambientes escuros e as telas dos eletrônicos continuam emitindo a luz azul predominante durante o dia.
As dicas de Queiroz Neto para sincronizar o relógio biológico são:
Escurecer ao máximo o quarto antes de dormir para estimular a produção de melatonina que reduz o cortisol e adrenalina. Evitar computadores e outros dispositivos eletrônicos no horário de dormir. Incluir na alimentação laticínios, nozes, gergelim e tofu que contém triptofano, precursor da melatonina. Praticar exercícios físicos diariamente. Evitar alimentos ricos em cafeína que elevam o stress e alimentos gordurosos, especialmente à noite. Usar óculos, monitor com filtro ou baixar o aplicativo f.lux que elimina a luz azul das telas.Mais lidas
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